quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Há males que vêm por bem.






Incumprimento nas rendas mais penalizado

Despejos vão ser facilitados para acelerar reabilitação urbana
Já não se ouve falar de grandes obras públicas. A dinamização do sector da construção e do imobiliário vai passar a fazer-se, assume agora o Governo, através de iniciativas que permitam maiores operações de reabilitação urbana e que dinamizem o mercado de arrendamento.

Inseridas na Iniciativas para a Competitividade e para o Emprego, as medidas foram divulgadas pelo ministro da Economia, que no entanto não avançou muito na sua explicitação. Vieira da Silva não referiu sequer quantas medidas, entre as 50 ontem aprovadas, é que estão inseridas neste domínio. O ministro falou apenas da pretensão de agilizar os despejos - através da "simplificação dos procedimentos administrativos e das formalidades para que, em caso de incumprimento do contrato de arrendamento, os proprietários possam de uma forma mais célere recuperar o seu imóvel" -, bem como do alargamento das áreas que estão definidas como prioritárias para intervenções de reabilitação

No texto da resolução do Conselho de Ministros, ontem publicada, lê-se também que tais medidas pretendem "tornar o arrendamento num investimento seguro e atractivo, garantindo os direitos dos senhorios, sem prejuízo da manutenção de garantias adequadas aos arrendatários".

Apesar de ainda não ser conhecido o detalhe das propostas nem o alcance das medidas, que deverão ter efeitos até ao primeiro trimestre do próximo ano, o presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), Reis Campos, manifestou optimismo. "Desta vez a reabilitação urbana vai arrancar", afirmou, dizendo que o que ontem foi tornado público já encerra um compromisso do Governo em actuar de forma concreta neste segmento.

Os apelos a uma intervenção neste sector têm vindo a aumentar de tom mais recentemente, apesar de há já vários anos ter sido assumida como prioridade nos discursos oficiais dos vários partidos. Aliás, desde a lei das rendas que se anda a falar, de forma mais ou menos concreta, de reabilitação, e ela já tem quatro anos, e precisa de ser alterada. Algo que o Governo ontem assumiu, ao identificar a agilização dos despejos dos inquilinos incumpridores como umas das medidas a avançar.

Tanto na estratégia para a dinamização do sector da construção e do imobiliário, que foi apresentada em Setembro pela CPCI, como no documento "Fazer acontecer a Regeneração Urbana", apresentado há pouco mais de um mês pela Confederação da Indústria Portuguesa era reclamada uma intervenção legal que tornasse as acções de despejo mais céleres. A CPCI reclamava a simplificação do processo de despejo "passando a considerar como título executivo a interpelação do senhorio para pagamento das rendas em mora por prazo superior a 30 dias".

As medidas que têm vindo a ser preconizadas pelo sector passam também por discriminações fiscais positivas e pela simplificação administrativa de algunas processos. Assim como a criação de um regime de licenciamento em áreas de regeneração urbana, com redução de taxas e instrumentos padronizados nos processos ou a adequação de linhas de financiamento previstas no Quadro de Referência Estratégica Nacional. Segundo o estudo apresentado pela CIP, a aposta na regeneração urbana permitiria que, num horizonte de 18 a 20 anos - o tempo que será necessário para reabilitar todo o património que necessita de intervenção -, sejam criados mais de meio milhão de postos de trabalho. E, mesmo com insenções e benefícios, previa uma receita fiscal para o Estado de 29 mil milhões de euros, e de 13 milhões de euros de contributo para a Segurança Social.

(in Público).

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