quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O anjo sorridente.



Alguns acontecimentos foram desagradáveis no ano que agora termina. Mas muitas coisas maravilhosas aconteceram a cada um de nós. 2009 vai trazer-nos de novo coisas menos boas e outras tantas maravilhosas. Quando, no ano que agora terminou, acompanhei um familiar de 94 anos à sua última morada, enquanto passeava por entre as campas floridas, encontrei um anjo. Percebi que há momentos para sorrir e que há momentos para lágrimas. Sorrisos ou prantos fazem parte do mesmo tempo, o nosso. Naquele instante, enquanto o anjo me fitava atrevido, parei de chorar por dentro o ente querido que ali me levara. As lágrimas começaram a escorrer-me pela cara. Descontroladamente.
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Os anos são sempre todos maus e bons. 2009 não será muito diferente.
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Cemitério dos Olivais, Novembro de 2008.

Bom 2009.


Largo dos Loios.

Finalmente.


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O Pátio de Dom Fradique tem sido tema na blogosfera como exemplo de incúria e desleixo por parte da edilidade. Este espaço foi expropriado pela Câmara Municipal de Lisboa, que se tornou proprietária e responsável pelo Pátio a partir de 2001. Foi com agrado que descobrimos que a Câmara Municipal de Lisboa e a Unidade de Projectos de Alfama estão, há cerca de um mês, a desenvolver trabalhos de consolidação do que resta das habitações naquele espaço; estão ainda a proceder à limpeza do local com o fim de afastar do mesmo alguns toxicodependentes que ali acorriam e também a entaipar portas e janelas.

Uma primeira abordagem arqueológica do terreiro está a ser dirigida pelos arqueólogos da CML, Marina Carvalhinhos e Nuno Mota, segundo o arqueólogo António Valongo que se encontrava a trabalhar no local.
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Esta foi uma batalha do Lisboa SOS (e de muitos outros). 2008 acaba bem.
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Diga adeus ao ano velho.


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Rua Afonso Lopes Vieira.

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O senhor doutor e a esposa foram a banhos.


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Rua Afonso Lopes Vieira.
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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Os domingos no Cais das Colunas.













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A avó Irene tinha uns óculos com lentes que pareciam fundos de garrafa e que lhe tornavam os olhos muito pequeninos. Aos domingos a avó Irene gostava de nos oferecer bolos. Lembro-me de apanhar o eléctrico no Largo do Calvário, o n.º 18, que por lá passava a caminho da Ajuda ou na direcção da Praça do Comércio. Era junto da estação fluvial dos barcos para Cacilhas e para o Barreiro que algumas mulheres se reuniam a vender bolos que para ali transportavam em grandes cestos de verga cobertos por panos brancos de linho. Custavam um escudo a dúzia – é verdade, um escudo uma dúzia de bolos – ainda hoje me lembro, os bolos de arroz, os queques e as arrufadas. Sim, porque as bolas de Berlim com creme eram um bocadinho mais caras. A clientela era muita e vinha de vários sítios da cidade. Depois, sentávamo-nos a comer os bolos e a ver o Tejo no Cais das Colunas. Os barcos a chegar e a partir. O Cristo-Rei a crescer, a Ponte a ser construída. No fim, íamos ao Martinho da Arcada beber uma gasosa ou um pirolito que dava direito a bilas e regressávamos ao Cais das Colunas, onde nos esperava sentada a avó de óculos com lentes que pareciam fundos de garrafa e lhe tornavam os olhos muito pequeninos. Nunca mais terei estes domingos com a avó Irene no Cais das Colunas.
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