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Lisboa: Acção Cidade Segura presta apoio a toxicodependentes, prostitutas e sem-abrigo
500 mil € contra a droga e prostituição em Lisboa
500 mil € contra a droga e prostituição em Lisboa
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Também no negócio do sexo a crise é sentida. Uma jovem prostituta, na zona do Restelo, aceita cinco preservativos, oferecidos pelos voluntários da Instituição Novos Rostos, Novos Desafios. A jovem conta que por noite a prostituição rende 100 a 120 euros.
'Já foi muito melhor, há cinco anos fazia 200 a 250 euros por noite', acrescenta. É incentivada a uma posterior ligação com a instituição, que presta apoio aos toxicodependentes, sem-abrigo e prostitutas da capital. O objectivo é que possa ser encontrado um outro trabalho. 'Os salários são muito baixos', diz a jovem prostituta, que no entanto assegura que irá falar com o marido sobre essa possibilidade.
No Intendente, a prostituta portuguesa dá lugar à africana. 'É mais difícil encontrar novas oportunidades de trabalho para estas mulheres', explica Luís Espírito Santo, responsável da Novos Rostos, Novos Desafios, instituição que presta apoio diário a 70 utentes. Durante a noite, os dez técnicos percorrem zonas como o Intendente, Baixa, Cais do Sodré, Artilharia 1, Lumiar e Restelo.
A acção Cidade Segura, na qual se inclui o trabalho da Novos Rostos, Novos Desafios, foi criada em 2003 com o objectivo de encaminhar os carenciados para instituições da cidade. O trabalho visa também minimizar os danos na Saúde Pública, com a distribuição gratuita de preservativos e troca de seringas. Por ano, são investidos meio milhão de euros no projecto.
Luís Espírito Santo sublinha que ao longo dos últimos sete anos se verificou um 'decréscimo dos toxicodependentes mas um aumento da prostituição e dos sem-abrigo'.
No desenrolar da noite, as equipas procuram também que os sem--abrigo revelem interesse para serem integrados numa instituição. Os baixos salários surgem como argumento para não abandonar a rua. 'Em três horas ganho 40 euros a arrumar carros, onde é que eu vou ganhar isso?', pergunta um arrumador na avenida da Liberdade.
'EXISTE CONJUNTURA DIFÍCIL'
Avaliar a dimensão dos flagelos da toxicodependência, da prostituição e dos sem-abrigo em Lisboa foi o motivo que levou na segunda-feira à noite o governador civil de Lisboa, António Galamba, a acompanhar uma unidade móvel de equipas de rua pelas zonas mais problemáticas da capital, numa acção que por ano representa um esforço de 500 mil euros. 'A realidade de Lisboa precisa de ser compreendida. Existem novos fenómenos e uma conjuntura económica difícil, pelo que é preciso prosseguir o combate à exclusão', referiu António Galamba. O governador civil acompanhou os técnicos da Novos Rostos, Novos Desafios desde o início da noite até às 03h00 de terça-feira. As rondas nocturnas servem também para a detecção e prestação de apoio a vítimas de violência doméstica.
DROGA, ÁLCOOL E DESEMPREGO
Em Lisboa sobrevivem cerca de 1700 sem-abrigo, 70 por cento dos quais têm problemas com drogas ou álcool, segundo estimam as organizações de solidariedade social que lhes prestam auxílio nas ruas. As doenças mentais e a situação de desemprego também contribuíram para que estas pessoas tenham ficado sem casa e desligadas da rede familiar e dos amigos.
APONTAMENTOS
SERINGAS
A troca de seringas resulta numa recolha diária que chega a ultrapassar as 200 seringas usadas. Aos toxicodependentes é entregue o mesmo número de unidades. O objectivo é evitar a propagação de doenças, como a sida.
ESTRANGEIRAS
Regista-se um aumento de prostitutas africanas nas ruas. Nos últimos dois anos, têm surgido mais prostitutas oriundas do Brasil.É no entanto residual o número de mulheres que se prostituem e que são toxicodependentes.
MAIS JOVENS
A esmagadora maioria dos sem-abrigo são homens, mas nos últimos dois anos houve um acréscimo de homens mais novos e sem elevada dependência do álcool, de acordo com as organizações que prestam apoio.
DEPOIMENTOS
"NÃO SEI COMO IRÁ SER O MEU FUTURO": David Diogo, 18 anos
Tenho momentos em que não tenho esperança de nada. Cheguei à rua com 14 anos devido a problemas com os meus pais. Já passei por várias instituições mas não me adaptei. Não sei como irá ser o meu futuro.'
"ARRANJAR UM EMPREGO SERÁ SEMPRE DIFÍCIL: Nelson Mote, 38 anos
Estou na rua há dois meses depois de ter saído da cadeia de Alcoentre. Estou em liberdade condicional porque me falta cumprir 23 meses de uma pena de 13 anos por roubo e sequestro. Arranjar um emprego será sempre difícil.'
"O DIA A ARRUMAR CARROS PARA GANHAR A VIDA": Vítor Ferreira, 34 anos
'Estou a dormir na avenida da Liberdade há dois meses. Ando na rua há um ano e meio. De manhã levanto-me às 07h00 e passo o dia a arrumar carros para ganhar a vida.'
João Saramago / I.R.
'Já foi muito melhor, há cinco anos fazia 200 a 250 euros por noite', acrescenta. É incentivada a uma posterior ligação com a instituição, que presta apoio aos toxicodependentes, sem-abrigo e prostitutas da capital. O objectivo é que possa ser encontrado um outro trabalho. 'Os salários são muito baixos', diz a jovem prostituta, que no entanto assegura que irá falar com o marido sobre essa possibilidade.
No Intendente, a prostituta portuguesa dá lugar à africana. 'É mais difícil encontrar novas oportunidades de trabalho para estas mulheres', explica Luís Espírito Santo, responsável da Novos Rostos, Novos Desafios, instituição que presta apoio diário a 70 utentes. Durante a noite, os dez técnicos percorrem zonas como o Intendente, Baixa, Cais do Sodré, Artilharia 1, Lumiar e Restelo.
A acção Cidade Segura, na qual se inclui o trabalho da Novos Rostos, Novos Desafios, foi criada em 2003 com o objectivo de encaminhar os carenciados para instituições da cidade. O trabalho visa também minimizar os danos na Saúde Pública, com a distribuição gratuita de preservativos e troca de seringas. Por ano, são investidos meio milhão de euros no projecto.
Luís Espírito Santo sublinha que ao longo dos últimos sete anos se verificou um 'decréscimo dos toxicodependentes mas um aumento da prostituição e dos sem-abrigo'.
No desenrolar da noite, as equipas procuram também que os sem--abrigo revelem interesse para serem integrados numa instituição. Os baixos salários surgem como argumento para não abandonar a rua. 'Em três horas ganho 40 euros a arrumar carros, onde é que eu vou ganhar isso?', pergunta um arrumador na avenida da Liberdade.
'EXISTE CONJUNTURA DIFÍCIL'
Avaliar a dimensão dos flagelos da toxicodependência, da prostituição e dos sem-abrigo em Lisboa foi o motivo que levou na segunda-feira à noite o governador civil de Lisboa, António Galamba, a acompanhar uma unidade móvel de equipas de rua pelas zonas mais problemáticas da capital, numa acção que por ano representa um esforço de 500 mil euros. 'A realidade de Lisboa precisa de ser compreendida. Existem novos fenómenos e uma conjuntura económica difícil, pelo que é preciso prosseguir o combate à exclusão', referiu António Galamba. O governador civil acompanhou os técnicos da Novos Rostos, Novos Desafios desde o início da noite até às 03h00 de terça-feira. As rondas nocturnas servem também para a detecção e prestação de apoio a vítimas de violência doméstica.
DROGA, ÁLCOOL E DESEMPREGO
Em Lisboa sobrevivem cerca de 1700 sem-abrigo, 70 por cento dos quais têm problemas com drogas ou álcool, segundo estimam as organizações de solidariedade social que lhes prestam auxílio nas ruas. As doenças mentais e a situação de desemprego também contribuíram para que estas pessoas tenham ficado sem casa e desligadas da rede familiar e dos amigos.
APONTAMENTOS
SERINGAS
A troca de seringas resulta numa recolha diária que chega a ultrapassar as 200 seringas usadas. Aos toxicodependentes é entregue o mesmo número de unidades. O objectivo é evitar a propagação de doenças, como a sida.
ESTRANGEIRAS
Regista-se um aumento de prostitutas africanas nas ruas. Nos últimos dois anos, têm surgido mais prostitutas oriundas do Brasil.É no entanto residual o número de mulheres que se prostituem e que são toxicodependentes.
MAIS JOVENS
A esmagadora maioria dos sem-abrigo são homens, mas nos últimos dois anos houve um acréscimo de homens mais novos e sem elevada dependência do álcool, de acordo com as organizações que prestam apoio.
DEPOIMENTOS
"NÃO SEI COMO IRÁ SER O MEU FUTURO": David Diogo, 18 anos
Tenho momentos em que não tenho esperança de nada. Cheguei à rua com 14 anos devido a problemas com os meus pais. Já passei por várias instituições mas não me adaptei. Não sei como irá ser o meu futuro.'
"ARRANJAR UM EMPREGO SERÁ SEMPRE DIFÍCIL: Nelson Mote, 38 anos
Estou na rua há dois meses depois de ter saído da cadeia de Alcoentre. Estou em liberdade condicional porque me falta cumprir 23 meses de uma pena de 13 anos por roubo e sequestro. Arranjar um emprego será sempre difícil.'
"O DIA A ARRUMAR CARROS PARA GANHAR A VIDA": Vítor Ferreira, 34 anos
'Estou a dormir na avenida da Liberdade há dois meses. Ando na rua há um ano e meio. De manhã levanto-me às 07h00 e passo o dia a arrumar carros para ganhar a vida.'
João Saramago / I.R.
(in Correio da Manhã)
1 comentário:
Havendo tanto património imobiliário do estado devoluto, porque é não cedem um antigo quartel ou qualquer outra instalação para albergar esta gente toda?? Sem tirar dinheiro do bolso, poder-se-ia resolver alguns problemas sociais que Lisboa teima em manter...
Todos os utentes destes espaços seriam obrigados a manter e a contribuir para o bom funcionamento dos mesmos e até se poderia instituir um pré, como faziam aos soldados...
Arranjava-se ocupações para toda a gente conforme as suas aptidões e devolveriam a dignidade a muita gente...
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