Degradação do Cais do Ginjal contrasta com tempos áureos
Sandra Brazinha
O corrupio de milhares de pessoas que há mais de cinco décadas circulavam pelo Cais do Ginjal, em Cacilhas, Almada, contrasta com o vazio que se sente agora num local que está completamente degradado. Em marcha está já um plano para a sua revitalização.
São muitos ainda os que se lembram dos tempos áureos do Cais do Ginjal, em que até pessoas do Norte se deslocavam aquele local para saborear, com vista privilegiada para o rio Tejo, a famosa caldeirada de Cacilhas, num dos diversos restaurantes que ali existiam.
As festas de casamento na Floresta do Ginjal também eram frequentes, numa animação constante, enriquecida pela presença de milhares de pessoas que trabalhavam em diversas fábricas ou nos navios que ali atracavam.
A nostalgia invade por isso quem viveu esses tempos. "Havia muita vida, muitos restaurantes e trabalhadores. Mas ao longo dos anos isto foi-se degradando", lamenta Pedro Alberto, de 62 anos, que gostaria que o Cais do Ginjal "voltasse a ter movimento".
Apenas três ou quatro edifícios se mantêm ocupados. Os restantes, em ruínas e cheios de grafitos, avisam que há perigo de derrocada ou de desmoronamento da fachada. O passeio, esse, é aproveitado principalmente para o estacionamento de automóveis e para algumas caminhadas.
Um cenário que não agrada Álvaro Pereira, de 55 anos, que há 27 trabalha no restaurante "O Farol", que resistiu ao declínio da zona. "Vinha aqui gente do Norte para o Grande Elias. A fama das caldeiradas era daqui. As pessoas atravessavam o rio só para comer a caldeirada. E a Floresta do Ginjal chegava a ter 70 trabalhadores ao fim-de-semana. Muita gente casou ali", recorda.
"Acabou tudo, não há nada"
"Acabou tudo. Agora não há nada", queixa-se, prevendo que o plano que está a ser elaborado para o local recrie o antigo Cais do Ginjal. "Isto podia ser como as outras Docas, como as de Lisboa, mas aqui deste lado", sugere.
"Deviam manter os bares e os restaurantes e voltar a animar isto, mas com melhores condições, mantendo a traça dos edifícios", defende, por seu lado, Isidro Rebelo, de 50 anos, que desde os 19 trabalha na Transtejo.
"Isto morreu e vai ser difícil voltar ao que era", considera, porém, o residente em Sintra, enquanto o colega Mário Serrano, de 56 anos, da Cruz de Pau, lança uma ideia concreta. "Gostava de ver uma marginal, como existe em Lisboa, daqui até à Trafaria".
Com vista à requalificação, avança já no primeiro semestre deste ano uma intervenção na zona do cais, prevista num projecto que a Câmara de Almada candidatou ao Quadro de Referência Estratégico Nacional.
"É a primeira limpeza, demolindo também algumas coisas que não vão ser utilizadas no futuro", explicou ao JN a vereadora do Urbanismo, Amélia Pardal, adiantando que um dos edifícios vai acolher uma instalação sobre o que foi o Cais do Ginjal e o que irá ser no futuro, com hotéis, restaurantes, habitação e indústrias criativas.
A recuperação será definida por um Plano de Pormenor que deverá estar concluído ainda este ano. "99% é de um proprietário com quem estamos a trabalhar para que se possa criar um conjunto de actividades muito diversas. Queremos voltar a dar vida à zona", frisa a autarca, alertando, porém, que tudo dependerá da capacidade de investimento dos privados.
(in Jornal de Notícias).
O corrupio de milhares de pessoas que há mais de cinco décadas circulavam pelo Cais do Ginjal, em Cacilhas, Almada, contrasta com o vazio que se sente agora num local que está completamente degradado. Em marcha está já um plano para a sua revitalização.
São muitos ainda os que se lembram dos tempos áureos do Cais do Ginjal, em que até pessoas do Norte se deslocavam aquele local para saborear, com vista privilegiada para o rio Tejo, a famosa caldeirada de Cacilhas, num dos diversos restaurantes que ali existiam.
As festas de casamento na Floresta do Ginjal também eram frequentes, numa animação constante, enriquecida pela presença de milhares de pessoas que trabalhavam em diversas fábricas ou nos navios que ali atracavam.
A nostalgia invade por isso quem viveu esses tempos. "Havia muita vida, muitos restaurantes e trabalhadores. Mas ao longo dos anos isto foi-se degradando", lamenta Pedro Alberto, de 62 anos, que gostaria que o Cais do Ginjal "voltasse a ter movimento".
Apenas três ou quatro edifícios se mantêm ocupados. Os restantes, em ruínas e cheios de grafitos, avisam que há perigo de derrocada ou de desmoronamento da fachada. O passeio, esse, é aproveitado principalmente para o estacionamento de automóveis e para algumas caminhadas.
Um cenário que não agrada Álvaro Pereira, de 55 anos, que há 27 trabalha no restaurante "O Farol", que resistiu ao declínio da zona. "Vinha aqui gente do Norte para o Grande Elias. A fama das caldeiradas era daqui. As pessoas atravessavam o rio só para comer a caldeirada. E a Floresta do Ginjal chegava a ter 70 trabalhadores ao fim-de-semana. Muita gente casou ali", recorda.
"Acabou tudo, não há nada"
"Acabou tudo. Agora não há nada", queixa-se, prevendo que o plano que está a ser elaborado para o local recrie o antigo Cais do Ginjal. "Isto podia ser como as outras Docas, como as de Lisboa, mas aqui deste lado", sugere.
"Deviam manter os bares e os restaurantes e voltar a animar isto, mas com melhores condições, mantendo a traça dos edifícios", defende, por seu lado, Isidro Rebelo, de 50 anos, que desde os 19 trabalha na Transtejo.
"Isto morreu e vai ser difícil voltar ao que era", considera, porém, o residente em Sintra, enquanto o colega Mário Serrano, de 56 anos, da Cruz de Pau, lança uma ideia concreta. "Gostava de ver uma marginal, como existe em Lisboa, daqui até à Trafaria".
Com vista à requalificação, avança já no primeiro semestre deste ano uma intervenção na zona do cais, prevista num projecto que a Câmara de Almada candidatou ao Quadro de Referência Estratégico Nacional.
"É a primeira limpeza, demolindo também algumas coisas que não vão ser utilizadas no futuro", explicou ao JN a vereadora do Urbanismo, Amélia Pardal, adiantando que um dos edifícios vai acolher uma instalação sobre o que foi o Cais do Ginjal e o que irá ser no futuro, com hotéis, restaurantes, habitação e indústrias criativas.
A recuperação será definida por um Plano de Pormenor que deverá estar concluído ainda este ano. "99% é de um proprietário com quem estamos a trabalhar para que se possa criar um conjunto de actividades muito diversas. Queremos voltar a dar vida à zona", frisa a autarca, alertando, porém, que tudo dependerá da capacidade de investimento dos privados.
(in Jornal de Notícias).
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