Os três jovens foram detidos esta tarde, por volta das 15h00, no Rossio, em Lisboa, quando participavam numa assembleia popular promovida pelo movimento Democracia Verdadeira Já.
Segundo Renato Teixeira, da organização, a PSP apreendeu fotografias, material de som e boletins para um “referendo popular” que estava previsto acontecer ao longo do dia de hoje. “Sente-se representado no actual sistema democrático?” era uma das perguntas dos boletins.
Foi a presença no Rossio de material de propaganda e de som que levou a Polícia Municipal àquela praça de Lisboa, indicou ao PÚBLICO o oficial de serviço, chefe Ângelo Gonçalves. Desde o passado dia 24, o Rossio tem sido palco diário de “assembleias populares” e durante 12 dias vários jovens chegaram mesmo a acampar ali, sem que se tivesse registado qualquer intervenção policial.
Questionado sobre as razões que ditaram uma acção diferente hoje, o responsável da Polícia Municipal respondeu: “Não tenho conhecimento do que se passou nos outros dias. Como oficial de serviço, hoje tive conhecimento e mandei uma brigada”.
Segundo o chefe Ângelo Gonçalves, quando os agentes da Polícia Municipal tentavam identificar um jovem e apreender o material houve outros dois que “tentaram obstaculizar a acção” policial. Ambos foram já acusados também de “injúrias, resistência e coacção sobre os agentes”. Um dos elementos da Polícia Municipal foi agredido, acrescentou, embora não tenha sido necessário prestar-lhes assistência médica. O responsável da PM disse também que para além dos jovens que foram detidos, houve vários outros que também tentaram “obstaculizar” à acção da polícia, tendo-se gerado “tumultos” quer levaram a uma intervenção de agentes da PSP. “Foi utilizada a força estritamente necessária para repor a ordem pública”, adiantou.
Vários jovens afirmaram que foram agredidos com bastonadas. Uma das manifestantes tinha vergões vermelhos nas costas, que mostrou aos jornalistas. O oficial de serviço no Comando Metropolitano de Lisboa negou.
A PSP garantiu que quem fez as apreensões do material foi a Polícia Municipal. “A Polícia Municipal deslocou-se ao local para apreender algum material que eles lá tinham. Os ânimos exaltaram-se. A PSP foi chamada. E o Comando Metropolitano de Lisboa foi lá apenas para apoiar a Polícia Municipal”, disse ao PÚBLICO o oficial de serviço da PSP de Lisboa.
Na véspera das eleições legislativas o movimento Democracia Verdadeira Já queria marcar o dia com debates e reuniões de trabalho. Contudo, por volta das três da tarde, a polícia municipal e PSP apareceram no local, alegando que os jovens estavam a ocupar indevidamente a praça, contou Renato Teixeira. Testemunhas disseram ainda ao PÚBLICO que houve algumas bastonadas, algo que a PSP nega. “Não houve carga policial”, disse o oficial de serviço que confirma, contudo, alguns “empurrões”.
Luísa Acabado, advogada dos três jovens, adiantou que dois deles foram constituídos arguidos e terão que comparecer perante o juiz de instrução criminal na segunda-feira, às 10 horas da manhã. Foram acusados de obstrução à actuação da polícia, acrescentou. O terceiro jovem que foi conduzido à esquadra da Polícia Municipal, na Praça de Espanha, terá sido apenas identificado.
O material apreendido no Rossio continua na esquadra da Praça de Espanha.
Notícia do Público actualizada às 20h37
Nota: Curiosamente estas mesmas Polícia Municipal e Polícia de Segurança Pública nada parecem fazer quanto aos carteiristas que enxameiam os eléctricos n.º 12, 15 e 28. A Rua do Ouro está sempre pejada de indivíduos a oferecer haxixe e coca a quem tiver pele mais branca ou cabelo mais loiro. Estão lá há décadas. No Martim Moniz os camiões TIR estacionam e descarregam várias vezes por semana.
É mais fácil ver quem passa no Rossio.
1 comentário:
"apreender o material"....estamos de volta a 1971 ?
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