Zonas nobres e tão abandonadas por DANIEL LAM
Desde 2003 que os terrenos da Feira Popular e do Parque Mayer aguardam pelas sentenças dos tribunais
Duas zonas nobres de Lisboa valem milhões de euros, foram desactivadas à pressa para serem reabilitadas, em 2003, e continuam ao abandono já há sete anos. O Parque Mayer parece uma cidade-fantasma transformada em parque de estacionamento, embora ali ainda funcione o Teatro Maria Vitória e o restaurante A Gina, abertos todos os dias. A antiga Feira Popular de Lisboa, em Entrecampos, é agora um terreno baldio onde não pára de crescer um autêntico matagal (ver aqui e aqui).
Duas zonas nobres de Lisboa valem milhões de euros, foram desactivadas à pressa para serem reabilitadas, em 2003, e continuam ao abandono já há sete anos. O Parque Mayer parece uma cidade-fantasma transformada em parque de estacionamento, embora ali ainda funcione o Teatro Maria Vitória e o restaurante A Gina, abertos todos os dias. A antiga Feira Popular de Lisboa, em Entrecampos, é agora um terreno baldio onde não pára de crescer um autêntico matagal (ver aqui e aqui).
Desde 2003 que se arrastam os negócios para as permutas de terrenos daqueles dois espaços de diversão, que permitiriam viabilizar a sua recuperação. Mas surgiram suspeitas de corrupção, correm processos em tribunal e tudo está parado à espera da sentença final.
Quem entra no Parque Mayer, junto à Avenida da Liberdade, dificilmente imagina que mais atrás continua de serviço o restaurante A Gina, com uma grande sala e esplanada. Gina, a dona daquele estabelecimento, insiste que "o Parque Mayer não está degradado nem abandonado. Andam para aí a dizer essas coisas e depois as pessoas pensam que está tudo fechado. E isso não é verdade."
Faz questão de frisar ao DN que "vêm clientes na mesma. Há clientela suficiente. Não dá para comparar com o que se passava há 20 anos, quando os teatros estavam todos a funcionar. Mas os artistas foram deixando o teatro para irem trabalhar para a televisão, porque lá ganhavam mais. E desde há 20 anos só resta o Maria Vitória".
"No Verão passado, organizaram aqui espectáculos que puxaram muita gente para o Parque Mayer. Deviam fazer isso outra vez e também aos fins-de-semana, para animar o parque", salientou.
Outros sinais de vida no Parque Mayer são dados pelo Teatro Maria Vitória, que tem em cena a peça "Agarra, que é Honesto!", uma produção de Hélder Freire Costa com direcção e encenação de Francisco Nicholson, e pelas obras de reabilitação do cineteatro Capitólio, que vai ser o Teatro Raul Solnado.
A obra, de 456 mil euros, que começou em 22 de Março e se conclui a 17 de Setembro, "já mostra que foi iniciado o processo de reabilitação do Parque Mayer", diz Júlio Calçada, proprietário do restaurante O Manel, que ali abriu em 1952 e fechou no fim de 2009.
"Mas só isso não chega. Se não voltar a ter os teatros e os restaurantes, não será o Parque Mayer", alerta o empresário, que agora gere o restaurante do Clube de Ténis, em Monsanto. "Eu gostava de voltar para o glamour do Parque Mayer. Passei lá uma vida, desde que nasci, há 53 anos", conta, recordando que "chegou a haver lá 11 estabelecimentos, entre restaurantes, cafés e bares de petiscos".
Lembrou que, "antigamente, vinham tantos clientes, que até tinham de reservar mesa, senão arriscavam-se a ficar sem lugar".
"O Gato Preto, O Cantinho dos Artistas e A Cova do Galo ficavam abertos toda a noite", recordou.
Dos últimos tempos que passou no Parque Mayer, Júlio Calçada refere que "as pessoas que ali deixavam os carros estacionados nem imaginavam que houvesse restaurantes mais atrás".
Helena Paiva, do Guarda Roupa Paiva, no Parque Mayer há mais de 80 anos, fechou a sua casa em Agosto de 2009. Lembra que "tinha muita procura. Ia muita gente alugar smokings (de 60 a 80 euros por noite), fraques para casamento (cem euros) e casacas para uma recepção ou um jantar importante (cem euros)".
Hélder Freire Costa, produtor e empresário do Teatro Maria Matos, frisa ao DN que "este foi o primeiro a abrir, em 1922, e o único que resta. Agora é um oásis dentro do Parque Mayer, porque tudo o resto está degradado".
Salienta que "as pessoas ficam imensamente tristes e desiludidas quando entram e dão uma volta pelo Parque Mayer, que está uma vergonha para a cidade". Recorda que "era um recinto vivo, com actividade desde manhã até à madrugada seguinte. Era uma aldeia dentro de uma cidade".
"Começaram por tirar a iluminação, deixando-o ficar cada vez mais escuro e sem manutenção. Foi-se degradando sempre mais até chegar a este ponto", lamenta.
Na sua opinião, o Parque Mayer "precisa de uma nova imagem, com pelo menos três teatros a funcionar, restaurantes, esplanadas e salas para debates".
(in Diário de Notícias)
Faz questão de frisar ao DN que "vêm clientes na mesma. Há clientela suficiente. Não dá para comparar com o que se passava há 20 anos, quando os teatros estavam todos a funcionar. Mas os artistas foram deixando o teatro para irem trabalhar para a televisão, porque lá ganhavam mais. E desde há 20 anos só resta o Maria Vitória".
"No Verão passado, organizaram aqui espectáculos que puxaram muita gente para o Parque Mayer. Deviam fazer isso outra vez e também aos fins-de-semana, para animar o parque", salientou.
Outros sinais de vida no Parque Mayer são dados pelo Teatro Maria Vitória, que tem em cena a peça "Agarra, que é Honesto!", uma produção de Hélder Freire Costa com direcção e encenação de Francisco Nicholson, e pelas obras de reabilitação do cineteatro Capitólio, que vai ser o Teatro Raul Solnado.
A obra, de 456 mil euros, que começou em 22 de Março e se conclui a 17 de Setembro, "já mostra que foi iniciado o processo de reabilitação do Parque Mayer", diz Júlio Calçada, proprietário do restaurante O Manel, que ali abriu em 1952 e fechou no fim de 2009.
"Mas só isso não chega. Se não voltar a ter os teatros e os restaurantes, não será o Parque Mayer", alerta o empresário, que agora gere o restaurante do Clube de Ténis, em Monsanto. "Eu gostava de voltar para o glamour do Parque Mayer. Passei lá uma vida, desde que nasci, há 53 anos", conta, recordando que "chegou a haver lá 11 estabelecimentos, entre restaurantes, cafés e bares de petiscos".
Lembrou que, "antigamente, vinham tantos clientes, que até tinham de reservar mesa, senão arriscavam-se a ficar sem lugar".
"O Gato Preto, O Cantinho dos Artistas e A Cova do Galo ficavam abertos toda a noite", recordou.
Dos últimos tempos que passou no Parque Mayer, Júlio Calçada refere que "as pessoas que ali deixavam os carros estacionados nem imaginavam que houvesse restaurantes mais atrás".
Helena Paiva, do Guarda Roupa Paiva, no Parque Mayer há mais de 80 anos, fechou a sua casa em Agosto de 2009. Lembra que "tinha muita procura. Ia muita gente alugar smokings (de 60 a 80 euros por noite), fraques para casamento (cem euros) e casacas para uma recepção ou um jantar importante (cem euros)".
Hélder Freire Costa, produtor e empresário do Teatro Maria Matos, frisa ao DN que "este foi o primeiro a abrir, em 1922, e o único que resta. Agora é um oásis dentro do Parque Mayer, porque tudo o resto está degradado".
Salienta que "as pessoas ficam imensamente tristes e desiludidas quando entram e dão uma volta pelo Parque Mayer, que está uma vergonha para a cidade". Recorda que "era um recinto vivo, com actividade desde manhã até à madrugada seguinte. Era uma aldeia dentro de uma cidade".
"Começaram por tirar a iluminação, deixando-o ficar cada vez mais escuro e sem manutenção. Foi-se degradando sempre mais até chegar a este ponto", lamenta.
Na sua opinião, o Parque Mayer "precisa de uma nova imagem, com pelo menos três teatros a funcionar, restaurantes, esplanadas e salas para debates".
(in Diário de Notícias)
1 comentário:
Calma....porque o recinto da Feira, devagarinho, devagarinho....vai ficar "espaço verde"....
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