segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O telemóvel estava desligado.





Dinheiro para promover a Baixa gasto em salários
por DANIEL LAM,


A Agência para a Promoção da Baixa Chiado "gastou muito dinheiro e fez muito pouco" para melhorar a situação naquela zona da capital, denunciam ao DN responsáveis de entidades parceiras daquela agência, que, por isso mesmo, integravam a sua direcção e dizem "saber bem o que lá se passava". Chegam a dizer que a agência "servia praticamente só para pagar grandes ordenados a quem lá trabalhava". A Câmara de Lisboa gastou mais de 2,5 milhões de euros nesta agência, que, ao fim de nove anos, foi extinta pela autarquia em Dezembro de 2010 por ser "pouco operacional", referem contas feitas pela Lusa.

A agência foi criada pela Câmara de Lisboa em 2001 com um Fundo Associativo Comum que, além da autarquia, tinha como sócios fundadores a União das Associações de Comércio e Serviços UACS), a Associação de Restauração e Similares de Portugal (Aresp), a Associação de Dinamização da Baixa Pombalina, a Associação de Valorização do Chiado, o Banco BPI e o Metropolitano de Lisboa.

Vasco de Melo, que de 2006 a 2008 integrava a direcção da agência como representante da UACS, afirmou ao DN que "o balanço da actividade da agência é muito negativo, porque gastou muito para realizar poucas iniciativas".

"Fui extremamente crítico em relação aos gastos que foram feitos, porque era tudo excessivamente caro", disse o mesmo responsável, considerando que "a única solução era extinguir a agência". Na sua opinião, "a agência era uma boa ideia para gerir aquela zona, mas não resultou".

Mais crítico foi José Quadros, actual director da UACS e que integrava a direcção da agência na qualidade de presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina: "Acho um escândalo tudo o que se passou naquela agência. Nunca vimos a agência fazer nada e gastava imenso em salários com o pessoal". Pelas suas contas, "90% do dinheiro foi para pagar ordenados."

José Quadros denuncia que o director executivo da agência, António Amaral, "ganhava entre 3500 e quatro mil euros, a secretária recebia entre 2500 e três mil euros. Outro elemento ganhava 1500 euros por mês para angariar sócios, mas, em dois anos, só conseguiu angariar um".

O mesmo responsável adianta que "várias das actividades foram realizadas sem a aprovação dos elementos da direcção. Noutros casos, aprovávamos determinado valor para uma acção e afinal tinha de se pagar muito mais". Em conclusão, diz: "A agência gastou muito dinheiro e fez muito pouco pela promoção da Baixa Chiado."

A mesma opinião tem o presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau, António Manuel, segundo o qual, "a agência não teve um papel importante na promoção e desenvolvimento da Baixa. Não deu resultados para a Baixa que compensassem os gastos feitos".

A extinção da agência "só peca por ser tardia. Já devia ter acabado há muito tempo", diz o autarca, que elogia "o trabalho positivo e dinâmico da Associação de Valorização do Chiado".

O DN tentou contactar o ex-director executivo da agência, António Amaral, para se pronunciar sobre estas questões, mas o telemóvel estava desligado.

(in Diário de Notícias).

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