Falta de verbas obriga a encerrar uma das três piscinas olímpicas de Lisboa
Por Marisa Soares
Piscina do Restelo, propriedade do Belensenses, tem dado prejuízos de 200 mil euros por ano e o clube recusa continuar a endividar-se. Decisão afecta atletas e público em geral
É uma das três piscinas olímpicas da zona de Lisboa (Restelo, Cidade Universitária e Jamor, esta última já no concelho de Oeiras), e "a mais bonita de Portugal", assevera Miguel Valente, antes de mergulhar na piscina de 50 metros com vista para o Tejo e para o Cristo Rei. "Vai fechar? Não sabia." Como ele, as cerca de 3000 pessoas que todos os meses frequentavam a piscina olímpica do Beleneses, no complexo desportivo do Restelo, foram surpreendidas com a notícia do seu encerramento, a partir de amanhã.
A direcção do Belenenses justifica a decisão, que anunciou no site a 21 de Agosto, com os "custos insustentáveis" do espaço.
Os prejuízos desta infra-estrutura rondam os 200 mil euros por ano. O vice-presidente do clube, Luís Bettencourt, explica que as facturas de água, gás, luz e os ordenados ultrapassam os 500 mil euros/ano, mas as receitas ficam-se pelos 335 mil euros. "O clube tem um passivo de cinco milhões de euros e quatro milhões de ordenados em atraso", explica. Perante este cenário, "a direcção não tem outra alternativa".
O temporal de Fevereiro de 2009 danificou a cobertura da piscina. O arranjo custará 100 mil euros , explica o dirigente. Além disso, "não faz sentido tapar a piscina sem fazer as outras intervenções necessárias". E são muitas. Inauguradas em 1993, as instalações acusam os anos e a falta de manutenção: as máquinas de filtrara água e as caldeiras estão enferrujadas, os tubos estão cobertos de remendos. Para as obras, o clube precisa de meio milhão de euros, de acordo com o presidente João Almeida, citado pela Lusa.
"Não queremos envolver-nos em leasing, para não hipotecar a próxima direcção", acrescenta o vice-presidente. "Se arranjássemos um patrocinador que pagasse a cobertura, poderíamos mantê-la aberta", frisa.
Alguns sócios ainda acreditam que a piscina é sustentável. "O que falta é espírito empresarial por parte da direcção", critica Ana Caio, sócia do clube e que ajudou a organizar uma concentração na piscina olímpica, marcada para hoje às 18h00, para mostrar o desagrado perante este desfecho.
Vítor Cunha, atleta master de natação no Belenenses, lembra que "esta piscina tem muitas valências" e defende que não podem deixar que encerre. Ali pratica-se natação de alta competição, pólo aquático (modalidade que a direcção também suspendeu, a par com o hóquei de sala e o hóquei em campo) e triatlo. "A olímpica já deu lucro, mas a direcção não reinvestiu esse dinheiro na piscina", lamenta.
Mais do que a decisão do encerramento, Teresa Ribeiro, sócia do clube há 10 anos e frequentadora assídua da piscina, critica a "falta de comunicação" entre a direcção e os sócios. A triatleta portuguesa Anais Verguet-Moniz, ao serviço do clube há dez anos, diz que está "desiludida" com o encerramento de uma piscina que "formou atletas de excelência ao longo dos últimos anos." Para quem quiser continuar a nadar no Restelo, a alternativa é a piscina média (25 metros), que será coberta no final de Setembro e que continuará aberta, pelo menos até ao final deste ano, porque o Belenenses também está a estudar a viabilidade financeira destaa piscina mais pequena. com Nuno de Noronha
(in Público)
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NOTA LISBOA SOS:
1) Entretanto, em Lisboa, falam de uma igreja do Troufa...
2) Só fica a existir 1 (uma) piscina olímpica na capital. A outra é no concelho de Oeiras.
3) A piscina do Belenenses é frequentada por 100 pessoas por dia, em média.
4) O novo presidente do Belenenses, o ex-deputado João Almeida, começa bem. Sim, senhor. O miúdo faz-se. Faz-se de parvo.