Apresentações do novo Museu dos Coches custaram 75 mil euros
Por Ana Sá Lopes,
O governo anterior gastou cerca de 75 mil euros só em duas sessões de apresentação do novo Museu dos Coches
Museu dos Coches é o mais visitado museu de Portugal. Foi este o argumento do governo para construir um segundo museu com o mesmo objectivo
O novo Museu dos Coches teve duas cerimónias de apresentação pública durante o anterior governo que ficaram bastante caras a quem paga impostos. Uma das sessões de propaganda foi feita sob o patrocínio dos antigos ministros da Economia e Cultura dos governos Sócrates, respectivamente, Manuel Pinho e José António Pinto Ribeiro.
A outra sessão governamental – a do lançamento da primeira pedra – foi presidida pelo próprio José Sócrates e serviu para “abrilhantar” os 100 dias de governo. As duas acções de “comunicação política”, juntas, custaram aos cofres do Estado quase 75 mil euros. Os valores estão discriminados no relatório de Setembro do Turismo de Portugal, a que o i teve acesso.
O contrato mais caro foi o da apresentação conjunta do projecto por Manuel Pinho e António Pinto Ribeiro – os custos da sessão ficaram em 43 290,19 euros. “Ligeiramente” mais barata foi a cerimónia do lançamento da primeira pedra, presidida pelo ex-primeiro-ministro José Sócrates. Só para que Sócrates colocasse a dita primeira pedra (que serviu também para festejar os 100 dias do seu governo), o Estado teve de gastar quase 30 mil euros. A conta final ascendeu a 29 443,71 euros.
Na altura, o crítico de arte Alexandre Pomar chamava ao lançamento da primeira pedra uma “cerimónia insólita no quadro de crise financeira que força o abandono ou adiamento de outros investimentos e projectos, com um Instituto dos Museus e da Conservação falido e crivado de dívidas”. Segundo os relatos da época, não se chegou a lançar uma primeira pedra nem houve grandes revelações sobre o futuro museu. Serviu sobretudo para Sócrates dar aquilo a que chamou um “sinal claro de investimento numa área cultural e museológica”, um “investimento na arquitectura”, para anunciar ao país que “Lisboa não desiste da sua ambição cosmopolita e universal” e para deixar cair uma confissão intimista: “Sou de uma família de arquitectos. O meu pai é arquitecto, o meu sogro e o meu cunhado são arquitectos e até sempre tive a mania de que sabia alguma coisa de arquitectura, e tenho muitas opiniões sobre a arquitectura.”
Na primeira apresentação do projecto, feita por Manuel Pinho e José António Pinto Ribeiro, o ministro da Cultura incensou “um centro de atracção da zona, renovando assim um acervo museológico único na Europa”. Quanto ao ministro da Economia, lembrou que o novo Museu dos Coches “é uma doação do Turismo de Portugal a Lisboa e ao Tejo”. Pinho salientou que “o turismo precisa ao mesmo tempo de hardware e software”. A construção do novo Museu dos Coches é financiada com 31 milhões de euros provenientes do dinheiro do casino. O projecto inicial do novo museu previa a sua inauguração no centenário da República, há um ano.
(jornal «i»).
O novo Museu dos Coches teve duas cerimónias de apresentação pública durante o anterior governo que ficaram bastante caras a quem paga impostos. Uma das sessões de propaganda foi feita sob o patrocínio dos antigos ministros da Economia e Cultura dos governos Sócrates, respectivamente, Manuel Pinho e José António Pinto Ribeiro.
A outra sessão governamental – a do lançamento da primeira pedra – foi presidida pelo próprio José Sócrates e serviu para “abrilhantar” os 100 dias de governo. As duas acções de “comunicação política”, juntas, custaram aos cofres do Estado quase 75 mil euros. Os valores estão discriminados no relatório de Setembro do Turismo de Portugal, a que o i teve acesso.
O contrato mais caro foi o da apresentação conjunta do projecto por Manuel Pinho e António Pinto Ribeiro – os custos da sessão ficaram em 43 290,19 euros. “Ligeiramente” mais barata foi a cerimónia do lançamento da primeira pedra, presidida pelo ex-primeiro-ministro José Sócrates. Só para que Sócrates colocasse a dita primeira pedra (que serviu também para festejar os 100 dias do seu governo), o Estado teve de gastar quase 30 mil euros. A conta final ascendeu a 29 443,71 euros.
Na altura, o crítico de arte Alexandre Pomar chamava ao lançamento da primeira pedra uma “cerimónia insólita no quadro de crise financeira que força o abandono ou adiamento de outros investimentos e projectos, com um Instituto dos Museus e da Conservação falido e crivado de dívidas”. Segundo os relatos da época, não se chegou a lançar uma primeira pedra nem houve grandes revelações sobre o futuro museu. Serviu sobretudo para Sócrates dar aquilo a que chamou um “sinal claro de investimento numa área cultural e museológica”, um “investimento na arquitectura”, para anunciar ao país que “Lisboa não desiste da sua ambição cosmopolita e universal” e para deixar cair uma confissão intimista: “Sou de uma família de arquitectos. O meu pai é arquitecto, o meu sogro e o meu cunhado são arquitectos e até sempre tive a mania de que sabia alguma coisa de arquitectura, e tenho muitas opiniões sobre a arquitectura.”
Na primeira apresentação do projecto, feita por Manuel Pinho e José António Pinto Ribeiro, o ministro da Cultura incensou “um centro de atracção da zona, renovando assim um acervo museológico único na Europa”. Quanto ao ministro da Economia, lembrou que o novo Museu dos Coches “é uma doação do Turismo de Portugal a Lisboa e ao Tejo”. Pinho salientou que “o turismo precisa ao mesmo tempo de hardware e software”. A construção do novo Museu dos Coches é financiada com 31 milhões de euros provenientes do dinheiro do casino. O projecto inicial do novo museu previa a sua inauguração no centenário da República, há um ano.
(jornal «i»).
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