terça-feira, 7 de setembro de 2010

TODOS - Caminhada de Culturas.


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Viagem pelos continentes sem abandonar a Mouraria
por DAVIDE PINHEIRO

A vereadora Manuela Júdice, responsável pelo projecto, apresentou o TODOS como "mais do que um festival" que pretende ajudar a promover "uma das zonas mais desconhecidas de Lisboa". Em causa está o Martim Moniz, que "nem sempre é falado pelas melhores razões", reconheceu. E, não inocentemente, a apresentação do programa de quatro dias decorreu no Largo do Intendente.

Em traços gerais, o festival TODOS tem quatro dias de música, circo, dança e outras iniciativas com artistas das várias comunidades que habitam na Mouraria, alvo de um programa específico para recuperar edifícios e espaço público. O formato é semelhante ao do ano passado, com Martim Moniz, Anjos, Largo do Intendente e Mouraria a assumirem-se como os pontos de partida desta iniciativa cultural.

"Queremos cruzar o fado com a música ucraniana, a guitarra portuguesa com a cora da Guiné", assumiu a vereadora. Para o efeito, uma equipa esteve no terreno a efectuar o chamado trabalho de prospecção de artistas locais.

Igualmente presente, o vereador Manuel Salgado destacou a "intervenção integrada" que a autarquia está a levar a cabo na Mouraria, num investimento global de 7,5 milhões de euros, com uma comparticipação de 3,5 milhões de fundos comunitários, através do programa FEDER. "O TODOS integra-se numa intervenção considerada prioritária, que abrange a Avenida Almirante Reis e a colina do castelo", juntou o vereador do Urbanismo.

O TODOS não é, como fez questão de frisar o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, uma acção isolada. Em curso está um plano de intervenção na Mouraria que inclui a criação de um percurso entre o Largo do Intendente e o Largo Adelino Amaro da Costa, a recuperação da casa onde viveu a fadista Severa, a criação de um centro de inovação (incubadora de empresas) no Quarteirão dos Lagares, de um museu judaico e a escavação de parte da cerca fernandina, entre outros projectos. "O papel da câmara municipal neste projecto é recuperar espaços públicos, calçadas e arruamentos, com propostas de introdução de elevadores públicos nalguns edifícios, pequenas intervenções para melhorar acessibilidades e intervenções em equipamentos", defendeu Manuel Salgado.

Entre os dias 16 e 19, a Mouraria bairrista abre portas ao fado, ao Oriente, à África e à América Latina com o objectivo de aproximar tradições, culturas e povos. Músicas e concertos, religiões, gastronomia, comércio, passeios a pé, circo, teatro, dança, livros escritos por moradores e fotografias do bairro estarão disponíveis para os moradores, e não só.

(in «Diário de Notícias»).

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