Feira do livro do tripulante. Páginas que levam às nuvens
Por Maria Espírito Santo,
Até dia 21 de Outubro decorre a primeira Feira do Livro com autores tripulantes de cabine. Saiba o que têm para contar
Esta feira do livro é diferente. Comecemos pela estante, que é uma galley de avião (espécie de cozinha) em tamanho real. Nos compartimentos onde em geral estão os fornos para aquecer as refeições há livros e noutros, onde se guardam copos e talheres, idem. Passando para o conteúdo, são os autores que se destacam: exclusivamente tripulantes de cabine. A ideia foi de três tripulantes, dois deles já reformados: José Borges, José Brás e José Ceitil. “O que temos em comum além do nome é que escrevemos”, conta o último, rematando com uma gargalhada. E assim surgiu a ideia de fazer uma feira do livro muito particular. Levaram a proposta à APTCA (Associação Portuguesa de Tripulantes de Cabine), que agora abriga a feira.
Conheça três autores e os seus livros que estão em exposição. Viajaram pelo mundo mas têm outros gostos e interesses: escrevem romances, poesia, policiais ou contos. É à escolha do freguês.
Catarina Gageiro É tripulante, autora e assessora de comunicação da APTCA. O livro que assina é “Hic et Nunc” (“Aqui e agora”), uma série de artigos que foi escrevendo. Apesar de ter Comunicação Empresarial como formação de base, Catarina já trabalhou em jornalismo. “Aproveitava as estadias para trabalhar, para escrever artigos”, avança, acrescentando que muitas vezes “encontros engraçados resultaram em entrevistas”. Serve de exemplo uma das viagens que fez a Nova Iorque, onde pôde marcar encontro com o coreógrafo norte-americano John Jasperse. Catarina, que se interessa pela área da cultura, mais especificamente por teatro, acredita que a profissão de tripulante é uma vantagem. “É um trabalho desgastante fisicamente mas temos a cabeça livre, não levamos trabalho para casa”, confirma. Confessa ainda que gostaria de utilizar a experiência a bordo, mas não para um livro: “Talvez escrever uma peça de teatro ou fazer um documentário.”
Artur Morgado Pequenos contos, um romance, uma teoria da conspiração. Artur Morgado começou a escrever com alguma regularidade com 20 anos, tornou-se crítico de cinema e fez artigos para diferentes publicações. Começou a publicar livros já a meio da carreira enquanto tripulante. “Histórias do Amanhecer” reúne uma série de contos, de experiências que teve e pessoas que conheceu em formato “conversa de café”. E o título está ligado ao conceito, inspirado na música “Lisboa Que Amanhece”, de Sérgio Godinho: são os diferentes “acordares” da vida destes personagens. Já por outro lado, “Atrás do Pôr do Sol” é um romance em que Artur faz um retrato da sua geração, dos anos 80, das dificuldades ao rock’n’roll. Artur que diz nunca escrever duas coisas iguais confirma que ser tripulante o ajudou como autor. “O grande problema do escritor é pensar será que isto é plausível? Será que existe esta ponte em Hong Kong?”, exemplifica. “O conhecimento dos locais e da realidade humana ajuda muito a construir personagens e descrever locais.”
Joana Mascarenhas Neste caso, o trabalho enquanto tripulante era factor essencial para nascer um livro. Joana Mascarenhas é uma das autoras de “Voar sem Medo”. O livro surgiu a propósito de um programa especial criado pela TAP, “Ganhar Asas”, que faz acompanhamento psicológico e técnico a passageiros cépticos. “Achámos que a nossa experiência devia ser registada por ser pioneira”, conta Joana, que cumpre este ano 20 anos de trabalho enquanto tripulante. No livro, fez uso de algumas experiências a bordo e também da sua licenciatura em Psicologia Clínica. O livro, que junta relatos reais, conselhos práticos e informações técnicas serve para “desmistificar o medo que existe e que não passa de desconhecimento”. Joana sublinha ainda que é uma maneira de valorizar a ligação tripulante/passageiro: “Numa relação que é passageira, superficial, esta é uma forma de criar um registo mais humano.”
APTCA, Av. Almirante Gago Coutinho, 90. O horário da feira é das 11h00 às 18h00 e das 18h00 às 20h00 há tertúlias literárias. Um dos convidados é Joaquim Letria.
(jornal «i»).
Conheça três autores e os seus livros que estão em exposição. Viajaram pelo mundo mas têm outros gostos e interesses: escrevem romances, poesia, policiais ou contos. É à escolha do freguês.
Catarina Gageiro É tripulante, autora e assessora de comunicação da APTCA. O livro que assina é “Hic et Nunc” (“Aqui e agora”), uma série de artigos que foi escrevendo. Apesar de ter Comunicação Empresarial como formação de base, Catarina já trabalhou em jornalismo. “Aproveitava as estadias para trabalhar, para escrever artigos”, avança, acrescentando que muitas vezes “encontros engraçados resultaram em entrevistas”. Serve de exemplo uma das viagens que fez a Nova Iorque, onde pôde marcar encontro com o coreógrafo norte-americano John Jasperse. Catarina, que se interessa pela área da cultura, mais especificamente por teatro, acredita que a profissão de tripulante é uma vantagem. “É um trabalho desgastante fisicamente mas temos a cabeça livre, não levamos trabalho para casa”, confirma. Confessa ainda que gostaria de utilizar a experiência a bordo, mas não para um livro: “Talvez escrever uma peça de teatro ou fazer um documentário.”
Artur Morgado Pequenos contos, um romance, uma teoria da conspiração. Artur Morgado começou a escrever com alguma regularidade com 20 anos, tornou-se crítico de cinema e fez artigos para diferentes publicações. Começou a publicar livros já a meio da carreira enquanto tripulante. “Histórias do Amanhecer” reúne uma série de contos, de experiências que teve e pessoas que conheceu em formato “conversa de café”. E o título está ligado ao conceito, inspirado na música “Lisboa Que Amanhece”, de Sérgio Godinho: são os diferentes “acordares” da vida destes personagens. Já por outro lado, “Atrás do Pôr do Sol” é um romance em que Artur faz um retrato da sua geração, dos anos 80, das dificuldades ao rock’n’roll. Artur que diz nunca escrever duas coisas iguais confirma que ser tripulante o ajudou como autor. “O grande problema do escritor é pensar será que isto é plausível? Será que existe esta ponte em Hong Kong?”, exemplifica. “O conhecimento dos locais e da realidade humana ajuda muito a construir personagens e descrever locais.”
Joana Mascarenhas Neste caso, o trabalho enquanto tripulante era factor essencial para nascer um livro. Joana Mascarenhas é uma das autoras de “Voar sem Medo”. O livro surgiu a propósito de um programa especial criado pela TAP, “Ganhar Asas”, que faz acompanhamento psicológico e técnico a passageiros cépticos. “Achámos que a nossa experiência devia ser registada por ser pioneira”, conta Joana, que cumpre este ano 20 anos de trabalho enquanto tripulante. No livro, fez uso de algumas experiências a bordo e também da sua licenciatura em Psicologia Clínica. O livro, que junta relatos reais, conselhos práticos e informações técnicas serve para “desmistificar o medo que existe e que não passa de desconhecimento”. Joana sublinha ainda que é uma maneira de valorizar a ligação tripulante/passageiro: “Numa relação que é passageira, superficial, esta é uma forma de criar um registo mais humano.”
APTCA, Av. Almirante Gago Coutinho, 90. O horário da feira é das 11h00 às 18h00 e das 18h00 às 20h00 há tertúlias literárias. Um dos convidados é Joaquim Letria.
(jornal «i»).
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