quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Bloom Art, na Cordoaria.





As senhoras dos anéis

Jóias que 'falam', em esculturas murais desenhadas pelo som de uma música. É este o conceito da Bloom Art, de Anamar & Telma. Uma versão de arte humanista e inspiradora, carregada de simbologia.
Olhar de perto para o conceito Bloom Art é quase como contemplar uma ostra com uma pérola no seu interior. A metáfora é pequena para resumir a criação de Anamar & Telma, mas certeira para ampliar à lupa o sentido desta nova forma de arte, que chega até nós 'com recheio'. «São esculturas murais, todas inspiradas em canções do século passado e deste século, que encerram em si um tesouro», diz-nos Anamar.

Esse tesouro aparece sob a forma de um anel, «uma micro-escultura carismática de épocas várias, carregada de intensa simbologia», continua a artista plástica e muito british cantora Anamar, que emprestou a voz a temas de sucesso como Baile Final e Amar por Amar e ainda foi porteira da discoteca Frágil no início dos anos 80.

Com Telma Teixeira da Silva, jornalista de audiovisuais, forma a dupla deste Bloom Art, nome apropriado para descrever o florescer de uma nova dinâmica criativa, em que as esculturas murais nascem do casamento entre uma música inspiradora e uma jóia e que, pela sua mensagem, «mexem com a vida das pessoas».

O tema pode ser a mente, o amor, a paz, o brilho ou o mundo, que o resultado é quase sempre o mesmo. Obras de arte, de plasticidade assumida, nos mais variados tons, 'ofuscadas' pelo brilho de um anel. É esse anel, visto à lupa, que transmite a essência da mensagem. Um acessório de uso pessoal, que pode conter reminiscências passadas ou ser apenas o narrador de uma qualquer história particular.

E é dessas histórias, sempre acompanhadas de trilhas sonoras e de frases impressas nas próprias esculturas, que nascem as esculturas bloom. «É uma versão humanista da arte. No fundo, tentámos criar obras que sejam inspiradoras dos melhores estados de espírito das pessoas», explica Anamar.

Um optimismo artístico, dizemos nós, a que se junta a totalidade da arte. Ou seja, «a ideia foi a de criar obras de artes que transcendessem os limites de um território artístico, que fossem transversais, entre a motivação, as ideias e as mensagens que transportam». Nascido há quase cinco anos, só agora este projecto se materializa em exposição. «Queríamos angariar um conjunto de obras de arte significativas», prossegue Anamar.

A estreia tem lugar na Cordoaria Nacional, com 32 esculturas murais que, no fim de contas, não têm dimensões físicas palpáveis, são antes encapsuladas no abstracto. É a força conceptual de um objecto ou de uma música elevada a obra de arte. É a comunicação que flui entre o observador e o observado, onde o intangível pode ser desmistificado. Basta despertar os sentidos!

Será possível esculpir um som, uma energia? Poderão objectos enormes ser tão íntimos como um anel? Até onde pode a arte inspirar estados de espírito? As respostas a estas perguntas estão na Cordoaria Nacional a partir de dia 10. E além desta mostra, pode ainda assistir, todas as quintas-feiras, às 21h30, a tertúlias, às bloomtalks, que andam à volta destas e de outras temáticas, durante o período em que a exposição está patente ao público.

filipa.moroso@sol.pt

EXPOSIÇÃO DE ESCULTURAS MURAIS BLOOM ART, NA CORDOARIA NACIONAL, EM LISBOA; DE 10 DE FEV. A 17 DE MAR.; 3.ª A 6.ª, DAS 10H ÀS 19;; E SÁB. E DOM., DAS 14H ÀS 19H

(in «Sol» online).

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