Isto é a Sinopse do filme A Comédia de Deus, 1995 de João César Monteiro, uma parte foi filmada na Piscina Municipal do Areeiro. O estado de degradação em que se encontra é inexplicável. È um desperdício de infra-estruturas desportivas fundamentais para a ocupação dos tempos livres de jovens e idosos. A responsabilidade desta tragédia tem de ser imputada à autarquia que permite tal situação sem pingo de vergonha. Um pentelho como diria o erudito Eduardo Catroga. Isto só à bengalada...
Inaugurada faz agora 45 anos, mais exactamente a 16 de Abril de 1966, pelo Chefe de Estado, almirante Américo Tomás. A sua construção demorou dois anos e custou 10 mil contos (50 mil euros). Era uma piscina olímpica - 25x12,5 -, com uma lotação de 250 a 300 pessoas que pagavam 9 escudos no Inverno e 8 no Verão.
Dispunha de dois balneários, um para senhoras, no primeiro andar, com 24 cabinas e 196 cabides, além de 8 secadores eléctricos de cabelo que poderiam ser utilizados sem qualquer aumento de taxa, e outro para homens, com a mesma lotação no piso térreo.
No subsolo, estava instalado todo o vasto e complexo conjunto electrónico, cujo órgão principal era um quadro-computador, através do qual era possível orientar o funcionamento das diferentes peças da engrenagem da piscina. "Diário Popular", Abril de 1966.
LisboaSOS, 2 de Junho de 2012
Foi aqui que Paulo Frischknecht e Rui Abreu, históricos da natação portuguesa, ganharam as primeiras medalhas com braçadas de glória. Foi aqui, nesta piscina, que aprendi a nadar, no ano de 1972, nesse ano tinha estreado a Escola António Arroio no Alto do Pina, às quintas-feiras tínhamos natação na Piscina do Areeiro, por isso devem imaginar o que senti quando aqui entrei para me inteirar do que está há muito tempo denunciado na Internet. Entretanto a edilidade faz orelhas moucas. Os autarcas que nos querem aumentar o IMI são os mesmos que não vêm o estado do nosso património. A piscina do Areeiro, em plena Avenida de Roma, está completamente abandonada e vandalizada, constituindo um desperdício dos bens públicos, um desrespeito inadmissível da autarquia pelos munícipes.
As fotografias e o vídeo mostram o estado atual da piscina. A Câmara de Lisboa diz que vai assinar um contrato de concessão do espaço a uma empresa espanhola, que vai reabilitar a piscina. Um discurso sempre adiado. Até lá, além do lixo, o perigo espreita. Actualmente o local serve para um pouco de tudo, desde pista de skate, a consumo de drogas e a dormitório de sem-abrigos.
Learning To Swim decorreu de 24 a 30 de Junho de 2010 na, agora desactivada, Piscina Municipal do Areeiro.
Desde 2006 que a piscina se encontra desactivada, encontrando-se actualmente em avançado estado de degradação e ameaçada de demolição total. A piscina deixou de ter água, e está recheada de grafittis e sem paredes e janelas que a protejam dos elementos. Por esse motivo foi utilizada para um espectáculo de teatro intitulado "Learning to Swim", da responsabilidade do Teatro Maria Matos, que estreou a 24 de Junho de 2010. O cenário foi sugerido pelo director artístico do Maria Matos, Mark Deputter. Segundo Paula Diogo, co-autora da peça e uma das suas intérpretes, o espaço foi escolhido por ser “a metáfora perfeita para a ideia de falha que está subjacente ao facto de não se saber nadar, porque é um espaço que perdeu a sua função original”.
Em 2006, quando a autarquia anunciou o abate desta e mais duas piscinas municipais (Olivais e Campo Grande), várias vozes levantaram-se contra essa decisão, entre as quais Helena Roseta, à época presidente da Ordem dos Arquitectos, que escreveu ao então presidente da câmara, Carmona Rodrigues, alertando para a importância destas obras arquitectónicas. Segundo Helena Roseta esta piscina insere-se num contexto de piscinas de "referência para os arquitectos e para as populações", como a do Campo Grande, de Francisco Keil do Amaral e a dos Olivais, de Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes. Segundo a mesma arquitecta, todas estas piscinas "foram executadas com um cuidado extremo, quanto à funcionalidade, à articulação com as artes plásticas e à pormenorização construtiva que revelam a destreza e inteligência da arquitectura produzida no país durante a década de 60." Helena Roseta, que actualmente (2011) serve como vereadora por Lisboa, deixou de criticar a demolição, dadas as condições financeiras do município.
Em 2008 os vereadores eleitos pelo movimento Cidadãos por Lisboa (CPL) pediram que esta piscina, assim como a dos Olivais e Campo Grande, fizesse parte do inventário municipal do património para posterior reabilitação, respeitando os projectos originais.
[Pois...pois...]
Os vereadores destacaram que esta e as outras piscinas são «obras de consagrados arquitectos do século XX», nomeadamente Alberto José Pessoa (Areeiro), Francisco Keil do Amaral (Campo Grande), e Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes (Olivais). Em 2009 o edifício encontrava-se catalogado nesse inventário.
[Blá...blá...blá...]
Fotografia: Carlos Caria, facebook no CidadaniaLX
Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes (Olivais)
A coragem deles com o nosso dinheiro... Vergonha não lhes falta.
2 comentários:
Magnífico cenário de grafiti
Longe de pensar que este Pais esta neste estado, parecem imagens de guerra, pensei por momentos que estava em Angola a 30 anos a traz.
Obrigado pela sua sensibilidade e informação.
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