Construção Causaram polémica quando foram...
Primeiro estranham-se depois entranham-se
por INÊS BANHA
"É a maneira de ser do português: tudo o que é novo não presta e depois é bom", desabafa Vítor Serrão, que o DN encontrou perto do Centro Cultural de Belém (CCB). As palavras referiam-se àquele espaço, mas poderiam ser ditas a propósito de outros edifícios que, polémicos aquando da sua construção, aparentam estar hoje integrados na capital. E, alguns deles, até receberam o Prémio Valmor, prestigiado galardão arquitectónico.
O CCB foi inaugurado em 1993, após muita contestação. Em 1992, fora a sede da presidência portuguesa da União Europeia. Criticado pela proximidade aos Jerónimos e pela sua estética, nasceu sem que nada fosse demolido.
Quase 18 anos depois, Marina Tavares Dias, olisipógrafa, frisa que o equipamento se transformou numa mais-valia para Lisboa, independentemente do seu aspecto arquitectónico. "A discussão da arquitectura é puramente académica. É o que está lá dentro que interessa à cidade", afirma ao DN.
Opinião semelhante tem sobre as Amoreiras, inauguradas em 1985, após muita contestação. Para o olisipógrafo Appio Sottomayor, este tipo de polémica é normal. "Tudo quanto é inovação, sobretudo agressiva, provoca esse género de agressão", explica ao DN. Além disso, salienta Marina Tavares Dias, no caso das Amoreiras, apenas um parque da Carris foi demolido para construir o centro comercial, que, em 1993, recebeu o Prémio Valmor.
Mas não há compreensão para com o centro comercial Monumental, edificado em 1993, após a demolição do cinema homónimo. "O edifício que lá estava era muito mais importante", "foi um caso em que a cidade perdeu", sustenta. E Appio Sottomayor "até dá um bocado de razão a quem diz que se integrava" melhor.
José Dias Dinis, lisboeta que o DN encontrou na praça, não gosta do aspecto do imóvel que substituiu o cinema. E, apontando para prédio antigos, diz: "Estas são praças emblemáticas, têm de ter harmonia." A crítica estende-se ao Atrium Saldanha, agraciado, em 2001, com o Prémio Valmor.
Já Tiago Martins não se lembra do Saldanha de antes e gosta do que vê. "Vieram dar um ar mais recente à praça. Em termos paisagísticos valorizaram", diz.
Também o actual edifício da Culturgest parece agradar aos jovens com quem o DN falou. Mas não convence Marina Tavares Dias, que argumenta que, com ele, Lisboa não ganha em termos funcionais.
Mais recente foi a polémica da reitoria da Universidade Nova, que depois recebeu o Prémio Valmor. Afinal, como conclui ao DN Appio Sottomayor, "a cidade não fica parada no tempo".
› Em 1987, o secretário de Estado da Cultura publicou um despacho em que ordenou o embargo administrativo das obras a decorrer na Rua dos Jerónimos. No local, teriam nascidos duas torres, com altura superior ao Mosteiro dos Jerónimos, destinadas à habitação e ao comércio.
› Em 2001, o arquitecto Adalberto Dias propôs ligar a Baixa lisboeta ao Castelo de São Jorge através de um elevador. O projecto, pedido pelo então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, João Soares, previa a construção de uma estrutura com 85 metros de altura e um passadiço metálico de cerca de 200 metros.
› Em 2003, Álvaro Siza propôs a construção de três torres de 105 metros nos terrenos da antiga fábrica da SIDUL. Os edifícios, cada um deles com 35 andares, tinham uma altura superior à Ponte 25 de Abril, sendo esta a base da contestação. Em 2004, o promotor desistiu devido aos custos.
(in Diário de Notícias).
Primeiro estranham-se depois entranham-se
por INÊS BANHA
"É a maneira de ser do português: tudo o que é novo não presta e depois é bom", desabafa Vítor Serrão, que o DN encontrou perto do Centro Cultural de Belém (CCB). As palavras referiam-se àquele espaço, mas poderiam ser ditas a propósito de outros edifícios que, polémicos aquando da sua construção, aparentam estar hoje integrados na capital. E, alguns deles, até receberam o Prémio Valmor, prestigiado galardão arquitectónico.
O CCB foi inaugurado em 1993, após muita contestação. Em 1992, fora a sede da presidência portuguesa da União Europeia. Criticado pela proximidade aos Jerónimos e pela sua estética, nasceu sem que nada fosse demolido.
Quase 18 anos depois, Marina Tavares Dias, olisipógrafa, frisa que o equipamento se transformou numa mais-valia para Lisboa, independentemente do seu aspecto arquitectónico. "A discussão da arquitectura é puramente académica. É o que está lá dentro que interessa à cidade", afirma ao DN.
Opinião semelhante tem sobre as Amoreiras, inauguradas em 1985, após muita contestação. Para o olisipógrafo Appio Sottomayor, este tipo de polémica é normal. "Tudo quanto é inovação, sobretudo agressiva, provoca esse género de agressão", explica ao DN. Além disso, salienta Marina Tavares Dias, no caso das Amoreiras, apenas um parque da Carris foi demolido para construir o centro comercial, que, em 1993, recebeu o Prémio Valmor.
Mas não há compreensão para com o centro comercial Monumental, edificado em 1993, após a demolição do cinema homónimo. "O edifício que lá estava era muito mais importante", "foi um caso em que a cidade perdeu", sustenta. E Appio Sottomayor "até dá um bocado de razão a quem diz que se integrava" melhor.
José Dias Dinis, lisboeta que o DN encontrou na praça, não gosta do aspecto do imóvel que substituiu o cinema. E, apontando para prédio antigos, diz: "Estas são praças emblemáticas, têm de ter harmonia." A crítica estende-se ao Atrium Saldanha, agraciado, em 2001, com o Prémio Valmor.
Já Tiago Martins não se lembra do Saldanha de antes e gosta do que vê. "Vieram dar um ar mais recente à praça. Em termos paisagísticos valorizaram", diz.
Também o actual edifício da Culturgest parece agradar aos jovens com quem o DN falou. Mas não convence Marina Tavares Dias, que argumenta que, com ele, Lisboa não ganha em termos funcionais.
Mais recente foi a polémica da reitoria da Universidade Nova, que depois recebeu o Prémio Valmor. Afinal, como conclui ao DN Appio Sottomayor, "a cidade não fica parada no tempo".
› Em 1987, o secretário de Estado da Cultura publicou um despacho em que ordenou o embargo administrativo das obras a decorrer na Rua dos Jerónimos. No local, teriam nascidos duas torres, com altura superior ao Mosteiro dos Jerónimos, destinadas à habitação e ao comércio.
› Em 2001, o arquitecto Adalberto Dias propôs ligar a Baixa lisboeta ao Castelo de São Jorge através de um elevador. O projecto, pedido pelo então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, João Soares, previa a construção de uma estrutura com 85 metros de altura e um passadiço metálico de cerca de 200 metros.
› Em 2003, Álvaro Siza propôs a construção de três torres de 105 metros nos terrenos da antiga fábrica da SIDUL. Os edifícios, cada um deles com 35 andares, tinham uma altura superior à Ponte 25 de Abril, sendo esta a base da contestação. Em 2004, o promotor desistiu devido aos custos.
(in Diário de Notícias).
1 comentário:
O CCB deveria servir de padrão para a manutenção do resto da cidade. Das poucas coisas a par da Gulbenkian dignas deste velho continente....
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