quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Casa do Alentejo.

Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Feliz Ano Novo.


Notícia do ano: a reedição de «Lisboa, cidade triste e alegre».


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Palácio Almada Carvalhais: um caso de polícia.


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É um palácio do século XVI, ao Conde Barão. Os antigos sócios da empresa proprietária do imóvel apresentaram uma queixa crime. Acompanhe a novela na revista «Sábado», nº 296, de 30/12/2009, na pág. 20. Assim anda o património histórico da cidade de Lisboa.

Bom Ano, aos leitores do Lisboa SOS!


António Pedro (1909-1966). «Avejão Lírico». 1939. Col. part.

De Espanha, bons ventos...


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El Supremo carga contra "el desastre urbanístico" que corroe España
Un fallo [decisão judicial] pionero avala el uso del Derecho Penal por "la inoperancia administrativa"
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Después de una colosal burbuja inmobiliaria que ha dejado cientos de cargos públicos implicados en casos de corrupción urbanística, el Tribunal Supremo ha constatado "la desastrosa situación a la que, a pesar de la normativa legal y administrativa, se ha llegado en España respecto a la ordenación del territorio, incluida la destrucción paisajística". En una sentencia en la que confirma las condenas a los responsables del escándalo de Andratx, en Mallorca, el tribunal justifica que, "ante la inoperancia de la disciplina administrativa, se acuda al derecho penal" para perseguir los escándalos urbanísticos con más eficacia.
Una sola edificación puede suponer un atentado grave contra el paisaje
El fallo, del que ha sido ponente Siro García, afirma que "la comunidad de ciudadanos es víctima de los despropósitos urbanísticos y que la administración urbanística también experimenta las consecuencias de las infracciones en materia de ordenación del territorio". El tribunal replica así al recurso del ex alcalde de Andratx Eugenio Hidalgo, del PP, que alegó que construir en terreno agrícola podría merecer una sanción administrativa, pero no era tan grave como para recibir una sanción penal.
Carlos González Antón, catedrático de Derecho Administrativo de la Universidad de León y experto en derecho ambiental, afirma que "es una sentencia muy importante". "En muchos casos, los jueces consideran que el Derecho Penal es la última herramienta y que en infracciones urbanísticas basta con ir por la vía administrativa", generalmente con penas más leves y mucho más lenta. González Antón explica que la sentencia deja claro que "ante la inoperancia de las Administraciones encargadas de perseguir las infracciones urbanísticas, el Derecho Penal y sus jueces deben intervenir directamente".
El jurista añade que del fallo se desprende que "no se puede reservar para el Derecho Penal sólo las infracciones urbanísticas muy graves, sino también para supuestos como el enjuiciado, la construcción de una vivienda donde se podría ampliar un almacén agrícola. Desde el punto de vista de protección del paisaje, es una sentencia que marca un hito, pues establece que una sola edificación puede suponer un atentado grave al paisaje".
El fiscal coordinador de Medio Ambiente y Urbanismo, Antonio Vercher, también aplaudió el fallo: "La UE, en su directiva sobre protección del medioambiente mediante el Derecho Penal, ya reconoció que la vía administrativa era insuficiente. El Supremo está empujando para que la legislación existente adquiera relevancia y eficacia".
Aunque la Constitución ya estableció que la protección del medioambiente debía contar con sanciones penales, la realidad es que éstas han sido la excepción. La sentencia del Supremo llega después de años en los que se ha intensificado la lucha contra la corrupción urbanística. Entre 2000 y 2006, el suelo urbanizado en los dos primeros kilómetros de costa subió un 21,85%.
En 2006, el Gobierno creó la Fiscalía de Medio Ambiente y Urbanismo que encabeza Vercher y una unidad especializada de la Guardia Civil contra la corrupción. Desde entonces, cada provincia cuenta con un fiscal especializado y las condenas por delito ecológico crecieron en 2008 un 22%.
El catedrático de Ciencia Política de la Universidad Rey Juan Carlos Manuel Villoria destaca que "el fallo es muy claro, pero llega tarde": "Es una llamada de atención a los poderes públicos y es ilustrativo del grado de impunidad en el que se encuentran las infracciones urbanísticas". Fernando Jiménez, profesor de Derecho Político de la Universidad de Murcia, insiste en que la clave debe ser "matizar o limitar las competencias urbanísticas de los ayuntamientos".
Villoria, colaborador de la ONG Transparencia Internacional, se muestra, sin embargo, escéptico: "Los jueces apenas dan medidas cautelares para paralizar obras denunciadas y no hay demoliciones. ¿Qué va a pasar con todos los hoteles ilegales de Lanzarote o con el del Algarrobico [en Almería]?".
(in «El País»).

Urbano-depressivo.



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Cidades mal planeadas ajudam a prolongar depressões.
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O local onde as pessoas vivem pode contribuir para a depressão: bairros e prédios mal planeados e sem locais de convívio, sem espaços verdes ou com jardins mal cuidados acabam por potenciar e agravar os sintomas daquele doença. A conclusão é da investigadora Vanda Carreira, que estudou as relações entre arquitectura, urbanismo e aquela doença para a sua tese de mestrado.
"O meu objectivo era perceber como é que o urbanismo influencia a depressão, uma doença considerada a epidemia silenciosa do século XXI", explica a advogada, que trabalhou alguns anos na área do licenciamento urbano. "Foi complicado, porque não há nada feito nesta área no nosso País, mas cheguei a conclusões interessantes", conta. Para chegar a essas conclusões a investigadora submeteu 65 pessoas a vários inquéritos, para medir os estados depressivos e a sua relação com o ambiente.
Por exemplo, as pessoas que vivem em edifícios mais altos apresentam sintomas mais graves de depressão, porque viver com muita gente que não se conhece parece gerar uma sensação de isolamento maior, explica. "Só 40% dos entrevistados tinham relações com os vizinhos, mesmo superficiais", acrescenta.
O estudo apontou também para a importância dos espaços verdes na qualidade de vida e consequentemente como factor de protecção contra a depressão. "Mas quando mal cuidados ou abandonados, estes acabam por ter o e feito contrário e agravar os sintomas", diz.
A psiquiatra Luísa Figueira lembra que a depressão é causada sempre por vários factores, mas admite que certas características dos locais podem contribuir para a manutenção da doença. "A arquitectura e o urbanismo que não permitem o contacto com os outros , que não favorecem a qualidade de vida, deixam as pessoas desprotegidas".
A psiquiatra acrescenta que "muitas vezes a mudança de casa, sobretudo depois dos 50 anos, precipita a depressão, sobretudo quando se vivia num bairro com vida própria". A pessoa perde a rede de relações que foi criando ao longo dos anos, explica - "mesmo que sejam superficiais, acabam por ser importantes", diz.
Por isso, Vanda Carreira realça a importância de conceber cidades bem planeadas, o que não tem acontecido em Portugal. Essa é uma das principais conclusões da tese, diz: "É preciso alertar as entidades que intervêm no território, câmaras e governo, para o 'pecado do betão'. As políticas actuais perdem a noção da complexidade dos humanos."
(in «Diário de Notícias»).

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Lisboa mais triste.


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Morreu o Senhor Oliveira, de que falámos aqui:

http://lisboasos.blogspot.com/2009/03/o-que-e-o-tempo.html
Agora, o que irá acontecer ao maravilhoso espaço onde o Senhor Oliveira nos acolhia?

Museu Berardo: retrospectiva de Joana Vasconcelos.



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Primeira exposição antológica da artista portuguesa, a inaugurar em Março, é um dos destaques do museu para o próximo ano

Robert Longo, Annemarie Schwarzenbach e Joana Vasconcelos são os artistas em destaque no Museu Berardo ao longo de 2010.

No próximo ano, o museu instalado no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, vai continuar a mostrar a colecção própria através de três novos percursos: entre Março e Maio dar-se-á mais atenção às obras com um conteúdo social, desde a arte soviética pós-revolução até aos mais recentes vídeos; entre Junho e Setembro, iremos procurar a "teatralidade" de peças, entre as quais o famoso pano de cena de Marc Chagall para A Flauta de Mágica de Mozart (1965); e a partir de Setembro haverá um novo percurso, ainda em definição.

Estas exposições irão acontecer em paralelo com várias exposições temporárias. Como já é costume, o Museu acolhe a exposição do prémio BesPhoto, desta vez com André Cepeda, Filipa César e Patrícia Almeida - a partir de 1 de Fevereiro. Também em Fevereiro, mas no dia 8, é inaugurada uma mostra de videoarte da norte-americana Judith Barry.

A 15 de Fevereiro Robert Longo chega ao Museu Berardo. Nascido em 1953, este artista norte-americano ficou famoso com a série Men in the Cities (1979-1982) em que fotografou figuras em fatos normais que se contorcem em atitudes que podem ser de agonia ou êxtase, por exemplo. A 22 desse mês, inaugura-se A Viagem como Exílio, com fotografias da suíça Annemarie Schwarzenbach (1908 - 1942), algumas das quais foram tiradas em Lisboa e em África. A 1 de Março o Museu Berardo apresenta a primeira exposição antológica da artista portuguesa Joana Vasconcelos. A mostra é comissariada por Miguel Amado.
(in «Diário de Notícias»).

Igreja apoia projecto «Limpar Portugal». Nós também!


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A Arquidiocese de Braga vai colaborar com o projecto «Limpar Portugal», uma iniciativa que já identificou mais de 900 pontos de limpeza em todo o território nacional.

D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, adiantou à Lusa que os promotores do projecto têm o aval da Arquidiocese para contactarem as paróquias a fim de divulgarem o projecto e recrutarem voluntários, nomeadamente grupos de escuteiros.

Os responsáveis pelo projecto promovem, a 20 de Março de 2010, uma acção de limpeza de toda a floresta portuguesa, destinada a remover o lixo depositado ilegalmente nos espaços verdes nacionais.

O «Limpar Portugal», que conta já com mais de 20 mil voluntários inscritos na sua rede social, envolve, ainda, várias entidades públicas e privadas, com destaque para escolas, universidades e associações de estudantes.

Devolvam-nos o Hot Clube!


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Em menos de uma semana, 2500 fãs aderiram à campanha «Devolvam o Hot Clube à Praça da Alegria», disponível no Facebook.

Salvemos a Vila Ana e a Vila Ventura.


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Toda a história de um loooongo processo em:

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Engenho & Arte.


Urgente: salvar a Vila Ana e a Vila Ventura (Benfica).



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Car@s Amig@s,
Junto vos envio em anexo uma troca de correspondência que tenho mantido com a C.M.Lisboa a propósito da Vila Ana e da Vila Ventura
Como poderão verificar, depois da vistoria que ocorreu (despoletada pelo e-mail inicial que lhes enviei), os proprietários apresentaram agora uma contestação ao facto dos edifícios estarem incluídos no Inventário Municipal, ou seja, para poderem vir ali construir o que bem quiserem, caso estas venham a não constar do Inventário Municipal.A julgar pelo teor da resposta que recebi da C.M.Lisboa e devido a mencionarem o "muito ilustre olissipógrafo" que emitiu o parecer para os proprietários destes imóveis, é de imaginar a que conclusão a C.M.Lisboa vai chegar relativamente a estes edifícios.Nesse sentido, queria pedir a vossa ajuda, com vista a verificar se conhecem alguém na C.M.Lisboa, na Junta de Freguesia de Benfica, algum olissipógrafo de relevo ou outras pessoas que considerem importantes, que me possam ajudar nesta batalha, esclarecendo a verdadeira importância da manutenção destes edifícios no Inventário Municipal e a sua preservação enquanto tal.Temo que esta luta urja e que estejamos limitados pelo escasso tempo para conseguir que estes dois edifícios centenários se mantenham de pé.Muito obrigada!Um abraço amigo, Alexandra.

«Câmara de Lisboa ainda não sabe o que deve» (*)


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(*) In «Sol», de 24/12/2009.

Mercado de Campo de Ourique: há 2 anos em obras.


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Em Campo de Ourique, a paciência esgota-se com o prolongamento, já vai em quatro anos, das obras no mercado. Em Janeiro recomeçam os trabalhos.
O pavimento já esteve colocado e as bancas pareciam prontas a receber os vendedores agora refugiados em outros espaços, mas depressa se percebeu que o piso não era anti-derrapante e que existiam outros erros. No Mercado de Campo de Ourique, os três meses de obras previstos para a remodelação das bancas de peixe transformaram-se em quatro anos de impaciencia e "muito pó".
Desde 2006, os trabalhos de modernização daquele espaço têm visto avanços e recuos sucessivos que, segundo os vendedores, só podem ser consequência de uma má gestão financeira. "Os sacos azuis não existem só em Felgueiras, aqui também há", disse o vendedor António Tavares.
O fiscal coordenador do Mercado, António Bernardo, referiu ao DN que "falar sobre este assunto não faz sentido, numa altura em que apenas falta menos de um mês para o reinício das obras", já para os comerciantes tudo não passa de mais promessas.
"Agora voltaram a tirar os taipais para parecer que vão começar as obras, mas eu não acredito nisso", disse Patrícia Maurício, vendedora de peixe, adiantando que "em caso de inspecção, a ASAE não iria concordar com aquela vergonha".
Para além das críticas à forma como estão a ser feitas as obras naquele local, os comerciantes de peixe dizem estar a ser ignorados pelo executivo do município.
A Câmara Municipal de Lisboa (CML) já reagiu, em comunicado, garantindo que este atraso se deve unicamente a uma situação de "litígio com o empreiteiro por incumprimento das devidas condições de higienização e segurança". A mesma fonte, refere ainda, que o responsável se recusou a proceder às alterções necessárias, o que obrigou a CML "a recorrer à rescisão do contrato e à contratação dos trabalhos em falta a outra empresa". Confirmando a informação avançada pelo fiscal coordenador do Mercado, o documento indica ainda que já foi providenciado "o processo de adjudicação dos trabalhos de conclusão , cujo início está previsto para o próximo mês de Janeiro".
Algumas comerciantes, que vão ver o espaço da sua banca reduzido com estas obras, dizem não concordar com o aumento da mensalidade. "Não fomos nós que pedimos as obras, mas somos nós que as pagamos. Nós tínhamos todas as condições para trabalhar", disse a peixeira Idília Moreno, adiantando que "se havia partes danificadas, bastava recuperá-las."
A CML salientou que "actualmente os comerciantes de pescado pagam 23,50 euros, por metro linear" e que passarão a "pagar a taxa que vier a ser aprovada para 2010", acrescentando que "a tabela ainda se encontra em revisão".
Mas os vendedores dizem já ter sido informados de que o valor das rendas será bastante superior àquele que é praticado nas bancas velhas, "passando a ser o dobro", dizem todos.
(in «Diário de Notícias»).

Ruído.


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Lisboa: ruído na Baixa pode travar repovoamento
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O plano de pormenor da Baixa pombalina ainda não foi aprovado pela administração central por causa das questões relacionadas com o ruído. Concluído pela Câmara de Lisboa no Verão, o documento destina-se a definir as regras que daqui em diante irão nortear toda e qualquer intervenção nesta zona da cidade.
Em causa está a principal fonte de poluição sonora - e atmosférica - da Baixa, o tráfego automóvel, que pode vir a revelar-se suficientemente grave para as autoridades proibirem o surgimento de mais habitação desejado pela autarquia. Ou sequer de novas escolas, impedindo assim o repovoamento do coração de Lisboa. "A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo emitiu um primeiro parecer sobre o plano em que alerta para a questão do ruído", refere o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, sublinhando que, em sua opinião, existe nesta matéria "legislação muito restritiva e bastante fundamentalista". O autarca diz que este parecer "não é uma rejeição pura e simples", mas apresenta "uma série de comentários sobre coisas que têm que ser corrigidas". A maioria desses comentários, prossegue Manuel Salgado, prende-se com "pequenas questões formais". Segundo o vereador, a câmara vai "dar esclarecimentos adicionais" àquele organismo "no princípio de Janeiro de 2010", sendo certo que antes disso "há que rever o estudo de ruído" do plano de pormenor. Isto, porque o documento não teve em conta as alterações de tráfego entretanto introduzidas nessa zona da cidade, sendo necessário perceber se com elas "se atingem os níveis de ruído previstos na legislação", prossegue Manuel Salgado.Acima dos limites legais Na realidade, o plano de pormenor faz já referência à "melhoria significativa do ambiente sonoro" da Baixa, provocada pelas mais recentes restrições à circulação automóvel, "com maior incidência naRua da Prata e Rua dos Fanqueiros". Mas não esconde que, mesmo assim, continuam a existir zonas em que os valores de exposição sonora permaneciam, no Verão passado, acima dos limites legais, nomeadamente na vizinhança da Avenida Ribeira das Naus, Av. Infante D.Henrique, ruas da Madalena e do Ouro, e até nas da Prata e dos Fanqueiros. Nas ruas do Ouro e da Prata e no Rossio foram detectados níveis de ruído "susceptíveis de causar danos na saúde e fortes perturbações do sono". O vereador da Mobilidade e do Tráfego, Nunes da Silva, reconheceu, recentemente, a "concentração excessiva de autocarros nas ruas do Arsenal e da Alfândega" gerada pelo novo modelo de circulação rodoviária, admitindo algumas alterações. A repavimentação destas artérias poderá reduzir o problema.
(in «Público»).

Pessoa no eléctrico 28.


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Os passageiros do eléctrico 28, em Lisboa, são, pontualmente, surpreendidos por um grupo de jovens que recita poesia de Fernando Pessoa. O "Circuito Pessoano" é interpretado por alunos de uma escola profissional.
O circuito do Eléctrico 28 é um dos mais emblemáticos cartões de visita que Lisboa oferece aos turistas. Todo o estrangeiro que passa por Lisboa tem que viajar pelo menos uma vez naquele eléctrico amarelo que percorre uma boa parte da zona histórica da cidade. E ultimamente têm sido surpreendidos com poesia em movimento: grupos de alunos do 12º ano da Escola Profissional Almirante Reis têm subido a bordo do eléctrico para recitar poesia de Fernando Pessoa.
A iniciativa visa celebrar o 74º aniversário da morte do poeta e pretende "dar a conhecer poemas do ortónimo e de heterónimos de Fernando Pessoa, permitindo a interacção entre diferentes públicos, partilhando sensações e emoções".
A reacção dos passageiros é, regra geral, muito positiva. "As pessoas reagem com entusiasmo e admiração", confessa, ao JN, Ana Sofia David, professora de Português e uma das responsáveis pelo projecto. "Acontece uma coisa fantástica: se o eléctrico vai com muito barulho, as pessoas começam a falar mais baixo ou calam- -se", descreveu. "Os turistas", prosseguiu "ficam encantados, tiram fotografias e recebem alguns folhetos com poemas do Fernando Pessoa em inglês".
As próprias alunas, com idades que oscilam entre os 17 e os 18 anos, não disfarçam o entusiasmo pela sua participação. "Tudo o que seja sair da sala de aula e vir cá para fora acaba por ter impacto", concorda a professora, frisando que "a poesia quer-se assim nas ruas" e que a juventude "tem que perceber que a poesia está em todo o lado".
Apesar de admitir que alguns dos alunos da escola "não têm muitos hábitos de leitura de poesia", Ana Sofia David tem esperança que iniciativas destas possam ajudar a mudar o cenário: "Acabámos por conquistá-los assim".
Numa das últimas viagens, que o JN acompanhou, Dalila Oliveira, estudante, de 17 anos, foi particularmente brilhante ao ler "O Nevoeiro", perante o sorriso dos portugueses e de um casal de turistas asiáticos com olhar de espanto enquanto filmavam.
O próprio trajecto do eléctrico 28 desenha-se por uma série de lugares associados à vida e obra do poeta. O grupo entra junto à Voz do Operário, não muito longe da nova Galeria Fernando Pessoa no Campo de Santa Clara. Minutos depois passa perto do emblemático café Martinho da Arcada. Segue para o Chiado, passa pela estátua à frente da Brasileira, pelo Casa Fernando Pessoa, em Campo de Ourique, e, por fim, termina a sua marcha junto ao Cemitério dos Prazeres, onde Fernando Pessoa foi sepultado a 2 de Dezembro de 1935.
(in «Jornal de Notícias»).

domingo, 27 de dezembro de 2009

A Quinta da Rabicha.

Gravura de Henry L'Eveque, 1809
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Henry L’Eveque gravou em 1809 a Ribeira de Alcântara passando sob o arco grande do aqueduto. Os caminhos-de-ferro ainda não tinham atravessado a Quinta da Rabicha. Ainda não existia a fábrica de cola construída junto da ponte do Tarujo. Na mesma gravura de L’Eveque, um grupo aproveita os bons ares desfrutando um piquenique ao som de uma guitarra. Esta cena foi mais tarde reproduzida por Roque Gameiro, que morou numa casa na antiga Quinta das Grades e que ainda hoje existe junto da Escola básica do 1.º ciclo Mestre Querubim Lapa na Travessa Estêvão Pinto [de Morais Sarmento], a qual nos levava à Quinta da Torre [de Estêvão Pinto] e é hoje a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
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Desenho de Roque Gameiro, 1931, segundo a gravura de L'Eveque
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À história de Campolide e em particular à do Aqueduto anda associada os crimes de Diogo Alves. Em 1839 começaram a aparecer cadáveres esmigalhados nas pedras da ribeira, registando-se até Junho desse ano 76 mortos. O povo, apavorado, atribuiu os crimes a Diogo Alves e à sua quadrilha, que roubavam as pessoas no Passeio dos Arcos e as silenciavam definitivamente. Havia quem dissesse que se tratava de suicídios, mas de qualquer modo, eram vítimas demais. Em 1840, Diogo Alves foi preso por outro crime, julgado, e enforcado em 1841, sem nada constar da sentença sobre os crimes do aqueduto, daí que, Norberto de Araújo, em “Peregrinações de Lisboa”, recuse estes actos como explicação do encerramento do aqueduto, dizendo que estes são mais “fantasia que realidade”.
A verdade é que a cabeça de Diogo Alves acabaria enfrascada em formol, e se encontra hoje no no Teatro Anatómico da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, na sequência da formação de um gabinete de frenologia por José Lourenço da Luz Gomes.
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Cabeça de Diogo Alves em formol
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Uma campanha liderada por A. F. Castilho na «Revista Universal Lisbonense», e apoiada pela Junta de Freguesia de S. Sebastião, propunha o encerramento da passagem. Ainda se pensou num gradeamento lateral, mas a Câmara achou exagerado o custo de 14 contos. Os mortos continuavam a aparecer e fechou-se a passagem em 1844. Reclamaram as gentes de Benfica que se sentiam prejudicadas por não usarem aquele acesso à cidade. A Câmara voltou a abrir o Passeio dos Arcos. Mais vítimas. A Junta de Freguesia acabou por conseguir o encerramento a 12 de Agosto de 1852.
Voltaram a tranquilidade e as merendas nas hortas. Júlio César Machado, em 1860 relata uma célebre patuscada em que participou na Rabicha com Ramalho Ortigão, Antero de Quental, Jaime Batalha Reis, João Bumay, Alberto Queirós e Oliveira Martins. Ao todo, eram sete e iam «compor uma caldeirada em seis cantos», isto é, um por garfo, já que João Bumay mandou vir um rosbife. Enquanto o «Machadinho» preparava o petisco, foram fazer tempo até à estrada de Campolide, onde trabalhadores reparavam o pavimento. Recolheram um pingo de suor num lenço, e em divertida procissão levaram-no ao cozinheiro que foi baptizado com o “suor do povo”.
Além da Quinta da Rabicha, havia outros retiros, como o Ferro de Engomar, o mais antigo com esse nome. Foi aí que se tomou célebre um dos primeiros cantadores de fado, de nome José Norberto e por alcunha o «Saloio de Campolide».
É muito provável que os retiros e hortas de Campolide tivessem sido mesmo dos primeiros sítios onde surgiu o fado e o seu antecessor “lundum”. Assim se deduz de uma notícia datada de 1780-1785 referente à Quinta de S. João dos Bem Casados. Residia ali D. Joana Perpétua, irmã do Duque de Lafões, quando, devido aos bons ares do lugar, vieram os «reais meninos» tratar-se da tosse convulsa. Para os distrair, «ela mandou vir os pretos da Rabicha que cantaram modinhas à viola e dançaram o “lundum”». O costume dos lisboetas irem para as hortas da Rabicha teria começado quando o aqueduto estava em construção, e nos domingos as gentes da cidade acorriam junto à ribeira para admirar as obras.
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Na Quinta da Torre veio instalar-se, em 1858, o Pde. Carlos João Rademaker, com o intuito de aí organizar "clandestinamente" a sede da Com­panhia de Jesus, até que, em 1880, passou a sede oficial da Província Portuguesa. Aí se organizou o célebre Colégio de Campolide (que teve a sua inauguração a 28 de Junho desse ano), que serviu de modelo a todos os outros da Companhia e onde se concretizou uma notável reforma pedagógica do ensino em Portugal. O Colégio tinha uma localização esplêndida na quinta que Rademaker comprou ao poeta, jornalista e escritor defensor das ideias miguelistas, João de Lemos. Até 1890, o conjunto edificado, aproveitando muito das casas existentes, tinha a forma quase conventual. Depois de 1904, concluíram-se as obras de remodelação que deram ao Colégio um ar de imponência arquitectónica notável, rectangular; equilibrado e majestoso. A Igreja do Colégio foi consagrada em 1884, e a sua primeira pedra foi lançada a 8 de Dezembro de1879. É fiel à estrutura estilista dos Jesuítas, com elementos clássicos de influência italiana.
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Colégio de Campolide, hoje Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
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Como podemos constatar, a Quinta da Rabicha foi testemunha de crimes e pândegas, assassinatos e piqueniques. Registada em gravura em 1809 por Henry L’Eveque e mais tarde por outros artistas como Roque Gameiro que por lá morou. Ali se encontraram em retiros e tabernas nomes da nossa literatura como foram Bulhão Pato, Ramalho Ortigão, Júlio César Machado, Oliveira Martins, Antero de Quental, Jaime Batalha Reis e outros. «A cidade morria ali mesmo, aos pés da ribeira da Rabicha», como nos escreve Marina Tavares Dias, no Volume 3 da Lisboa Desaparecida.
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A Quinta da Rabicha foi cortada pelo caminho-de-ferro de Sintra. Ficava debaixo do arco grande do Aqueduto. Diogo Alves, com os seus bandidos, atirava dali abaixo, depois de roubados, os passeantes de todas as classes, que iam admirar a vista daquele delicioso subúrbio da cidade! A princípio atribuíam-se a suicídios os nefandos crimes.
«A Quinta da Rabicha era pequena e em forma de triângulo. Toda colmada de um odorífero e viçoso pomar, que dava primorosas laranjas. Água abundante e corrente. A menidade do sítio contrastava com os rochedos escalvados, que diziam para o poente. Nos arredores de Campolide muitas casas em ruínas, esburacadas de balas de fuzil e artilharia, dos assaltos dos realistas à cidade , nos dias nefastos da grande guerra de D. Pedro e D. Miguel.
Na Rabicha, o sumptuoso hotel, ao ar livre, debaixo de um parreiral, ao pé do tanque, sempre transbordando de água, fornecia as pescadinhas de rabo na boca, ovos duros, queijo saloio, pão de Belas, alface repolhuda, a verdadeira alface lisboeta, que nem a de Roma lhe dá de rosto. Era um banquete. Um cruzado novo - 480 réis - sobrava para quatro homens comerem e beberem à farta!
Comparar o preço da alimentação daquele tempo com o de agora produz tonturas de cabeça! Vinho, fora de portas – e as portas eram logo ali, em Alcântara - trinta réis a canada; pão a vinte e cinco; uma pescada do alto, de lombo negro, que chegava para uma família regular, seis vinténs; manteiga de Cork da mais fina, e a melhor que se conhece ou que já se não conhece, onze, doze vinténs, o arrátel!
Fruta de graça e que fruta! A pêra do conde, a marquesa, a correia, a de sete cotovelos, a virgulosa, a colmar. Tudo isso desapareceu, quase completamente. Fizeram-se umas enxertias que, sem produzirem as finíssimas peras francesas, estragaram as nossas.
Em compensação a cidade era uma necrópole e um muladar [estrumeira). Os candeeiros de azeite, a respeitosa distancia uns dos outros, bruxuleavam mortiços e fumosos. Nas noites em que a folhinha dava lua, embora os cúmulos toldassem o céu tempestuoso, não se acendiam! Da boca da noite em diante, dos primeiros aos quintos andares, os gritos constantes de – água vai, ou água foi – como clamava Bocage, vituperando, em termos obscenos, a fregona [criada que em casa se ocupa dos trabalhos mais grosseiros, que o tinha baptizado com os bálsamos nocturnos. Os grilhetas do Castelo, do Limoeiro, da Cova da Moura e do Hospital da Estrela, acorrentados carregando água ou trabalhando nas calçadas. O ónibus, atravessando vagarosamente, pesado e triste como uma tumba, do Pelourinho até Belém.» (Bulhão Pato, «A Quinta da Rabicha», in Memórias, Tomo I, Lisboa, 1894, 2ª ed. , Lisboa, Perpectivas e Realidades, 1986, pp. 67-68).
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Travessa do Tarujo.
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Travessa da Rabicha.
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Passeios na Rua de Campolide, no caminho da Quinta do Zé Pinto!
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De que nos serve lembrar a História?... Feliz Natal Vila Elvira, Feliz Natal Pátio Martins, Feliz Natal Travessa do Tarujo, Feliz Natal Travessa da Rabicha, Feliz Natal Quinta do Zé Pinto, Feliz Natal EPUL, Feliz Natal Câmara Municipal de Lisboa.