sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo.



Feliz Ano Novo.










Feliz Ano Novo.





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Exposição «Sem-Abrigo», nos Restauradores. Imagens de Rafael Santos.

Grande Cidadania Lx!

Exma. Senhora Ministra da Cultura,
Dra. Gabriela Canavilhas
Exmo. Senhor Director do IGESPAR,
Dr. Gonçalo Couceiro
Exmo. Senhor Director Regional de Cultura,
Dr. João Soalheiro


Tomámos conhecimento da prorrogação do prazo para conclusão dos procedimentos relativos à classificação de bens imóveis em curso (Despacho n.º 19338/2010. D.R. n.º 252, Série II de 2010-12-30), facto que nos parece correctissímo, pelo que fazemos votos para que sejam finalizados muitos dos respectivos processos.

No entanto, apresentamos o nosso protesto pela enorme injustiça e a possibilidade que abre de perda desse património para Lisboa, a não inclusão no referido Despacho de imóveis como:

- Cinema Odéon (exemplo único e intacto de uma sala de espectáculos Art Déco, cuja importância releva de várias opiniões, vide a do Prof. Arq. José Manuel Fernandes; e cuja estabilidade estrutural foi assegurada pelo Prof. Eng. João Appleton, referência nacional enquanto especialista em estruturas);
- Edifícios de rendimento de Cândido Sottomayor (Avenida Duque de Loulé);
- Edifício do Grémio Literário (Rua Ivens);
- Salão Nobre do Conservatório Nacional.

Voltamos, pois, a solicitar a melhor atenção de Vossa Excelências para a necessidade de reabrirem e finalizarem so respectivos processos de classificação.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho e Fernando Jorge

Os respigadores: um grande blogue.


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http://orespigadorearespigadora.blogspot.com/

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Progresso?





Basta!
Por António Sérgio Rosa de Carvalho

Enquanto a destruição sistemática e organizada do que resta das Avenidas continua em perfeita sintonia com uma classe de arquitectos, indiferente ao seu Património insubstituível, e determinada a assumir o estatuto de arquitectos do regime, Manuel Salgado, mais transformado em "porteiro" dos interesses estabelecidos, em lugar de defensor e garantia de salvaguarda dos interesses da cidade, assina um acordo inaceitável a priori com um promotor, tornando-se assim cúmplice de chantagem vergonhosa sobre os eleitos.

O resultado ultrapassou todas as marcas do eticamente escandaloso e do ilegal, tornando este caso de licenciamento definitivo do Projecto do Largo do Rato num símbolo manipulativo de abuso de poder.

Resta agora à sociedade civil transformá-lo num símbolo definitivo de resistência "musculada" e tenaz, que fique para a História como um sinal de maturidade da democracia participativa contra a tirania das manobras maquiavélicas e manipulativas de uma certa forma de exercer a democracia representativa.

Que se aproveite também para meditar sobre o papel afirmativo (em ruptura irreversível) e destruidor de muitos arquitectos com relação ao património, atitude bem ilustrada nas Avenidas e simbolizada no projecto da sua Ordem, nos antigos Banhos de S. Paulo.

Desta história, no Largo do Rato, ninguém sai incólume. Como é possível ouvir alguns representantes da vontade popular afirmar que esta decisão "foi a forma mais simples de fazer com que a cidade possa funcionar", e que o papel dos eleitos "não é achar [o projecto] bom ou mau, é verificar se está em conformidade com a lei" (vereadora Livia Tirone ), mas afirmando também que o projecto "é completamente dissonante" e lamentando que ele tenha sido aprovado "sem debate público"?

Este paradoxo ilustrativo do absurdo, ou de algo bem pior, não pode ser comparado ao protesto indignado de Ruben de Carvalho ou Helena Roseta sobre as pressões inaceitáveis de um processo jurídico desenvolvido com a cumplicidade do vereador do Urbanismo, no momento em que este assina um compromisso de acordo que antecede e influencia a decisão.

De resto, todos os vereadores do Urbanismo anteriores são responsáveis e tomaram decisões que permitiram ou determinaram este processo de destruição sistemática da Lisboa Romântica. Um dos argumentos continuamente esgrimidos, e agora reutilizado, numa manobra surpreendente de aproveitamento da "terra de ninguém" criada por várias "ausências" forçadas ou voluntárias, foi o da sua anterior aprovação em 2005.

Toda esta situação leva-nos à pergunta fundamental: Qual é a formação técnica e académica deste eleitos? Qual é a garantia oferecida pelas suas pessoas para decidir sobre o futuro da cidade de Lisboa?

Resta agora aos cidadãos uma luta definitiva e decisiva, capaz de contribuir para o seu processo de autoconsciência e afirmação da sua maturidade democrática e de fazer sentir aos políticos o que sentimos perante este caso vergonhoso. Basta!

Historiador de arquitectura

(in Público).

O Costa do Castelo ou o xerife de Nottingham.


Dos filmes de Vasco Santana e António Silva ficam-nos na memória personagens como o Costa, do Castelo. Infelizmente agora o Costa é outro – tem pouco humor e muita malandrice. Especializou-se em cobrar taxas e mais taxas a quem gosta de viver em Lisboa. O Costa, da Câmara (um apoiante de Alegre, claro) cobra taxas do subsolo e agora quer aplicar taxas para a protecção civil e bombeiros. Por acaso quem vive em Lisboa já cá paga IRS, já paga a contribuição autárquica e as receitas arrecadadas deviam ser para fazer funcionar os serviços da cidade. Mas não – as taxas são para a máquina burocrática da Câmara. Os serviços básicos e de emergência, esses, ficam a descoberto. O que o Costa, da Câmara, anda a fazer é um abuso e dos grandes – anda a meter-nos a mão no bolsos - nas próximas eleições lembrem-se disto. Lisboa está cada vez pior, o incentivo para cá viver é cada vez menor. É uma pena mas é assim. E enquanto isso o centro da cidade vai definhando e ficando cada vez mais deserto. O ponto é este: a protecção e o funcionamento de uma cidade fazem parte da razão de ser de pagarmos impostos – cobrar mais taxas pelos serviços básicos é abuso e nada mais. (Manuel Falcão. Publicado no Jornal de Negócios a 23 Dez 2010).

O xerife de Nottingham

Convidamos todos os munícipes e leitores do Lisboa SOS a desejarem as Boas Festas ao Xerife de Nottingham e a todos os outros "Xerifes" cobradores de impostos da Câmara Municipal de Lisboa.

António Costa (Presidente)
Pelouro Polícia Municipal, Planeamento Estratégico e Auditoria Interna
Morada
Paços do Concelho - Praça do Município, 1º
1149-014 Lisboa
Telefone 21 323 62 00 Fax 21 817 12 22
Email
gab.presidente@cm-lisboa.pt
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Helena Roseta (Independente)
Pelouro Habitação
Morada Rua do Ouro, nº 49 - 5º
1100-060 Lisboa
Telefone 21 322 7188/63 Fax 21 817 12 31
Email
helena.roseta@cm-lisboa.pt
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Manuel Salgado
Pelouro Urbanismo, Planeamento, Reabilitação Urbana e Política de Solos
Morada
Paços do Concelho - Praça do Município, 1º / Campo Grande, nº 27 - 2º E
1149-014 Lx (P. Concelho) / 1749-099 Lx (C.Grande)
Telefone 21 323 62 74-P.Concelho Fax 21 817 12 13 (P. Concelho)
Email
gab.manuel.salgado@cm-lisboa.pt
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José Sá Fernandes (Independente)
Pelouro Ambiente Urbano, Espaço Público, Espaços Verdes e Abastecimentos
Morada
Paços do Concelho - Praça do Municipio
1149-014 Lisboa
Telefone 21 323 62 84 Fax 21 817 12 14
Email
jose.sa.fernandes@cm-lisboa.pt
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Catarina Vaz Pinto
Pelouro Cultura e Turismo
Morada
Paços do Concelho - Praça do Município
1149-014 Lisboa
Email
ver.catarina.vaz.pinto@cm-lisboa.pt
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Manuel Brito
Pelouro Acção Social, Desporto, Educação e Juventude, Protecção Civil e Regimento de Sapadores Bombeiros
Morada
Paços do Concelho - Praça do Município
1149-014 Lisboa
Telefone 21 323 62 00 Fax 21 817 12 12
Email
gab.ver.manuel.brito@cm-lisboa.pt
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Fernando Nunes da Silva (Independente)
Pelouro Mobilidade, Infra-Estruturas e Obras Municipais
Morada
Campo Grande, nº 25 - 2º E
1749-099 Lisboa
Telefone 21 798 82 40
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Maria João de Azevedo Mendes
Pelouro Finanças, Património e Recursos Humanos
Morada
Campo Grande, nº 27 - 2º E
1749-099 Lisboa
Fax 21 817 12 42
Email
ver.m.joao.mendes@cm-lisboa.pt
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Graça Fonseca
Pelouro Serviços Centrais, Modernização Administrativa e Descentralização
Morada
Paços do Concelho - Praça do Município
1149-014 Lisboa
Email
ver.graca.fonseca@cm-lisboa.pt
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Tolerância: até quando?


Cimeira da NATO: António Costa não dá tolerância de ponto

Por isto, e porque considera que está em causa “a necessidade de assegurar o normal funcionamento da cidade”, para além de “graves prejuizos para os lisboetas, a economia da cidade e de todos os que nos visitam, resultantes do encerramento dos serviços do Município”, António Costa anuncia a decisão de não dar tolerância de ponto aos seus funcionários no dia 19 de Novembro.
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Natal e Ano Novo: António Costa dá mais um dia de tolerância de ponto aos funcionários

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa justifica a opção com a “quadra festiva” e com o bom desempenho dos funcionários: “Considerando os festejos de Natal e do Ano Novo, quadra festiva de encontro com os nossos familiares e sentido o empenho e dedicação dos trabalhadores da CML determino a tolerância de ponto, na tarde do dia 23 e nos dias 24 e 31 de Dezembro de 2010.
post-scriptum: já viram a linda camisola rosa com que o Presidente da CML se apresenta na televisão?

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Boa !





O balneário D. Maria II está agora protegido pelo estatuto de interesse público dr
Balneário e pavilhão de segurança do Miguel Bombarda classificados
Por Inês Boaventura

A falta de garantias do Governo quanto à continuidade do museu e à preservação do seu espólio continua a preocupar os seus defensores

O balneário D. Maria II e o pavilhão de segurança do Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, foram classificados como conjunto de interesse público na semana passada, mas os subscritores do apelo em defesa do museu aí existente continuam preocupados com o futuro desse espaço e do seu acervo. Já o Ministério da Saúde permanece em silêncio, não respondendo às perguntas do PÚBLICO sobre o assunto.

A portaria que procede à classificação do balneário e do pavilhão de segurança foi publicada no dia 24 de Dezembro, e nela se lembra que o Hospital Miguel Bombarda, "fundado em 1848, foi o primeiro Hospital Psiquiátrico do País". Dimensionado para 300 doentes, foi para aí que "foram transferidos os "loucos" amontoados em condições sub-humanas no Hospital Real de S. José", lembra a portaria do Ministério da Cultura.

O edifício do balneário, inaugurado pela rainha D. Maria II em 1853 e construído para prestar assistência hospitalar psiquiátrica, "é uma pequena construção térrea com planta em forma de "U", e arcada de elegante risco". Além disso, diz-se num anexo da portaria, "apresenta uma curiosa conjugação de correntes estéticas de finais do século XIX: revivalismo renascentista e gótico, decorativismo português com utilização de azulejaria de fachada".

Já o pavilhão de segurança, também designado por 8.ª enfermaria, foi erguido em 1896 para internar os "alienados criminosos" e, segundo o Ministério da Cultura, é o "único imóvel do género em Portugal e um dos raros ainda existentes na Europa, seguindo parcialmente a arquitectura prisional do sistema panóptico". Actualmente este edifício, dominado por um corpo circular com células que se voltam para um pátio ajardinado, alberga um museu dedicado à assistência hospitalar, onde, além de um vasto arquivo médico, está exposta a maior e mais antiga colecção de pintura de doentes do país.

Na passada semana um grupo de vultos da cultura e da ciência fez chegar às ministras da Educação e da Cultura um apelo "pela continuidade e desenvolvimento do Museu de Pintura de Doentes e das Neurociências", tendo em conta o encerramento do hospital, anunciado para o final deste ano. Aos nomes já divulgados pelo PÚBLICO - que incluíam a pintora Paula Rego, o investigador de neurociências António Damásio, a artista plástica Joana Vasconcelos e os sociólogos António Barreto e Maria Filomena Mónica - juntou-se agora o cineasta Manoel de Oliveira.

Em nome dos subscritores, Raquel Henriques da Silva deu ontem conta do seu regozijo com a classificação do conjunto "e respectiva Zona Especial de Protecção abrangendo a totalidade da área de implantação do hospital centenário". Ainda assim, a professora de História de Arte manifestou-se preocupada com o futuro do espólio do museu, que inclui "valiosos relatórios clínicos datados de finais do século XIX-XX", advertindo que poderá estar "iminente" a transferência de alguma documentação para o Hospital Júlio de Matos ou o seu "desaparecimento".

O PÚBLICO perguntou há uma semana ao gabinete da ministra da Saúde se com o encerramento do estabelecimento está ou não garantida a continuidade do museu e a preservação do seu espólio, mas não obteve qualquer resposta, apesar de várias tentativas nesse sentido.

(in Público).

Igreja do Sacramento: parabéns.





Igreja do Sacramento recebe Prémio Vilalva 2010

A obra de recuperação e valorização da Igreja do Sacramento, na Baixa de Lisboa, foi distinguida com o Prémio Vilalva 2010, atribuído anualmente pela Fundação Calouste Gulbenkian. O prémio, no valor de 50 mil euros, será entregue à Irmandade do Santíssimo Sacramento numa cerimónia a 10 de Janeiro na igreja.

O objectivo do prémio é destacar, entre vários projectos a concurso, o que mais se distinga pelo seu contributo para a defesa do património histórico nacional. No caso da Igreja do Sacramento, o júri - constituído pela historiadora de arte Dalila Rodrigues, o engenheiro António Lamas, o arquitecto José Pedro Martins Barata, o olisipógrafo José Sarmento de Matos e o director do Serviço de Belas-Artes da Fundação, Manuel da Costa Cabral - sublinha "a qualidade do trabalho realizado num edifício de grande relevância artística, valorizado pela inclusão na Baixa de Lisboa".

A intervenção envolveu o restauro dos tectos da nave e do presbitério, dos vãos dos janelões das paredes laterais da nave e das nove telas do presbitério e do baptistério - que são, assim como os tectos da nave, da autoria do pintor setecentista Pedro Alexandrino. O júri diz esperar que o prémio constitua um incentivo para a conclusão do restauro da igreja, nomeadamente do exterior. A.P.C.


(in Público).

Assim se contribui para a mobilidade.

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Transtejo prepara redução de ligações em hora de ponta.

Assim se contribui para a mobilidade.

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Preço dos bilhetes de eléctrico pode aumentar até 72%.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Prédios Devolutos em Lisboa.


Rua do Benformoso. Prédio construído pela EPUL e vazio desde 2007.


Junto ao Largo das Olarias.


Rua de São Lázaro.


Junto à Academia das Ciências de Lisboa.


Rua de São José.


Perto da Rua Chaby Pinheiro: já demolido (obrigado, Paulo Ferrero).


Estrada da Luz


Antigo Quartel dos Lóios, recentemente vendido pela Estamo.pt

Segundo o levantamento do «parque devoluto edificado da cidade de Lisboa» realizado pela CML existem mais de 4000 imóveis/fracções devolutos e aparentemente devolutos. Carregue no título e veja pelos seus olhos. A lista estende-se por 93 páginas abarcando todas as freguesias da cidade. Prédios municipais são apenas cerca de 300. Quando tivermos tempo para contar as 93 páginas com cerca de 45 a 50 referência por folha daremos mais notícias. Até lá envergonhe-se como nós nos envergonhamos de ter tido autoridades locais, governos, legislação e sociedade civil que permitiram esta barbárie.

Diários de Viagem.



Diários de viagem

Que Lisboa andaram eles a desenhar?
Deram-lhes os cadernos com a medida exacta, um ponto de partida e um de chegada. O resultado é agora um livro,Diário de Viagem em Lisboa, conjunto de "apontamentos urgentes, quase irreconhecíveis" desde sete pontos da periferia até às sete colinas da cidade. Por Cláudia Sobral

O que têm em comum dois desenhos do Marquês de Pombal, em Lisboa? Nada, dir-se-ia ao olhar para os desenhos de José Louro, coordenador de uma pós-graduação em diários gráficos no IADE, e do arquitecto Filipe Leal Faria em Diário de Viagem em Lisboa (22,90 euros), lançado este mês pela Quimera Editores.

Para o geógrafo João Seixas, que escreveu um ensaio para o livro, o interesse do livro está no ampliar e redimensionar o "mito urbano" das sete colinas. "Eles fazem um percurso da periferia até cada uma das míticassete colinas de frei Nicolau e transmitem uma mensagem: a cidade não é apenas uma colina, um lugar, um miradouro. Outra grande dimensão do livro é olharem para Lisboa de uma forma que não costuma ser olhada: olham para ela através das cores, do sol da chuva, do vento", diz Seixas.

José Louro desenha a caneta, com partes a aguarela. Há muito espaço vazio, os desenhos, diz, "são uma espécie de apontamentos, quase que inacabados, que deixam pistas", que as pessoas podem depois completar. "Se o desenho de rua não for rápido já não é um apontamento, é outra coisa", sustenta.

"Sete colinas, sete desenhadores", lê-se na capa deste livro bilingue (o título inglês é Lisbon Sketchbook). A cada um dos desenhadores foi atribuído um percurso desde um ponto da periferia da capital até uma das sete colinas.

Entre o início e o final, cada um passeou e desenhou o que quis. Porquê uma corda com roupa estendida? Porque o percurso de Pedro Cabral, coordenador do blogue Bonecos de Bolso, terminou na Calçada Nova do Colégio, um lugar diferente dos bairros novos, com "as roupas estendidas, as janelas abertas, os cheiros que saem cá para fora, as pessoas sentadas nas escadinhas", descreve.

"O engraçado é sentir que se fosse hoje os desenhos seriam diferentes porque Lisboa tem sempre coisas para contar. São sempre as nossas sensações a passar num sítio em determinada altura que ficam registadas", diz o co-autor João Catarino, professor de ilustração da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL).

A ideia de transformar sketchbooks (cadernos de esboços) de sete desenhadores num livro surgiu naturalmente. "Encontramo-nos para desenhar às vezes [pertencem aos Urban Sketchers] e achámos engraçado fazer um projecto conjunto sobre a cidade onde vivemos", conta Eduardo Salavisa, desenhador que organizou este livro, que é o número dois de uma colecção de diários de viagens em cadernos de esboços. O primeiro, lançado ao mesmo tempo que o de Lisboa, é Diário de Viagem em Cabo Verde. Ainda não se sabe por que terras se viajará no terceiro. "A ideia é continuar com outros autores, com outras viagens", diz Salavisa."O engraçado destes desenhos é que são captações do momento e que estão de acordo com o desconforto dos lugares: com mais ou menos tempo, mais ou menos conforto", acrescenta Catarino.

Muitos queixaram-se das dificuldades causadas pelo calor - grande parte dos desenhos foi feita no Verão, apesar de os primeiros serem de Março. Num dos seus apontamentos, Richard Câmara, professor da FBAUL e do Istituto Europeo di Design, instituição italiana com filial em Madrid, escreveu numa página manchada de laranja e vermelho: "O calor aperta... São 9h50. Desenhei o enfiamento da Praça de São Paulo de pé e depois sentei-me para captar três senhores sentados à sombra de uma árvore." Tudo isto faz parte da tarefa de se desenhar nestes cadernos.

"Quando revejo estes desenhos" - lê-se na nota de Louro que antecede os seus trabalhos -, "lembro a pressa de fixar o todo que tinha à minha frente. São apontamentos urgentes, quase irreconhecíveis." Os seus desenhos serão dos mais rápidos - com o mais rápido terá gasto apenas cinco minutos. "Gosto de virar a página e de não voltar mais ao desenho", diz. Já o ilustrador Pedro Fernandes precisou de seis horas para completar um desenho da Sé - todos os pormenores incluídos.

Diário de Viagem em Lisboa termina com um desafio ao leitor: "Agora é a sua vez de ser desenhador em Lisboa. A pé ou de transportes públicos, aproveite para se perder e descobrir uma nova cidade." E há um mapa de Lisboa, em branco, para que cada leitor possa criar o seu percurso.

(in Público).

Clube da Mobilidade.





Clube da Mobilidade

Quatro ideias para poupar dinheiro e paciência no trânsito de Lisboa
Um estudo feito há cinco anos concluiu que todos os dias entravam em Lisboa mais de 400 mil carros, com uma média de 1,24 ocupantes. O coordenador desse estudo avança agora com quatro propostas para mudar este cenário e facilitar a vida de quem tantas vezes fica preso nas filas. Por Marisa Soares

As palavras soam bem em tempo de crise mas ainda não estão no vocabulário de muitos dos que circulam em Lisboa. Um estudo feito em 2005, pela empresa de José Manuel Viegas, para a Câmara de Lisboa, estimava que todos os dias entram na cidade mais de 400 mil carros, cada um com 1,24 ocupantes em média. E se em vez de quase vazios os carros andassem cheios, e tanto os proprietários como os ocupantes poupassem tempo e dinheiro com isso? Esta é uma das propostas do projecto SCUSSE, que propõe a criação de um "clube da mobilidade" em Lisboa.

A ideia é angariar pessoas que precisam de se fazer deslocar dentro da Área Metropolitana de Lisboa. Cada interessado inscreve-se nesse clube, que seria gerido por uma entidade cujo papel seria facilitar opções de transporte rápidas e em conta aos inscritos.

Na prática esta proposta, que ainda está a ser trabalhada por investigadores do Instituto Superior Técnico (IST), funcionaria da seguinte forma: a entidade gestora do clube reúne informações sobre quatro opções de mobilidade - carsharing (aluguer de carros à hora), carpooling (basicamente, a vulgar boleia, ou partilha de carros entre pessoas que fazem o mesmo percurso), táxis partilhados e minibus expresso. Uma pessoa que esteja inscrita pode aceder, via telemóvel, a informação sobre estes quatro sistemas de mobilidade, escolhendo depois aquela que mais se adequa às suas necessidades e à sua agenda.

Se tudo correr conforme esperam os criadores desta ideia, o clube pode ser uma realidade dentro de três anos. O objectivo do projecto SCUSSE é contribuir para uma diminuição de 15 a 20 por cento do número de veículos que circulam nas horas de ponta.

Partilhava o seu táxi?

O cenário é familiar: longas filas a entupir as ruas da cidade, falta de lugares para estacionar. "Não podemos condenar quem usa o carro se não há alternativas de transporte público eficazes para todas as agendas", diz José Viegas, investigador do IST e coordenador do SCUSSE.

As quatro possíveis soluções para este problema, afirma, com a criação do tal clube da mobilidade não são novas. Algumas até já foram aplicadas: a Galp, por exemplo, montou um sistema de partilha de carros entre pessoas que fazem o mesmo percurso (carpooling) e a Carris tem o MobCarsharing, com aluguer de carros à hora. Mas a equipa do IST quer dar-lhes novos contornos.

No caso da partilha de táxis, o objectivo é montar uma rede que inclua cerca de 30 por cento da frota actual de táxis de Lisboa, que está "sobredimensionada", sustenta Viegas. "O ideal seria veículos com modelos semelhantes aos táxis de Londres", mais espaçosos, defende. O cliente liga para a central - o "cérebro" que gere o "clube da mobilidade" - e diz onde está e para onde vai. O operador pode procurar um táxi vazio ou então um que, estando ocupado, ainda tem espaço para mais pessoas e está a dirigir-se para a mesma zona.

No final, todos ganham. "Se forem dois clientes, cada um paga 60 por cento da factura que deve para o percurso que faz. Se forem três, pagam 45 por cento. O taxista recebe mais. O trânsito ganha por ter menos veículos a circular", descreve o investigador. O modelo permitiria poupar 16 por cento relativamente ao preço médio pago por passageiro na hora de ponta e oito por cento fora da hora de ponta.

Antes de passar à prática, há questões a resolver. Por exemplo, há que solucionar o problema da segurança pessoal, porque os clientes estão mais expostos a situações como assaltos ou assédios. "O taxista tem de proteger os clientes. Para isso, tem de receber formação especial e ter estatuto semipolicial, o que não acontece actualmente", defende o docente.

Um pequeno expresso

Outra solução fica algures entre o autocarro tradicional e um carro ligeiro. Os investigadores do IST chamam-lhe minibus expresso, um pequeno autocarro que, entre o local de partida e o destino, faz no máximo uma paragem. O sistema é semelhante ao do táxi, mas tem percursos e horários pré-definidos, em função de um grupo de oito a 24 pessoas que moram e trabalham no mesmo sítio. O objectivo é que os passageiros gastem tanto tempo ou menos do que no carro, porque o veículo pode circular nos corredores bus. "Não tem de se preocupar com o estacionamento e até pode ter jornal e café a bordo", sugere Viegas.

Nos estudos realizados, foram identificadas "milhares de pessoas que, nas suas viagens de e para Lisboa, conseguem justificar a criação de uma rede com 60 minibus e garantir o lucro", sobretudo nos corredores de Almada e Sintra, sublinha.

Os cinco alunos de doutoramento envolvidos neste projecto pensaram ainda num modelo de carsharing, que permite sobretudo poupar espaço de estacionamento.

Tal como para chamar o táxi, o cliente liga para a central e pede um carro disponível na zona onde se encontra. Dirige-se ao veículo, vai para o destino e pode deixar o carro aí, com possibilidade de pagar o tempo de estacionamento ou de deixar o veículo disponível para outra pessoa. O objectivo é criar uma rede com 2000 carros para este serviço, o que pode significar um investimento inicial de cerca de dez milhões de euros, segundo as contas já feitas por esta equipa.

Há outra hipótese, que pode interessar a quem não usa o carro todos os dias. "Cada pessoa pode alugar o seu carro particular no período em que não o utiliza, inscrevendo-o na rede", diz José Viegas. Assim, não seria necessário aumentar o parque automóvel. Este sistema já existe em cidades como Londres. "Sabemos que é possível, sem subsídios. É um bom negócio", afirma. E será que os lisboetas aderem? "Quantas pessoas trocam de casa para fazer férias?", contrapõe o investigador, acrescentando que "a casa, apesar de tudo, é mais íntima do que o carro". E em tempos de crise, uma renda extra pode convencer os mais cépticos.

Reservar uma boleia

Outra alternativa é criação de clubes de carpooling, nomeadamente nos corredores de Sintra e Almada, onde os investigadores encontraram "centenas de grupos possíveis".

Segundo José Viegas, dois terços dos grupos de carpooling desaparecem em menos de seis meses. "As agendas pessoais mudam, por isso a solução tem de ser mais flexível", argumenta. Também aqui sobressai o papel da central do clube da mobilidade. "No dia em que não pode ir com o grupo habitual, o cliente telefona e pede um grupo que faça o percurso que tem de fazer, na hora a que precisa", explica.

Quem adere ao carpooling pode instalar no veículo um sistema semelhante ao taxímetro e assim rentabilizar a boleia. O projecto prevê ainda que estes carros tenham privilégios de estacionamento, com lugares reservados na cidade para veículos com dois ocupantes ou mais.

No sistema ideal, o cliente terá mesmo a possibilidade de pedir à central sugestões que facilitem a sua mobilidade. O operador poderá dizer quais os caminhos e modos de transporte mais rápidos e mais baratos para ir do ponto A ao ponto B, sabendo em tempo real onde estão os autocarros, os táxis e os carros.

Para pôr tudo a funcionar, em Lisboa ou em qualquer outra cidade, José Viegas garante ser necessário "muito pouco" dinheiro. "É preciso sobretudo coragem política", alega, sublinhando que a concretização do "clube da mobilidade" não implica criar infra-estruturas. É trabalhar com o que já existe, tornando-o mais eficaz. No caso dos táxis, por exemplo, José Viegas considera que uma rede com, por exemplo, 500 carros pode avançar imediatamente.

"O mais caro", admite, "pode ser a instalação de um novo sistema de bilhética comum para os autocarros, o metro e os táxis." Depois, é também necessário criar um software de base para o "cérebro" do sistema, o que será estudado numa tese de mestrado que arranca no próximo semestre, no IST.

José Viegas admite que a resistência por parte de entidades como as autarquias ou a Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa pode atrasar a concretização do "clube da mobilidade". E sublinha: "Não encontro liderança para pegar neste projecto como deve ser." Mas o investigador não vai cruzar os braços. "Se Lisboa não quiser, vamos procurar outras cidades da Europa."

(in Público).

Culturomics.

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http://www.culturomics.org/

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

2021, com sorte...





Solução passa pela EPAL
Lisboa só estará a salvo de cheias em 2021
Por Carlos Filipe

Município admite não ter capacidade para executar o Plano Geral de Drenagem da cidade. Solução passa pela EPAL.
Rede serve população de 730 mil habitantes e não impede inundações (Foto: Enric Vives-Rubio)

As zonas baixas de Lisboa continuarão à mercê de cheias e inundações, como as que ocorreram no final de Outubro último e em Fevereiro de 2008, em casos de extrema e rápida precipitação, enquanto não estiver executado o Plano de Drenagem da cidade. A autarquia prevê a conclusão em 2021, mas diz não estar em condições de suportar os estimados 160 milhões de euros. A solução passa pela transferência para a Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) do serviço e receitas da rede de saneamento, que executará as obras.

O plano de drenagem foi adjudicado ao consórcio Chiron Engidro/Hidra, em Fevereiro de 2006, no mandato de Carmona Rodrigues, mas foi concluído e aprovado em Março de 2008, já com o socialista António Costa à frente da autarquia. Desde então nenhum outro passo foi dado para o melhoramento do arcaico e degradado sistema de colectores municipais de drenagem de águas pluviais.

O grupo municipal do PSD recorda isso mesmo e questiona o actual executivo pelo que tem feito para evitar novas inundações em Lisboa, defendendo que deve ser dada sequência urgente ao Plano de Drenagem. "[No subsolo] não são obras com visibilidade, mas nem por isso deveriam deixar de ser", lê-se na página da Internet deste grupo municipal. Também o PCP diz desconhecer os contornos do negócio com a EPAL, que passa pela venda das infra-estruturas municipais de saneamento à empresa do universo da Águas de Portugal por 100 milhões de euros.

Fernando Nunes da Silva, vereador das Obras Municipais, admitiu ao PÚBLICO que a câmara "não tem actualmente capacidade financeira para desenvolver o Plano de Drenagem". As verbas inscritas nas Grandes Opções do Plano (2011-2014) para a execução daquela empreitada - 6,9 milhões em 2012 e 11,4 e 19,7 milhões, respectivamente, para os dois anos seguintes - "tinham sido decididas antes do princípio de negócio com a EPAL".

"É um trabalho para dez anos, mas, na sequência deste acordo, no princípio do ano, a transferência de toda a rede de colectores domésticos permitirá à EPAL fechar o ciclo da água na rede, garantindo a sua total reciclagem e reaproveitamento. Em contrapartida, aquela empresa receberá as taxas de saneamento", explicou o vereador. A cobrança das referidas taxas, segundo a previsão da receita camarária, ascenderá a 26,265 milhões de euros em 2011.

Apenas paliativos

Poucos dias depois da mais recente inundação, que afectou parte de Lisboa, em particular a Baixa, foram realizados trabalhos no interceptor de esgotos no Terreiro do Paço, que ainda aguarda a ligação à Estação de Tratamento de Águas Residuais de Alcântara. Também a Rua de S. José, das mais afectadas pela inundação de Outubro, tem sido alvo de intervenção camarária, mas para reposição do pavimento danificado. "Assim que deixar de chover vamos reparar o colector que passa sob a rua. Não vai ser preciso voltar a levantá-la, pois a reparação pode ser feita pelo interior do mesmo, que será forrado onde está danificado", precisou Nunes da Silva.

Mas, enquanto a intervenção de fundo não for feita, Lisboa continuará sujeita aos caprichos meteorológicos e a ter que reparar os danos provocados pelo excesso de água. O vereador recorda que devido a roturas do velho sistema de condutas, pisos de ruas houve que abateram, como foram os casos da Angelina Vidal e da Avenida de Berna.

"Só em 2021, seguindo o plano, faseado, em dez anos, é que o sistema estará operacional e libertará Lisboa desse problema. Com os últimos e recentes trabalhos no Terreiro do Paço, com a colocação de válvulas no interceptor, que deixam escoar a água das condutas, mas que não permitem a entrada da água do rio, a situação já foi um pouco melhorada", explicou o autarca. E acrescentou: "Todavia, não estamos a salvo de uma nova situação de precipitação intensa coincidente com maré cheia, que voltaria a afectar as zonas de cota baixa da cidade." "Enquanto não forem construídos os reservatórios e separadas as redes de esgoto doméstico e de águas pluviais, estaremos sujeitos a este problema", deixou claro Nunes da Silva.Rede principal tem 1400 quilómetros

A equipa que elaborou o Plano de Drenagem, o primeiro desde um estudo de 1955, propôs a construção de quatro reservatórios e um colector de transvase, em túnel, aberto a 65 metros de profundidade, entre a Almirante Reis e Santa Apolónia como forma de atenuar os caudais máximos que se precipitam para as zonas baixas da cidade. Ou seja, 16 bacias de retenção, a maior em Alcântara, evitariam o alagamento de grandes zonas. Os reservatórios (Benfica-Campolide, Almirante Reis, Vale de Chelas e Infante D. Henrique) reterão a água em excesso, libertando-a depois. O sistema pressupõe a construção ou reconstrução de colectores com falta de capacidade de escoamento, a desconexão das zonas mais baixas aos colectores pluviais e a beneficiação das descargas de águas pluviais no Tejo, com uma conduta em túnel, desde o Martim Moniz até Santa Apolónia.


(in Público).

A Lapónia fica na Baixa.





A Lapónia fica na Baixa e o Pai Natal chama-se João
por Clara Silva
Anda de metro, é campeão de pesca, entrega presentes em casa de futebolistas por 200 euros à hora e é o homem mais solicitado da quadra. O i passou o dia com o Pai Natal João
Aviso: a leitura deste texto está interdita a crianças que costumam receber presentes das mãos de tios mascarados com barbas falsas compradas nos chineses e a adultos que ainda acreditam que os presentes são importados da Lapónia.

O Pai Natal não existe. Mas se existisse morava na Baixa de Lisboa e não no Norte da Europa, como nos enganaram. Para testar esta teoria basta perguntar nos cafés e lojas perto da Rua Augusta pelo Pai Natal. O mais provável é indicarem-lhe João Gomes Ferreira, de 74 anos, Pai Natal há mais de 40. "Também sou conhecido aqui por John porque quando era novo era muito loirinho", conta-nos João, na sala de estar da sua casa perto da Rua da Madalena. Mesmo sem o fato vermelho e o barrete que costuma usar sentado num trono no último piso do El Corte Inglés é parecido com o Pai Natal. Tem um ar afável, olhos azuis e uma barba mimada todos os dias com amaciador, capaz de fazer inveja aos pais natais dos centros comerciais pelo mundo fora. "Já fui eleito por uma revista o quarto melhor Pai Natal da Europa", orgulha-se. "Mas nem sei bem qual, um casal de holandeses é que me contou."

Desengane-se quem pensa que o Pai Natal mora numa casa cheia de brinquedos e elfos atarefados. Na sala onde João nos recebe de manhã não há árvore de Natal nem brinquedos à vista, apenas uns doces que costuma pôr nos bolsos antes de sair de casa - "para se os miúdos me reconhecerem e pedirem" -, bibelôs que a sua mulher colecciona e várias taças e medalhas em cima de um móvel antigo. "São coisas que ganhei na pesca. É um dos meus passatempos."

De estrela a sem-abrigo

Como o seu turno de Pai Natal do El Corte Inglés só começa às quatro e meia da tarde, tem tempo para nos mostrar os três dossiês carregados de recortes de jornais e revistas onde apareceu nos últimos 20 anos ao lado de famosos como Bárbara Guimarães, Catarina Furtado e outras dezenas de caras conhecidas. No mesmo álbum tem também fotografias da neta com quem passa a noite de Natal. Sim, afinal o Pai Natal tem folga nessa noite para estar com a família e não anda por aí a entregar presentes que nem um louco. Aliás, teve tempo para entregá-los antes: "Comecei a 26 de Novembro e este ano até foi mais tarde do que o habitual." Além do trabalho no centro comercial, também distribui presentes em casa de clientes particulares, a quem cobra 200 horas por hora. "Acho que mereço esse valor porque faço as coisas com profissionalismo." Este ano teve quatro clientes, "um deles um jogador de futebol e outro um deputado".

Foi o Pai Natal da Worten durante cinco anos e já gravou anúncios de empresas como a Optimus, Feira Nova, Millennium, Sumol e BES, ao lado de Cristiano Ronaldo. "Estou inscrito em agências de figuração e durante o ano chamam-me para várias coisas." O visual permite-lhe fazer papéis diferentes. "Na série ''Inspector Max'' fui sem-abrigo e também já me convidaram para ir a Espanha fazer de Cristovão Colombo."

Depois de almoçar com a mulher e o filho, João costuma passar no café "O Buraco", na Baixa. "É do Manolo, um gajo bacano, podemos ir lá se quiserem." Assim que saímos do seu prédio, um rapaz grita-lhe: "Então, Pai Natal, estou à espera da prenda!" Pelo caminho, alguns vizinhos têm abordagens semelhantes e no café todos os conhecem. "Ele costuma sentar-se naquela mesa todos os dias", diz Manolo, o dono, enquanto aponta para um papel onde se lê "Reservado ao Pai Natal". "É aqui que o meu grupo se junta para comer e beber uns copos: um vendedor de camisas, dois farmacêuticos, outro Pai Natal..."

O metro é o novo trenó

Perto da três da tarde, João apanha o metro nos Restauradores (não tem carta de condução nem renas), perto da praça onde se iniciou na carreira de Pai Natal. "Foi há uns 40 anos. Fui para a rua com um fotógrafo e um burro. Dávamos um balão aos miúdos e as fotos saíam numa polaróide", recorda. "Entretanto o burro morreu e isso acabou. Só quando me reformei é que me dediquei mesmo a isto. Até lá não parei." João foi desenhador no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, vendedor de roupa, fez tratamento de metais e trabalhou na secretaria do Lisboa Ginásio.

Na viagem de metro pela linha azul ninguém o reconhece. Assim que chega ao El Corte Inglés equipa-se na casa-de-banho - "não uso botas, magoam-me os pés, prefiro sapatos com uma fivela dourada" - e sobe ao último piso, onde troca de turno com o colega que entrou às onze. "Já trabalhamos juntos há 20 anos e combinamos os horários. Inaugurámos o Colombo e aquilo era o pandemónio, só num fim-de-semana tirávamos mil fotografias." Agora, já não se tiram tantas. "Qualquer um com um telemóvel com câmara faz uma de longe."

Ao seu lado, o Pai Natal João tem uma caixa de correio onde os miúdos deixam as cartas. "Já deve estar quase cheia. Eles recortam os brinquedos dos catálogos com o preço e colam-nos numa folha." Em 2009, o brinquedo mais pedido foi a PS3. "Este ano anda para aí uma novidade qualquer que os putos querem todos, mas não me lembro do nome", diz. Em casa, tem um catálogo onde se mantém a par das novidades de brinquedos - "mas há tanta coisa que nem consigo estar actualizado". O pedido mais original de presente que teve aconteceu este ano: "Um miúdo pediu-me um dentinho, porque o dele tinha caído."

(in jornal «i»).

Mais um fogozito.

Incêndio em prédio de Lisboa
por DN.pt 26 Dezembro 2010

Um incêndio deflagrou na manhã de domingo numa casa apalaçada na Rua da Beneficiência, em Lisboa. Seis pessoas vivem no edifício de três pisos e não há registo de feridos, segundo a SIC Notícias.

O fogo terá começado pelas 11:00 e tido origem numa lareira situada no último andar do edifício, sito na zona do Rego.

A pronta acção dos bombeiros permitiu controlar a situação em cerca de uma hora, salvar a vida aos seis moradores (bem como aos vários animais de estimação que possuem) e minimizar os estragos, que ficaram confinados ao último piso.

Mas, segundo a SIC Notícias, a operação foi dificultada pelo facto de não se encontrarem no local bocas de incêndio em funcionamento. Apenas uma deitava água e foi necessário recorrer a uma viatura autotanque, relata a mesma fonte.

É preciso uma exposição?





Em Lisboa
Estátuas de figuras humanas em tamanho real chamam a atenção para problema dos sem-abrigo
Por Lusa

São treze as esculturas em bronze de figuras humanas, em tamanho real, nos Restauradores, em Lisboa, para chamar a atenção de quem passa para o problema dos sem-abrigo.

“Welcome HomeLess” é uma exposição pan-europeia itinerante, composta por esculturas da autoria do dinamarquês Jens Galschiøt, inspiradas em pessoas sem-abrigo.

“Achámos que trazendo-as [as esculturas] a Portugal, colocando-as duas semanas nos Restauradores e depois mais duas nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, chamaríamos a atenção para o problema dos sem-abrigo”, disse a alta comissária da Saúde, Maria do Céu Machado.

A chamada de atenção é fundamental porque “o problema dos sem-abrigo não tem melhorado ao longo dos tempos e, eventualmente, poderá piorar”.

“Sem Abrigo Lisboa - promover a inclusão social” é promovido pelo Alto Comissariado da Saúde (ACS), em parceria com a Coordenação Nacional para a Saúde Mental e a Assistência Médica Internacional (AMI). Em paralelo, irão decorrer actividades culturais e de animação de rua, bem como uma mostra, realizadas por diversas organizações não governamentais.

Nada de novo.

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Fogo destrói cobertura de prédio devoluto de quatro andares, na Travessa dos Pescadores, ao Conde Barão.

Tertúlias no Mosteiro.



“Tertúlias no Mosteiro” é uma actividade promovida pelo Centro Cultural do Patriarcado de Lisboa, no âmbito da exposição temporária E Habitou entre Nós: Imagens do Menino Jesus no Patriarcado de Lisboa.

Visita guiada à exposição no final de cada sessão.

INSCRIÇÕES
A entrada é livre, mas de inscrição obrigatória, limitada à capacidade da sala.Para efectuar a sua inscrição basta que responda a este email, reenviando a ficha de inscrição anexa, devidamente preenchida.

CENTRO CULTURAL DO PATRIARCADO DE LISBOA
Mosteiro de São Vicente de Fora
Campo de Santa Clara, 1100-472 Lisboa
telf. 21 881 05 00 21 881 05 55

Gebalis ou Gamalis?

Gestores com oito cartões de crédito

Os ex-administradores da Gebalis Francisco Teixeira, Clara Costa e Mário Peças receberam, entre Fevereiro de 2006 e Outubro de 2007, oito cartões de crédito daquela empresa municipal. O limite de crédito atribuído àqueles ex-gestores oscilou entre cinco mil euros e dez mil euros por mês.

O despacho de acusação do Ministério Público, a que o CM teve acesso, diz que, 'no início do mandato, a cada um dos arguidos foram fornecidos cartões de crédito', apesar de haver 'uma omissão legal e dos próprios Estatutos da Gebalis [sobre essa regalia]', segundo o relatório da Polícia Judiciária.
A Francisco Ribeiro, ex-presidente da Gebalis, foram dados, segundo o despacho de acusação, três cartões de crédito: um do BES com limite de 7500 euros, um do BPI com dez mil euros e um do Millennium bcp com cinco mil euros. Mário Peças, ex-vogal da empresa, teve também três cartões de crédito: um do BES com 7500 euros, um do BPI com dez mil euros e um do Millennium bcp com cinco mil euros.
Já Clara Costa contou com um cartão de crédito do BES com um limite de crédito de 7500 euros e outro do Millennium bcp com cinco mil euros. À excepção do cartão de crédito do BPI atribuído a Mário Peças, todos os cartões tiveram vários números e diferentes datas.
'Com os respectivos cartões de crédito em seu poder, cada um dos arguidos decidiu que os utilizaria para pagamento das despesas relativas a refeições suas e com amigos e outras pessoas de cujo convívio poderiam beneficiar no seu percurso profissional, político ou financeiro, quer nos dias de trabalho, quer em férias ou fins-de-semana, quer, ainda, no decurso de viagens ao estrangeiro', precisa o despacho de acusação do Ministério Público.
Ontem, Clara Costa manifestou a sua 'total inocência'.


SAIBA MAIS
REFEIÇÕES E VIAGENS
De Março de 2006 a Outubro de 2007, Clara Costa gastou 11 530 euros em refeições com o cartão de crédito.
40 145 euros foi a despesa de Mário Peças em refeições, de Março de 2006 a Outubro de 2007, com cartões de crédito.
12 738 euros foi o gasto de Francisco Ribeiro em refeições, de Março de 2006 a Outubro de 2007, com cartões de crédito.

REFEIÇÕES EM RESTAURANTES DE LUXO

MÁRIO PEÇAS

RESTAURANTE
DATA/HORA
VALOR

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
11-02-006 / 17h12
134,50 euros+10,5 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
05-03-2006 / 17h09
304,40 euros + 25,6 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
29-04-2006 / 15h10
233.55 euros + 16,45 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
21-05-2006 / 16h05
237.75 euros + 12,25 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
10-06-2006 / 15h20
217.60euros + 12,4 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
13-06-2006 / 15h32
261.70 euros + 18,3 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
09-07-2006 / 15h37
253.20 euros + 16,8 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
27-08-2006 / 15h23
247.85 euros + 22, 55 euros de gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
11-11-2006 / 16h56
372.35 euros + 27,65 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
25-11-2006 / 16h25
305.40 euros + 24,6 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
14-01-2007 / 16h35
281.20euros + 38,8 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
05-05-2007 / 16h25
325 euros + 25 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
13-06-2007 / 16h01
287.30 euros + 22,7 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
29-09-2007 / 14h43
251.45 euros + 28,55 euros gratificação

Porto Sta Maria (Estrada do Guincho)
20-10-2007 / 16h11
310.85 euros + 29,15 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
01-12-2006 / 16h09
223.50 euros + 16,5 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
04-12-2006 / 15h58
142 euros + 18 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
14-12-2006 / 16h42
471.20 euros + 28,8 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
05-01-2007 / 15h27
206.50 euros +23,5 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
29-01-2007 / 16h52
262.50 euros + 27,5 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
01-03-2007 / 15h36
212.50 euros + 17,5 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
08-03-2007 / 15h42
225 euros + 25 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
10-03-2007 / 15h04
180.890 euros + 39,1 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
27-03-2007 / 21h50
147 euros + 15 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
28-03-2007 / 14h54
185.30 euros +14,7 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
18-04-2007 / 16h00
458.60 euros + 21,3 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
25-05-2007 / 14h59
318 euros +32 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
12-06-2007 / 22h52
206.90 euros + 13,1 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
25-07-2007 / 15h13
129.40 euros + 15 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
01-08-2007 / 16h06
209.40 euros + 10,6 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
28-08-2007 / 15h25
167.60 euros + 15 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
29- 08- 2007 / 14h56
141 euros + 19 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
18-09-2007 / 15h56
217.30 euros + 22,7 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
17-10-2007 / 15h38
151 euros

Varanda da União
s/ data
106 euros + 9 euros gratificação

Varanda da União
20-02-2006
137.75 euros + 12,25 euros gratificação

Varanda da União
16-03-2006
212 euros + 18 euros gratificação

Varanda da União
29-05-2006
141.50 euros + 13,5 euros gratificação

Varanda da União
26-06-2006
90 euros + 10 euros gratificação

Varanda da União
30-10-2006
817 euros + 53 euros gratificação

Varanda da União
29-11-2006
112 euros + 13 euros gratificação

Varanda da União
18-12-2006
223.25 euros + 21.75 euros gratificação

Varanda da União
10-04-2007
204 euros + 16 euros gratificação

Varanda da União
17-04-2007
110 euros + 10 euros gratificação

Varanda da União
10-08-2007
153.25 euros + 16.75 euros gratificação

António do Barrote
03-08-2006
125.95 euros + 14.05 euros gratificação

António do Barrote
17-08-2006
208.95 euros + 11.05 euros gratificação

António do Barrote
18-01-2007
144.50 euros + 15.5 euros gratificação

António do Barrote
13-03-2007
188.85 euros + 21.15 euros gratificação

António do Barrote
29-05-2007
160.85 euros + 14. 15 euros gratificação

Sabores, Artes, Imagens (Parque das Nações)
01-09-2006
96.10 euros + 8,9 euros gratificação

Sabores, Artes, Imagens (Parque das Nações)
07-09-2006
65 euros + 5 euros gratificação

Restaurante o Terreiro do Paço
31-10-2006
213.30 euros + 11,7 euros gratificação

O Nobre
02-11-2006
190 euros + 9,12 euros gratificação

O Nobre
13-11-2006
149.30 euros + 10.7 euros gratificação

Jardim Visconde da Luz (Cascais)
05-11-2006
198.90 euros + 11,1 euros gratificação

Rstaurante A Gondola
15-11-2006
105.30euros + 24.7 euros gratificação

Atanvá
30-11-2006
89.70 euros + 5,3 euros gratificação

Atanvá
29-03-2007
194.70 euros + 25.3 euros gratificação

Atanvá
30-07-2007
62.20 euros + 17,8 euros gratificação

Atanvá
16-08-2007
62.30 euros + 7,7 euros gratificação

Atanvá
27-08-2007
72.55 euros + 7,45 euros gratificação

Atanvá
28-08-2007
114.50 euros + 10.5 euros gratificação

Atanvá
13-09-2007
152.90 euros + 17,1 euros gratificação

Atanvá
11-10-2007
56.80 euros + 8,2 euros gratificação

Antavá
23-10-2007
73.55 euros + 6.45 euros gartificação

Restaurante Paberesbares
12-12-2006
131.50 euros + 13.5 euros gratificação

Restaurante Paberesbares
03-10-2007
113 euros + 17 euros gratificação

Restaurante O Cortador
13-12-2006
152.20 euros + 17,8 euros gratificação

O Jacinto
15-12-2006
125 euros + 15 euros gratificação

O Jacinto
17-12-2006
98.95 euros + 10.05 euros gratificação

O Jacinto
11-04-2007
158.65 euros + 11.35 euros gratificação

Tico Tico
11-03-2007
97.95 euros + 12.05 euros gratificação

A Laurentina
13-04-2007
61.20 euros + 13.8 euros gratificação

Taberna Ibérica
04-06-2007
199.60 euros + 20.4 euros gratificação

O Mercado do Peixe
14-06-2007
160.68 euros + 17.32 euros gratificação

Le Petit
26-07-2007
68.20 euros + 6.8 euros gratificação

O Polícia
22-08-2007
152.20 euros + 17,8 euros gratificação

Casa Gallega
16-08-2007
227.90 euros + 7.1 euros gratificação

Marisqueira Cais Sodré
19-09-2007
89.10 euros + 10.9 euros gratificação

Belcanto
27-09-2007
102 euros + 13 euros gratificação

Belcanto
24-10-2007
77 euros + 8 euros gratificação

1º Direito
04-10-2007
57 euros + 6 euros gratificação

O Galito
29-10-2007
57.55 euros + 7.45 euros gratificação

Ritz Four Seasons (Lisboa)
20-07-2006
321.75 euros + 28.25 euros gratificação

Ritz Four Seasons (Lisboa)
25-01-2007
110 euros

Sete Mares
16-04-2007
510.45 euros + 39.55 euros gratificação

Sete Mares
25-07-2007
251.25 euros + 18.75 euros gratificação

Vela Latina
31-03-2006
99.60 euros + 11,4 euros gratificação

Tertúlia do Paço
20-03-2006
112.20 euros + 7.8 euros gratificação

Restaurante XL
27-03-2006
106.05 euros + 8.95 euros gratificação

Gambrinus (Luxo)
08-05-2007 / 15h43
170.10 euros + 14,9 euros gratificação

Restaurante Paberesbares
s/ data
130.50 euros +9.5 euros gratificação

Varanda da União
06-09-2006
102.25 euros + 7.75 euros


FRANCISCO RIBEIRO

Francisco Ribeiro efectuou pagamentos de refeições, utilizando cartões de crédito do BES (...) a partir de 31-05-2007 (...), do BPI (...) a partir de Setembro de 2007 (...) e Millenium (...) a partir de Março de 2007, num valor mensal aproximado e distribuídos pelos seguintes números de dias:

Mês
Nº dias
Valor/Mês

Março 06
13
794,00 euros

Abril 06
13
415,28 euros

Maio 06
10
321,35 euros

Junho 06
14
675,43 euros

Julho 06
13
302,19 euros

Agosto 06
8
629,29 euros

Setembro 06
14
729,27 euros

Outubro 06
9
297,98 euros

Novembro 06
8
163,41 euros

Dezembro 06
4
295,00 euros

Janeiro 07
4
158,00 euros

Fevereiro 07
6
245,00 euros

Março 07
7
508,00 euros

Abril 07
10
839,00 euros

Maio 07
13
1100,00 euros

Junho 07
13
610,00 euros

Julho 07
8
770,00 euros

Agosto 07






quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Zombie.


Ele avisou que ia andar por aí...





Santana Lopes acusado de fragilizar PSD em Lisboa
Por Ana Henriques

Deputados municipais próximos do ex-primeiro-ministro quebraram disciplina de voto e aprovaram plano de salvaguarda da Baixa pombalina

Comissões fizeram diversos reparos ao plano

O líder da distrital de Lisboa do PSD, Carlos Carreiras, quer apurar se foi por pressão do vereador Santana Lopes que vários deputados municipais deste partido quebraram ontem a disciplina de voto, aprovando o plano de salvaguarda da Baixa pombalina elaborado pelo PS, enquanto o resto da banca "laranja" se abstinha na votação. "Se assim foi, confirma-se o desrespeito e o afastamento do PSD por parte de Santana Lopes que já se vinha a sentir", diz Carreiras.

Já o líder da bancada "laranja" na Assembleia Municipal de Lisboa, António Prôa, não tem dúvidas: com esta "intromissão inédita" no sentido de voto de nove dos 41 deputados sociais-democratas, o ex-primeiro-ministro "provocou a divisão, enfraquecendo e fragilizando o PSD".

Não é a primeira vez que vêm a público as divergências entre vereadores e deputados municipais do PSD. Santana Lopes não queria António Prôa para líder de bancada e incompatibilizou-se com um dos seus vereadores, Vítor Gonçalves, que nem sempre vota da mesma forma que os colegas.

"Pensar que pressionei os deputados para votar de determinada forma é não respeitar a sua dignidade", reage Santana Lopes. "Mas já constatei que, para os dirigentes do PSD, não há problema em existirem posições dissonantes" dentro do partido, acrescenta, aludindo ao facto de as posições de Vítor Gonçalves contarem com a confiança da distrital mesmo quando contrariam as suas. "Já me acusaram várias vezes na vida de prejudicar o PSD. Depois mudaram de opinião. São os nervos, mas isso passa".

No caso de ontem, em que se discutiram as normas urbanísticas aplicáveis à zona da Baixa de Lisboa, as posições divergentes do PSD não eram passíveis de influenciar a votação - quer os sociais-democratas aprovassem o documento ou se abstivessem, o resultado seria sempre a sua viabilização. Mas o mesmo poderá não acontecer no futuro, na votação de documentos de importância maior, como o Plano Director Municipal. Se os nove deputados próximos de Santana - um deles foi seu chefe de gabinete na câmara e em São Bento - insistirem em contrariar a direcção da bancada, o seu peso poderá tornar-se decisivo nos casos em que o resultado final seja decidido por escassos votos. Uma mudança no equilíbrio de forças que beneficia os socialistas, cujas propostas já foram várias vezes inviabilizadas pela assembleia municipal - com destaque para o Orçamento de 2010.

Ontem, um dos votos favoráveis foi o do presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau, António Manuel, que fez questão de frisar como Santana Lopes tinha tido, enquanto presidente da câmara, um papel preponderante nos esforços para recuperar a Baixa. O autarca, que rebateu as críticas ao documento efectuadas pelos seus colegas de bancada, chegou a ser aplaudido por deputados socialistas e foi mesmo citado pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, quando este apresentou o documento. Não conseguiu, porém, convencer a maioria dos seus colegas de bancada. "É um mau plano, sem ambição", criticou Magalhães Pereira, da Junta dos Prazeres, frisando que o anunciado repovoamento da Baixa "não se faz sem acessos rodoviários e estacionamento".

Mas nem só na bancada do PSD surgiram divergências. Um dos deputados dos Cidadãos por Lisboa, de Helena Roseta, também se absteve, enquanto os seus colegas aprovaram o plano.

(in Público).

Pelo Miguel Bombarda!





Grandes nomes da cultura e ciência cerram fileiras pelo Hospital Miguel Bombarda
Por Ana Henriques

Arquivo médico e acervo de obras artísticas feitas pelos doentes mentais pode estar em risco, temem os signatários de um apelo que será entregue hoje às ministras da Saúde e da Cultura
Um apelo em defesa do património edificado e do arquivo do Hospital Miguel Bombarda em Lisboa é hoje entregue às ministras da Saúde e da Cultura. A pintora Paula Rego e o investigador de neurociências António Damásio são algumas das figuras que dão a cara por esta causa.

O hospital encerra no final do ano. O destino dos seus edifícios mais notáveis, considerados únicos, e também das obras de arte produzidas pelos seus doentes no último século, expostas num museu criado no local, está a preocupar grandes figuras da cultura portuguesa, como António Lobo Antunes, Júlio Pomar ou Joana Vasconcelos, entre outros.

Além de um vasto arquivo médico - que inclui um espólio fotográfico -, o museu dispõe da maior e mais antiga colecção de pintura de doentes do país. Desenvolvida por autodidactas, a chamada outsider art, ou arte crua, é um género reconhecido internacionalmente. "O encerramento do hospital coloca em perigo imediato a existência deste notável museu, dado que a senhora ministra da Saúde não garantiu até agora a sua continuidade", refere o apelo, assinado também pelos sociólogos António Barreto e Maria Filomena Mónica. "A gravidade da situação é acrescida neste momento, com a decisão de destruir a parte antiga dos arquivos, incluindo processos clínicos e documentos desde o séc. XIX - o que configura uma perda irreparável."

"Nebuloso", diz Simonetta

A unidade museológica está instalada no panóptico, um edifício circular único em Portugal e em vias de classificação patrimonial - o Pavilhão de Segurança, um imóvel de 1896 com um pátio descoberto, para beneficiar o estado mental dos pacientes e evitar a transmissão de doenças. "Penso que na Europa só haverá mais três edifícios deste tipo", explica a primeira signatária do documento, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Simonetta Luz Afonso.

Outro edifício de relevo, e igualmente em vias de classificação como imóvel de interesse público, é o balneário de D. Maria II. O hospital pertence neste momento à Estamo, empresa pública que tem como função vender património do Estado, e que é também proprietária dos hospitais do Desterro, de Santa Marta, de S. José e dos Capuchos. A Estamo entregou já na Câmara de Lisboa um estudo prévio do atelier de arquitectura Belém Lima que prevê a transformação do edifício principal, um antigo convento, em apartamentos, escritórios e lojas. O estudo prevê a "reconversão" dos dois edifícios em vias de classificação.

Para os subscritores do apelo, o encerramento do Miguel Bombarda, nas imediações do Campo de Santana, pode constituir uma oportunidade única para expandir o museu - ideia que garantem não ser incompatível com a prevista urbanização da maioria dos quatro hectares de terreno.

"Portugal, a cidade de Lisboa, a arte e a ciência têm muito a ganhar com a existência de um museu identitário e de prestígio, dedicado à outsider art e às neurociências", argumentam. Custaria apenas uma ínfima parcela dos 25 milhões de euros pelos quais os terrenos foram vendidos, calculam. E as obras ainda poderiam ser comparticipadas pela União Europeia.

Na opinião de Simonetta Luz Afonso, tal como para a especialista em história de arte Raquel Henriques da Silva, o mais inquietante é a falta de esclarecimentos por parte da tutela. "Há uma nebulosidade à volta deste assunto que queremos clarificar", diz a primeira.

E também não foi ainda desta vez que o Ministério da Saúde esclareceu a questão. Apesar de as preocupações levantadas no apelo não serem uma novidade - já haviam sido transmitidas antes à tutela e também à direcção do hospital por outras pessoas empenhadas na preservação do museu e dos imóveis -, uma porta-voz do Ministério da Saúde alegou ontem ao PÚBLICO que, à hora a que foi questionada, às 18h, "não foi possível responder".

(in Público).