quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O novo Cais das Colunas.





Frente ribeirinha
Lisboa com praia na Ribeira das Naus ganha 18m ao Tejo
por RAQUEL TERESO
Obras de dez milhões de euros vão mudar a circulação e criar zonas de lazer. Uma parte desconhecida de Lisboa vai ser revelada e revolucionar a Ribeira das Naus

Jardins, uma praia fluvial, uma nova estrada paralela ao rio Tejo, pontões e mais 18 metros de terreno ganhos ao rio são as estruturas que vão nascer na renovada Ribeira das Naus, uma zona nobre da cidade de Lisboa, onde hoje se realizam paradas da Marinha e há aterros votados ao abandono.

O novo espaço, que fará a ponte entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, destina-se a ser utilizado pelo público, aproximando-o do rio pela remoção de um dos obstáculos a esse contacto: o trânsito. O objectivo, explica o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, é que esta "deixe de ser uma zona de atravessamento e passe a ser uma zona de fruição pelo população".

Para isso, a Avenida da Ribeira das Naus será desviada e construída uma nova estrada paralela ao rio e à praia fluvial, que se depositará numa rampa sustentada por estacas metálicas com 30 metros de profundidade.

Dois pontões, nas extremidades da plataforma inclinada, suportarão a estrutura, entrando rio adentro. Será criado um viaduto, onde circularão automóveis, peões e bicicletas, que poderão usufruir de 200 metros de costa à vista. A praça alternará entre zonas relvadas, zonas de calçada branca e zonas escuras em basalto, que "simboliza o rio" nos seus antigos limites, como explica João Gomes da Silva, um dos arquitectos paisagistas encarregues do projecto.

O protocolo que desbloqueou o projecto de requalificação da Ribeira das Naus foi assinado ontem ao final da manhã. Foi rubricado pelos parceiros do projecto (ver caixa) e estabelece os termos da intervenção na área de domínio da Marinha, contígua às suas instalações centrais, em que estão presentes os artefactos arqueológicos que serão a jóia da coroa do novo espaço.

O dique do Arsenal vai ser desenterrado, recuperando a estrutura da doca seca e as rampas de varadouro, que permitia a reparação de navios em seco, através de um sistema de comportas que controlava a passagem da água. E a doca da "Caldeirinha", que acolhia pequenos barcos, também será de novo desvendada.

Uma operação que só se será possível pela cedência, por parte da Marinha, dos territórios em que se encontravam os artefactos. Em contrapartida, a Marinha passará a utilizar a zona onde está actualmente o parque de estacionamento do Corpo Santo, "para compensar a perda de espaço funcional", afirmou António Costa.

"Não vamos ter só um jardim, mas um jardim que permite relembrar e trazer aos dias de hoje aquilo que foi uma presença muito marcante da Marinha na cidade de Lisboa". Uma cidade que, como sublinha, só é cidade "porque começou por ser porto".

Um projecto que faz parte de uma visão maior que é a requalificação da frente ribeirinha, a cargo da sociedade anónima Frente Tejo, financiada por capitais públicos e orientada pelo ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, e pela ministra do Ambiente, Dulce Pássaro.

A obra terá um custo total de dez milhões de euros, sendo que "3,5 virão do quadro comunitário de apoio e os restantes 6,5 da câmara e da Sociedade Frente Tejo", como explicou João Biencard Cruz, presidente da Frente Tejo, que arcará com "uma fatia substancial" do financiamento.

Adiantou ainda que "a obra está dividida em duas empreitadas, o avanço de margem e a parte de terra", cujos concursos públicos serão lançados ainda este ano. A fase de obra, disse, deverá demorar "pelo menos um ano".

(in Diário de Notícias).

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