sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Deitar o braço à prata.

Lisboa
Jardins Braço de Prata devolvem rio à cidade sob o signo da luz
por INÊS BANHA

Arquitecto italiano Renzo Piano vai usar azulejos para 'iluminar' condomínio

Tornar a cidade mais próxima do rio. É este o objectivo do empreendimento Jardins Braço de Prata que vai nascer nos terrenos da antiga Fábrica de Material de Guerra do Braço de Prata e cuja primeira pedra foi lançada ontem à tarde.

O projecto, do arquitecto italiano Renzo Piano, ocupa uma área de nove hectares e pretende "aproveitar a relação que Lisboa tem com a zona ribeirinha", explicou ontem o autor do projecto. Por isso, de todas as construções que vão ser levadas a cabo, Renzo Piano destaca o parque exclusivamente para crianças que vai nascer junto ao rio.

O parque é apenas uma parte do empreendimento que vai surgir nos terrenos da antiga Fábrica de Material de Guerra do Braço de Prata, que terá no máximo 499 fogos dedicados à habitação.

Segundo António Costa, presidente da autarquia lisboeta e que ontem esteve presente na cerimónia de lançamento da primeira pedra, serão cerca de 1500 as pessoas que virão a residir naquele espaço. Simultaneamente, irão nascer mais de 1300 lugares de estacionamento, 1100 dos quais em silo.

Mas, para Renzo Piano, o mais importante é mesmo o modo como esses habitantes vão poder "gozar" a luz de Lisboa e a água do Tejo. E, perante uma tenda repleta, contou que, por volta das 09.30 de ontem, "estava a passear onde vão nascer os Jardins do Braço de Prata e a apreciar os elementos naturais", quando tentou imaginar todas as pessoas que, ao saírem de manhã de casa para ir trabalhar, poderão usufruir de tudo isso, que diz ser a beleza da capital.

Para tal, contribuirá a cerâmica que irá revestir o exterior dos edifícios que serão construídos. A opção, que decorre do carinho que o arquitecto tem pelos azulejos portugueses, permitirá recrear o jogo de luzes que Renzo Piano diz ser recorrente por toda a cidade.

O projecto dos Jardins Braço de Prata, que terá um custo de 220 milhões de euros, insere-se na requalificação que tem vindo a ser levada a cabo nos 19 quilómetros da frente ribeirinha lisboeta. Neste caso específico, o empreendimento ocorre a par do Plano de Pormenor da Matinha e do Loteamento da Tabaqueira.

O processo para a construção do bairro ribeirinho teve início em 1998, mas só ontem foi lançada a primeira pedra. Para António Costa, 12 anos é "demasiado tempo". "Se queremos competitividade, não podemos fazer como fizemos, não há empresário que suporte os custos económicos", justificou. Além disso, sustentou, nesta década de espera foram "cem mil os habitantes que deixaram de viver em Lisboa".

Renzo Piano considera que o modelo que está a ser usado na capital para aumentar o número de residentes é o adequado - transformar os "buracos" existentes no interior da cidade em locais de que os residentes podem beneficiar. Os Jardins Braço de Prata são um exemplo disso.

(in Diário de Notícias).

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