terça-feira, 16 de novembro de 2010

Nota positiva a apenas 15 dos 73 bairros municipais.

Avaliação do estado de conservação
Câmara de Lisboa dá nota positiva a 15 dos 73 bairros municipais
Por Inês Boaventura

A Câmara de Lisboa promoveu uma avaliação do estado de conservação dos bairros municipais, nos quais reside cerca de um quinto da população do concelho, e concluiu que em 15 deles tanto as casas como os espaços verdes e as infra-estruturas estão em "bom estado". No extremo oposto da classificação estão quatro bairros onde todos os indicadores merecem a nota "mau".
Ao todo foram 73 os bairros onde o edificado, os espaços verdes e as infra-estruturas foram classificados.

Este "diagnóstico muito preliminar", como lhe chamou a vereadora da Habitação, foi revelado ontem numa conferência de imprensa destinada a apresentar o Programa Integrado de Gestão e Requalificação dos Bairros Municipais. Nesse documento são elencadas as intervenções a desenvolver nos próximos dez anos pela Câmara de Lisboa nos bairros que são sua propriedade e nos quais vivem 92.600 pessoas.

Ao todo foram 73 os bairros onde o edificado, os espaços verdes e as infra-estruturas (arruamentos e esgotos) foram classificados, com notas de bom, razoável ou mau, ou com a indicação de "em obra" ou "não aplicável". De notar que três deles - os de Casal de Cambra, Algueirão e Zambujal - se situam fora do concelho de Lisboa.

Bairros bons e maus

Os bairros que obtiveram melhores classificações estendem-se por diferentes áreas da cidade. Telheiras Sul (Campo Grande), Quinta dos Barros (São Domingos de Benfica), Paço do Lumiar e Alto da Faia (Lumiar), Avenida Berlim, Avenida Cidade Luanda, Olivais Norte, Olivais Velho e Quinta do Morgado (Santa Maria dos Olivais), Sargento Abílio (Benfica), Açucenas (Ajuda), Bela Flor (Campolide), Vale Santo António (Penha de França), Quinta do Chalé e Marquês de Abrantes (Marvila) são aqueles que, segundo os serviços tutelados pela vereadora Helena Roseta, merecem a nota "bom" em relação aos três aspectos que foram avaliados.

No pólo oposto encontram-se os bairros da Cruz Vermelha (Lumiar), Condado (Marvila), Boavista (Benfica) e Casalinho da Ajuda (Ajuda), que mereceram a nota "mau" na avaliação do edificado, espaços verdes e infra-estruturas.

Recentemente a autarquia incluiu 35 dos bairros municipais na Carta dos Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária, por considerar que os indicadores socioeconómicos e culturais e o estado de conservação das casas exigem intervenção municipal prioritária na próxima década.

"Doenças" recorrentes

Comparando o mapa dos bairros prioritários com esta nova avaliação feita ao edificado, espaços verdes e infra-estruturas, verifica-se que não há uma correspondência directa, isto é, os bairros prioritários não são necessariamente aqueles que apresentam os piores indicadores urbanísticos, segundo a avaliação ontem divulgada. O que leva a autarquia a concluir que algumas das áreas incluídas na Carta dos bairros prioritários sofrem, sobretudo, de problemas sociais, económicos e ambientais.

Esta conclusão ajuda também a compreender como é que os bairros da Quinta do Morgado, da Bela Flor e do Marquês de Abrantes tenham sido considerados de intervenção prioritária apesar de terem tido "bom" em todos os parâmetros avaliados. Seguindo o raciocínio até ao fim, nestes três casos o problema é sobretudo social e não de qualidade urbanística.

A vereadora da Habitação destacou que grande parte dos bairros municipais é recente - mais de 49 por cento dos fogos têm menos de 15 anos - mas apresenta apesar disso patologias recorrentes, como infiltrações e degradação dos revestimentos.

Helena Roseta acredita que em boa parte dos casos o problema reside em erros de construção e no facto de a Câmara de Lisboa ter no passado feito "um mau acompanhamento, uma má fiscalização" das suas obras.

(in Público).

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