segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Incêndio a incêndio, Lisboa melhora.







Lisboa: 35 pessoas resgatadas devido a Fogo em prédio na Rua Braamcamp

“Só tive tempo para salvar os meus irmãos”
Samuel Mouronho, de 18 anos, via televisão no quarto com Francisco, de dois anos e meio, e de Maria, de 15, quando a madrasta lhe ligou. "Ela disse-me para fugir, pois estava na rua e viu fumo a sair do prédio. Só tive tempo de pegar no meu irmão ao colo e na Maria e salvá-los."

24 Dezembro 2011
Por:João Tavares / Lurdes Mateus



Quando Samuel começou a descer desde o 4º andar, as escadas do prédio de seis pisos no nº 84 da rua Braam-camp, Lisboa, já estavam envoltas em fumo, provocado pelo fogo que deflagrou às 17h00 de ontem. Ao todo, 35 pessoas foram resgatadas de três prédios, entre os quais 15 idosos de um lar. Um bombeiro ficou ferido ao cair na cobertura onde deflagrou o incêndio, sendo transportado ao Hospital de São José (ver caixa).

As chamas só foram dominadas pelos bombeiros cerca de duas horas depois, perante o olhar de dezenas de pessoas que passavam naquela artéria no centro de Lisboa. Três auto-escadas bombearam milhares de litros de água para a cobertura do prédio, que ficou totalmente destruída.

No meio da confusão, e depois de já ter entregue os irmãos aos pais, Samuel voltou a subir as escadas - contra a indicação de alguns bombeiros já no local - para salvar a cadela Yuki, de 10 anos, altura em que a clarabóia do prédio explodiu devido ao calor. O jovem foi atingido na cara pelos estilhaços de vidro, sofrendo um pequeno corte no nariz.

Fernando Pires, de 56 anos, pai de Samuel, não queria acreditar em tudo o que se tinha passado. "Este ano é que vamos ter um excelente Natal", dizia desolado ao nosso jornal, ao mesmo tempo que abraçava os filhos.

As chamas terão começado na casa das máquinas do elevador, que estava em manutenção há cerca de quatro dias, disseram os moradores do prédio ao nosso jornal. Segundo o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, que coordenou as operações de combate às chamas, um curto-circuito poderá estar na origem do fogo.

VOLUNTÁRIO FICOU FERIDO SEM GRAVIDADE

André Saraiva, 26 anos, dos Bombeiro Lisbonenses, estava na primeira linha de combate às chamas quando a cobertura cedeu e caiu no saguão (forro da cobertura). "Sofreu escoriações nas duas pernas, mas não foi grave", explicou ao CM José Bento, comandante dos Lisbonenses. André foi para o Hospital de São José e teve alta ainda ontem. Uma bombeira da mesma corporação sentiu-se indisposta e saiu das operações.

CURTO-CIRCUITO NO ELEVADOR NA ORIGEM DO FOGO

A coordenação das operações esteve a cargo do Regimento de Sapadores de Lisboa. O comandante, coronel Joaquim Leitão, explicou que "a grande preocupação foi evitar que as chamas alastrassem ao prédio ao lado".

O responsável avançou ainda que a causa deste incêndio poderá estar num curto-circuito na casa das máquinas do elevador, cujos cabos estavam a ser substituídos há cerca de uma semana.

"ESTÁ TUDO DESTRUÍDO MAS NÃO HÁ FERIDOS": Rodrigo Rodrigues, dono da Once Upon a Brand

Correio da Manhã - Como se aperceberam do incêndio?

Rodrigo Rodrigues - Eu não estava na empresa, que fica mesmo no 6.º andar, mas houve uma funcionária nossa que se apercebeu do fumo quando veio à janela. Avisou as outras pessoas e fugiram todos. Ao deixar o prédio, na confusão, ainda se magoou no pé.

- Quantas pessoas estavam na empresa?

- Somos uma empresa de design de marcas, com 18 funcionários, mas só lá estavam três. Está tudo destruído, mas, felizmente, não houve quaisquer feridos.

- Que vai ser agora desta empresa e dos funcionários?

- No meio disto tudo, um funcionário nosso lembrou-se de pegar em três computadores e trouxe-os para a rua. Foi a única coisa que se salvou desta tragédia. Agora vamos passar o Natal e, onde quer que seja, na segunda-feira vamos estar de volta ao trabalho.

FORÇAS ARMADAS RECEBEM VÍTIMAS

O Centro de Atendimento dos Antigos Combatentes, que fica nas instalações do Centro de Recrutamento das Forças Armadas, dois prédios ao lado do que ardeu, serviu de quartel general às vítimas, em especial aos 15 idosos que foram evacuados pelas autoridades por mera precaução.

Foi igualmente nessas instalações que vários elementos da Protecção Civil de Lisboa deram todo o tipo de assistência às vítimas do incêndio, além de ter recolhido os dados dos lesados.

As vítimas - algumas delas em visível estado de nervosismo - também procuraram aquele espaço para evitar as baixas temperaturas que se faziam sentir àquela hora, protegendo-se igualmente do fumo e da alguma água que caía.

Aos poucos, os moradores lesados foram sendo alertados pelos bombeiros e Protecção Civil do estado de cada uma das habitações, podendo muitos voltar às suas residências. Alguns, no entanto, preferiram ir para casa de familiares. A água afectou muitas dos andares do prédio que ardeu.


(in Correio da Manhã)

1 comentário:

Nuno Castelo-Branco disse...

Uma tarde feliz para a gente da CML. Mais uma demolição em perspectiva, mais um mamarracho a ser construído. É esta, a Lisboa deste regime de pacotilha que não há forma de dar "o berro".