quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pela hora da morte.







Cemitérios de Lisboa já só têm 8 mil lugares por ocupar
Por Rosa Ramos


No ano passado a câmara recebeu mais de 2,4 milhões de euros de taxas referentes aos sete cemitérios da cidade

Os cemitérios de Lisboa estão a aproximar-se da sua lotação máxima e, no total, os sete da cidade já só têm 8 mil sepulturas livres, das 65 923 sepulturas temporárias totais. Os números que a câmara cedeu ao i mostram que nenhum dos espaços municipais tem actualmente uma taxa de ocupação inferior a 80%.

O caso mais problemático é o do cemitério de Carnide, que tem espaço para 10 mil sepulturas e onde, em Setembro, só restavam 800 lugares disponíveis. Contas feitas, a taxa de ocupação já atingiu os 92%. No cemitério da Ajuda, também no mesmo mês, só sobravam 513 sepulturas, num universo de 5404. Aqui a taxa de ocupação está nos 91%. Quanto ao maior cemitério de Lisboa, o do Alto de S. João, a taxa de ocupação está nos 81%, mas ainda estão por ocupar 3748 das 19 372 sepulturas existentes. Os restantes quatro cemitérios da cidade – Prazeres, Benfica, Olivais e Lumiar – também apresentam uma ocupação considerável: 85%, 83%, 80% e 90%, respectivamente.

milhões em taxas



Só no passado, a Câmara de Lisboa recebeu mais de 2,4 milhões de euros em taxas cemiteriais. Este ano, até 30 Setembro, já tinham entrado nos cofres da autarquia mais de 1,9 milhões de euros relativos à gestão de cemitérios. As taxas municipais aumentaram em Janeiro, apesar de terem sofrido um outro aumento em meados do ano passado. Na altura, a Associação Nacional das Empresas Lutuosas (ANEL) criticou publicamente o novo regulamento das taxas e garantia que, em alguns casos, os aumentos chegavam a atingir os 600%.

Em 2010, a taxa de cremação, por exemplo, subiu de 57,37 euros para 142 euros.

No entanto, desde Janeiro, a taxa de cremação está fixada nos 102,53 euros. Porém, a maioria das taxas voltou a aumentar, com a cremação de ossadas a custar 24,36 euros.

Já a ocupação de uma sepultura temporária, que é válida por um período de cinco anos, custa 64,89 euros, enquanto uma sepultura perpétua rende à Câmara de Lisboa 119,77 euros. A taxa de utilização de um cendrário – o local onde se faz o enterramento de cinzas a seguir à cremação – está fixada em 28,55 euros. Por um jazigo municipal paga-se, por um período de cinco anos, 293,55 euros. Se for por 25 anos, o preço sobe para mais de 1640 euros. Para os que podem, a compra de uma sepultura num dos cemitérios de Lisboa pode chegar aos 3 mil euros. No entanto, se se tratar de um falecido residente fora de Lisboa os preços são ainda mais altos, já que é preciso pagar por uma autorização de enterramento/cremação para não residentes. Para estes casos estabeleceu-se uma taxa de 229,46 euros.

Nos cemitérios da capital nada é à borla: a utilização de uma capela por um período de 24 horas custa 71,65 euros e até a entrada de uma betoneira no cemitério tem de ser paga, segundo o regulamento municipal: se for uma betoneira pequena, o utente terá de pagar 13,69 euros, se for grande, a conta sobe para 34,28 euros. Caso o munícipe utilize a água ou a electricidade dos espaços terá de pagar mais 11,14 euros.

Além de se informar sobre a receita obtida com taxas cemiteriais, o i quis conhecer junto da autarquia os custos da manutenção dos sete cemitérios, mas esses dados não foram divulgados.

Menos funerais

O número de funerais realizados em Lisboa diminuiu o ano passado. Em 2010 houve um total de 8907 cerimónias fúnebres, enquanto em 2009 foram realizados 9113 funerais. Este ano, segundo dados da autarquia, já foram realizados 5759.

Já o número de cremações tem aumentado de ano para ano. Este ano foram feitas 2936 cremações, enquanto em 2010 foram 8907 – o que correspondeu a 53,5% do total de funerais. Há 14 anos, em 1997, fizeram-se apenas 846 cremações, o que representou 2,3% do total de funerais.

(jornal «i»).

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