Coveiros de Lisboa admitem paralisar funerais
Cumpriram ontem uma hora de greve, mas avisam que “a luta não fica por aqui”
Luís Garcia
Os coveiros de Lisboa ameaçam suspender a realização de funerais caso não seja colocado mais pessoal nos cemitérios da cidade. Em causa está a dignidade dos serviços fúnebres e a saúde dos profissionais, que cumpriram ontem uma primeira paralisação.
Ontem, entre as 10 e as 11 horas, os coveiros pararam de trabalhar, num protesto ao qual aderiram 98% dos profissionais dos sete cemitérios da cidade, de acordo com Nuno Almeida, do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML). A contestação vai continuar, com intervenções agendadas para as próximas reuniões da Assembleia Municipal e da Câmara Municipal de Lisboa.
Ao JN, Nuno Almeida explica que, caso os trabalhadores não obtenham uma resposta por essa altura, os protestos deverão subir de tom. “A luta não pára aqui. Poderá mesmo passar pela não realização de funerais por um período mais alargado”, admite o sindicalista, de 32 anos, também ele trabalhador do cemitério de Benfica.
Isto apesar de os coveiros fazerem parte dos grupos profissionais obrigados a cumprir serviços mínimos em casos de greve. “Se deixarmos de conseguir assegurar o funcionamento dos cemitérios – e é para lá que caminhamos – não podemos cumprir serviços mínimos”, assevera Nuno Almeida.
A falta de pessoal está no centro dos protestos dos trabalhadores. Segundo Nuno Almeida, das 139 vagas para coveiros no quadro de pessoal da Câmara de Lisboa, 28 estão por preencher. E mesmo entre os 111 lugares ocupados, 22 elementos não prestam serviço total (devido a impedimentos de saúde, por exemplo) e 21 estão afectos aos fornos crematórios.
Ou seja, segundo o sindicalista, os sete cemitérios de Lisboa dispõem de “pouco mais de 60 % dos coveiros que lá deviam estar”, o que cria situações complicadas na gestão dos espaços. “No cemitério da Ajuda, há funcionários que não conseguem folgar ao fim-de-semana há quatro semanas porque não há quem os substitua. Ainda ontem [anteontem], havia quatro coveiros a assegurar todo o serviço”, alerta Nuno Almeida, lembrando que esse número é o necessário para pegar num único caixão.
Segundo o sindicalista, a falta de pessoal – que se deverá agravar durante as férias de Verão – está a “pôr em causa a dignidade do acto e a integridade física dos coveiros”. “Há uns tempos, só havia três trabalhadores para carregarem um caixão e um deles tropeçou num degrau e caiu. Situações destas vão-se repetir”, avisa.
Alberto Rodrigues, 61 anos, 31 dos quais a trabalhar no cemitério do Lumiar, sente na pele a falta de recursos humanos. ?As pessoas reformam-se, outras ficam doentes ou vão para a secretaria e ninguém é substituído?, diz o coveiro, que também se viu forçado a deixar as tarefas pesadas (como abrir valas ou transportar caixões) por motivos de saúde. ?De ano para ano, as coisas pioram. Cada vez há mais trabalho para menos gente?, queixa-se.
Cumpriram ontem uma hora de greve, mas avisam que “a luta não fica por aqui”
Luís Garcia
Os coveiros de Lisboa ameaçam suspender a realização de funerais caso não seja colocado mais pessoal nos cemitérios da cidade. Em causa está a dignidade dos serviços fúnebres e a saúde dos profissionais, que cumpriram ontem uma primeira paralisação.
Ontem, entre as 10 e as 11 horas, os coveiros pararam de trabalhar, num protesto ao qual aderiram 98% dos profissionais dos sete cemitérios da cidade, de acordo com Nuno Almeida, do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML). A contestação vai continuar, com intervenções agendadas para as próximas reuniões da Assembleia Municipal e da Câmara Municipal de Lisboa.
Ao JN, Nuno Almeida explica que, caso os trabalhadores não obtenham uma resposta por essa altura, os protestos deverão subir de tom. “A luta não pára aqui. Poderá mesmo passar pela não realização de funerais por um período mais alargado”, admite o sindicalista, de 32 anos, também ele trabalhador do cemitério de Benfica.
Isto apesar de os coveiros fazerem parte dos grupos profissionais obrigados a cumprir serviços mínimos em casos de greve. “Se deixarmos de conseguir assegurar o funcionamento dos cemitérios – e é para lá que caminhamos – não podemos cumprir serviços mínimos”, assevera Nuno Almeida.
A falta de pessoal está no centro dos protestos dos trabalhadores. Segundo Nuno Almeida, das 139 vagas para coveiros no quadro de pessoal da Câmara de Lisboa, 28 estão por preencher. E mesmo entre os 111 lugares ocupados, 22 elementos não prestam serviço total (devido a impedimentos de saúde, por exemplo) e 21 estão afectos aos fornos crematórios.
Ou seja, segundo o sindicalista, os sete cemitérios de Lisboa dispõem de “pouco mais de 60 % dos coveiros que lá deviam estar”, o que cria situações complicadas na gestão dos espaços. “No cemitério da Ajuda, há funcionários que não conseguem folgar ao fim-de-semana há quatro semanas porque não há quem os substitua. Ainda ontem [anteontem], havia quatro coveiros a assegurar todo o serviço”, alerta Nuno Almeida, lembrando que esse número é o necessário para pegar num único caixão.
Segundo o sindicalista, a falta de pessoal – que se deverá agravar durante as férias de Verão – está a “pôr em causa a dignidade do acto e a integridade física dos coveiros”. “Há uns tempos, só havia três trabalhadores para carregarem um caixão e um deles tropeçou num degrau e caiu. Situações destas vão-se repetir”, avisa.
Alberto Rodrigues, 61 anos, 31 dos quais a trabalhar no cemitério do Lumiar, sente na pele a falta de recursos humanos. ?As pessoas reformam-se, outras ficam doentes ou vão para a secretaria e ninguém é substituído?, diz o coveiro, que também se viu forçado a deixar as tarefas pesadas (como abrir valas ou transportar caixões) por motivos de saúde. ?De ano para ano, as coisas pioram. Cada vez há mais trabalho para menos gente?, queixa-se.
(Jornal de Notícias)
Sem comentários:
Enviar um comentário