segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Carne na Encarnação.





Mercado da Encarnação Norte enche com aula de culinária
por INÊS BANHA,


"Tem aí um avental?", perguntava ontem Maria Elvira Tenreiro aos funcionários do Mercado da Encarnação Norte, nos Olivais. A razão era simples: estava prestes a começar a começar a aula de culinária em que se inscrevera e que trouxe, por uma manhã, mais vida àquele espaço lisboeta. Para o vereador José Sá Fernandes, da Câmara Municipal de Lisboa, esta é precisamente uma das formas de revitalizar os mercados da capital.

Sem ingredientes, não há refeição. Por isso, por volta das 10.30 de ontem, os alunos da lição de cozinha a cargo do chef Igor Martinho, do Restaurante Hemingway, juntaram-se aos habituais clientes do Mercado da Encarnação Norte. O objectivo era comprar tudo o que fosse necessário para confeccionar, no próprio mercado, lulas salteadas com alho (a entrada) e caldeirada de raia com dois ingredientes pouco habituais - batata doce e malaguetas (o prato principal, ver caixa)

"No mercado, encontramos tudo o que precisamos", esclareceu ontem de manhã Igor Martinho. Além disso, não só os produtos têm "mais qualidade", como também os preços são bons. E, rodeado de alunos interessados, não hesitou em afirmar que, "quem não souber o que vai fazer para o almoço, o melhor é ir ao mercado", onde encontrará "inspiração".

Foi precisamente para chamar mais visitantes aos típicos espaços lisboetas que a autarquia da capital decidiu organizar dez aulas de culinária em dez mercados da cidade, até 2 de Abril. "É uma maneira de nós dizermos às pessoas para virem aos mercados. Isto é uma tradição lisboeta que tem de ser preservada e incentivada. Portanto, juntamos o útil ao agradável e ensinamos as pessoas a cozinhar", explicou Sá Fernandes.

Para já, parece estar a dar resultado. Ontem, o espaço foi pouco para os participantes. "Quando é um grupo muito grande, não dá para perceber tudo", queixou-se Rita Neves ao DN, embora tenha gostado do resultado final. A situação promete repetir-se nas próximas aulas de culinária, já que todas elas estão esgotadas.

No Mercado do Forno do Tijolo, a atracção de visitantes a um espaço que, durante a semana, "está muito adormecido", também tem passado pela diversificação da ocupação do espaço, nomeadamente através de iniciativas como o Bazar no Mercado do Forno do Tijolo, em Dezembro passado.

"Atrai sobretudo muita gente que não costuma ir ao mercado. São iniciativas que têm um público-alvo mais novo", explica ao DN Hugo da Nóbrega Cardoso, responsável pelo pelouro de Urbanismo e Reabilitação Urbana da Junta de Freguesia dos Anjos.

Segundo o vogal, a reocupação do local tem, no entanto, duas faces difíceis de gerir: por um lado, é necessário uma nova utilização funcional para "criar alguma atractividade", mas, por outro, é complicado ocupar um espaço que não é "viável" em termos económicos.

Ontem de manhã, os comerciantes do Mercado da Encarnação Norte ganharam certamente mais dinheiro, não tivesse a iniciativa sido um sucesso, nas palavras do próprio chef Igor Martinho, que espera "associar-se a mais iniciativas do género". E, embora estivesse à espera que "fosse muita gente", não pensou que "fosse tanta", confessou ao DN.

Para José Abelha, participante no workshop, este tipo de eventos, que põe o "cidadão comum em contacto com o mercado e o produto" é sempre bom. Além disso, o resultado gastronómico foi "muito bom", assegurou ao DN, dando voz à opinião.

Mas, para Maria Elvira Tenreiro, a grande vantagem é mesmo ter aprendido a cozinha um "prato fácil e rápido". Isto no dia em que o Mercado da Encarnação Norte encheu de manhã.

(in Diário de Notícias).

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