segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Convento dos Cardaes e a “Associação de Nª. Sra. Consoladora dos Aflitos”.


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A roda da clausura, por onde as freiras comunicavam com o exterior.
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Voluntárias da “Associação de Nª. Sra. Consoladora dos Aflitos”
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O convento é construído em estilo barroco em voga nos secs.XVII e XVIII. Nascido em Itália, estendeu-se a vários países, incluindo Portugal. No entanto, aqui apresenta um aspecto diferente, sóbrio e austero no exterior mas profusamente decorado no interior, entre outros aspectos. Na fachada duas portas encimadas por nichos – com Nossa Senhora da Conceição e S. José, em mármore, com pináculos e volutas, trabalho atribuído a João Antunes (1643-1712), Arquitecto muito importante dos séculos XVII/XVIII. Portaria – As paredes são forradas por silhar de azulejos da fase final do estilo joanino a transitar para o rococó (c. 1740) e é de salientar, também de expressão barroca tardia, o remate de azulejos recortados por cima da roda da clausura, com as armas das Carmelitas. O quadro da entrada é atribuído a José da Costa Negreiros (1714-1759) autor de obras para várias igrejas.
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Talha Dourada – a madeira na decoração das igrejas portuguesas tem a mesma importância que o mármore em Itália e a pedra em França. É um elemento característico português, emoldurando os quadros, o púlpito, altares, sanefas, etc. Eram as chamadas “igrejas forradas a ouro”. Robert Smidt, o escritor americano que tanto estudou o barroco português, chamou à nossa talha dourada “Estilo Nacional”. De facto, foi um fenómeno único na Europa. A união entre a talha dourada e os azulejos em azul e branco assume carácter especificamente português. Este convento é um exemplo dessa original simbiose, como a Igreja da Madre de Deus e a de Marvila.
Embutidos – (1693?) ou “ mosaico florentino” em mármore, de inspiração italiana, aqui feito com a “brecha” da Arrábida, também chamados “embrechados”. São atribuídos a João Antunes que, antes de ser Arquitecto, começou por ser “Mestre de Pedraria”, com uma vasta obra (ex. “túmulo de Santa Joana em Aveiro”).
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Altar-Mor – de “estilo nacional”, estaria entalhado em 1693 mas só dourado em 1715/1725. Belíssimo sacrário de forma irregular recoberto de anjinhos e estofados. Três colunas com o fuste em espiral – pseudo-salomónicas – decoradas com folhas de acanto formando “volutas”, uvas ( vinho = sangue de Cristo), a Fénix, ave mitológica que se consumia a si própria para depois renascer das cinzas, usada pelos cristãos para simbolizar a Ressurreição de Jesus e os anjinhos a fazerem a colheita eucarística e a dar glória a Deus. Trata-se de obra atribuída ao entalhador José Rodrigues Ramalho (1660 – 1721) que muito colaborou com João Antunes. As colunas são rematadas por arcos concêntricos talvez inspirados nas igrejas românicas. O trono em pirâmide é também típico português. Quadros seiscentistas que vieram para aqui depois do terramoto. Belíssimas imagens de N. Srª da conceição, S. José e Santa Teresa. As imagens são em madeira “estofada” como a maioria das outras no convento. De salientar o belíssimo postigo decorado a “trompe´l´oeil” e “chinoiserie".
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Convento dos Cardaes
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Sacristia
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Coro-baixo
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Sala Mariana
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Sala da Paixão
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Claustro grande
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Oratório
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Refeitório
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Oratório a precisar de... restauro.
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Escadaria conventual

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Corredor
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Cela de recolhimento e trabalhos das freiras.
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Ante-Coro
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Sala do Capítulo
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Coro Alto
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Coro-Alto
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Rua de O Século.

4 comentários:

Unknown disse...

Genial.
Magnífica reportagem, o património português ainda pode ter esperança, por haver quem lhe faça uma documentação e divulgação meritória.

O Sr. Prusidente da Xunta disse...

Parabéns ao SOS Lisboa pela reportagem e à “Associação de Nª. Sra. Consoladora dos Aflitos” pela manutenção exemplar do "seu" Património. É de louvar a divulgação de um local como este em Lisboa.

Maria Henriqueta disse...

Sou voluntária no Convento dos Cardaes e autora deste texto que foi usado nesta reportagem.
Não venho fazer qualquer reclamação sobre isso, mas apenas uma rectificação : Onde refere "Cela de recolhimento e trabalhos das freiras." não está correcto. Sempre foi chamada "Capela de São José" pelo quadro que lá figura.

Mario disse...

Boa tarde, sou Mario Chiapetto, itaiano, apaixanado por Lisboa. Os meus parabéns!