Reabertura
Olhar o passado e o futuro do Museu de Arte Popular
por MARIA JOÃO CAETANO
O MAP reabre hoje, parcialmente, com uma exposição de autoquestionamento.
O enorme Lenço de Namorados, concebido pela artista plástica Joana Vasconcelos e bordado por vários famosos e anónimos, à porta do então fechado Museu de Arte Popular a 16 de Maio de 2009, é um dos símbolos da controversa história deste museu e, por isso, não podia estar ausente da exposição Os Construtores do MAP - um museu em construção, que marca a reabertura do MAP. A exposição pretende como foi pensado este museu, como se enquadrou na sua época, como entrou em decadência e como se está a trabalhar para que volte a ser um ponto de referência.
Figurinos do Teatro Povo, emprestados pelo Museu do Teatro. Imagens da Exposição do Mundo Português, cedidas pela RTP. Um filme, vindo da Cinemateca, sobre a aldeia de Monsanto, que em 1938 ganhou o concurso de aldeia mais portuguesa de Portugal. O "Galo de Prata" - o troféu desse mesmo concurso. E muitas miniaturas - dos trajes tradicionais portugueses, do nosso artesanato, dos objectos ligados à agricultura e à pesca.
O resto do espólio está ainda a ser tratado, uma vez que o museu foi fechado e esvaziado em 2006 para que ali se começasse a construir um moderno Museu da Língua Portuguesa. Foi necessário um movimento cívico, uma petição com quase cinco mil assinaturas e um lenço bordado por manifestantes para que o governo voltasse atrás e anunciasse, há um ano, a reabertura do MAP. No Dia Internacional dos Museus, o MAP mostrou-se tal como estava em limpezas, vazio mas com um edifício que tem muitas histórias para contar. De então para cá, recebeu algumas festas (uma das estratégias do Instituto dos Museus e da Conservação para rentabilizar os seus espaços) e a equipa dirigida pela arquitecta Andreia Galvão continuou o seu trabalho. É altura de mais uma inauguração. Parcial. O mais importante, diz a directora, é que as pessoas se interessem pelo MAP, que o questionem: "A identidade do museu está a ser construídas e queremos que seja um processo participativo. É um debate que terá de centrar-se naquela que foi a génese do MAP: mostrar o que é ser português. Perguntamo-nos o que é ser português e como é que o podemos mostrar, como olhamos para a nossa tradição sabendo que vivemos numa sociedade multicultural, como podemos sentir orgulhos em nós próprios, e que papel pode ter o MAP hoje."
(in Diário de Notícias).
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