segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Maná, maná.







E do céu cai um maná na garagem de Lisboa
Por António Rodrigues, publicado em 24 Dez 2011 - 03:00 Actualizado há 2 dias 9 horas
Todos os dias ali se pede o dízimo em troca do milagre da multiplicação dos rendimentos. A fé para curar a crise

António Variações cantou “Devia ser a nossa forma de viver/Dar e Receber” e na Igreja Pentecostal das Missões, numa garagem ali para a Almirante Reis, em Lisboa, diariamente o pastor pede aos fiéis, na maioria brasileiros, que dêem, dêem porque depois é só receber e receber. Um dízimo investido hoje para ter rendimento de 100% amanhã, garante o pastor.

“Irmãos e Irmãs, o dízimo é o valor de referência do rendimento que cada um de vós deseja obter de Deus. Por exemplo: uma pessoa que entrega a Deus 100 euros de dízimo, no mês seguinte vai obter de Deus um rendimento de mil euros; mas se entregar 150 euros de dízimo, Deus vai retribuir-lhe com mil e quinhentos euros, e assim sucessivamente”, explica o pastor.

A aritmética é fácil de seguir e – seria capaz de jurar, a melhor do mercado –. Em tempo de crise económica e financeira, com os bancos a emprestar cem só a quem tem mil, que nos caiam do céu juros destes e com garantia divinal, leva os fiéis a cair na tentação de deixar umas notas no cesto que passa de mão em mão.

A relação entre dar e receber não é assim tão directa na Igreja Pentecostal das Missões, tal como em qualquer outra igreja judaico-cristã que desde tempos imemoriais pede dinheiro para ajudar às almas. Será talvez mais próxima à dos Jogos da Santa Casa da Misericórdia cujo maná, no entanto, continua a ter um melhor retorno de investimento e, se calhar, uma probabilidade do mesmo nível. Seja como for, nada como ter fé: nas pentecostais missões ou nas cruzinhas do euromilhões.

(jornal «i»)

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