terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

«Diário» de Sebastião da Gama.





"Diário" integral de Sebastião da Gama hoje nas bancas

A única versão integral do “Diário”, de Sebastião da Gama, anotada e elaborada a partir do original manuscrito, vai estar nas bancas a partir de terça-feira, iniciando uma coleção com toda a obra do poeta.

Dada à estampa pela Editorial Presença, a coleção é coordenada por João Reis Ribeiro, professor do ensino secundário e mestre em Estudos Portugueses, que também preside à Associação Cultural Sebastião da Gama.

O livro é editado no ano em que se completam 59 anos da morte do poeta (07 de fevereiro de 1952) e irá suceder-lhe outro de poesia, ainda que não esteja definido qual, disse à agência Lusa João Reis Ribeiro.

Sobre a importância desta obra – a primeira publicação integral de um livro que tem 13 edições anteriores -, João Reis Ribeiro referiu o facto de ser a única elaborada a partir do original manuscrito do escritor nascido em Vila Nogueira de Azeitão, concelho de Setúbal.

“Daí que as edições anteriores contenham alguns erros de transcrição e algumas pequenas alterações ao texto, o que não acontece com esta edição”, disse.

Esta é também a primeira vez que o “Diário” surge numa versão anotada, com o objectivo de “contextualizar em termos históricos alguns nomes que são referidos e invocados e que as gerações mais novas podem desconhecer”, disse.

“Esta não é uma edição crítica, nem foi essa a intenção, mas sim uma edição anotada de modo a reforçar as observações que o Sebastião da Gama faz e de que o leitor menos atento pode não dar conta”, sublinhou.

O “Diário” devia ser de “leitura obrigatória para todos os professores e todas as pessoas que se interessam pela educação, políticos incluídos”, considerou o coordenador da coleção.

Devia ainda ser lida “por pais, porque dá uma ideia do que deve ser a educação, que parece estar muito esquecida”, defendeu.

“Às vezes andamos a procurar grandes teorias sobre educação quando o ´Diário` contém princípios importantíssimos que são pouco ou nada utilizados”, sublinhou.

“Diário” – que contém uma biografia pormenorizada do poeta - vai ser apresentado publicamente às 18:30 de 26 de março, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, pela professora universitária Clara Rocha, que se tem dedicado à escrita auto-biográfica.

Sebastião Artur Cardoso da Gama nasceu a 10 de abril de 1924 em Vila Nogueira de Azeitão. Aos 14 anos teve os primeiros sinais de tuberculose óssea, que juntamente com a meningite o viria a vitimar e que fez com que os médicos aconselhassem os pais a mudarem-se para a Arrábida.

Foi aquela serra que inspirou o seu primeiro livro de poemas - “Serra-Mãe”, editado em 1945.

Professor de Português no ensino secundário, Sebastião da Gama foi colaborador das revistas literárias Árvore e Távola Redonda.

“Cabo da Boa Esperança” (1947) e “Campo Aberto” (1951) foram, juntamente com “Serra-Mãe”, os únicos livros que editou em vida.

A título póstumo foram publicados “Pelo Sonho É Que Vamos” (1953), “Itinerário Paralelo” (1967), “Não Morri Porque Cantei” (2003) e “Estevas” (2004). Em 1969 foi ainda publicado o livro “O Segredo É Amar”, título escolhido por Matilde Rosa Araújo a partir do soneto com o mesmo nome para designar uma recolha póstuma de textos em prosa de Sebastião da Gama.


LUSA

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