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"Milagre mantém igreja de pé"
por FILIPA FRAGOSO
Imóvel de interesse público desde 1993, a Igreja de Santo António, actualmente, é um edifício degradado
A Igreja de Santo António de Campolide, em Lisboa, tem 42 banheiras "a apanhar água" e segundo o pároco, João Nogueira, "o edifício só continua de pé por milagre de Santo António". Considerada imóvel de interesse público desde 30 de Novembro de 1993, "a igreja nunca recebeu uma obra de intervenção".
"A nossa preocupação é a posse, pois o facto de o Estado ter a tutela da igreja é impeditivo para nos candidatarmos a fundos e subsídios", lamentou ao DN o padre João Nogueira.
Pároco há quase 12 anos, João Nogueira alerta para o perigo que há de a igreja desaparecer. "Tanta água e tanta electricidade: pode arder." "Aí perde-se tudo e é um risco que se corre", disse indignado por este ser um edifício considerado há 16 anos imóvel de interesse público devido ao "trabalho de estuque único do séc. XIX".
A notícia de que o provedor de Justiça apelou ao Ministério das Finanças, proprietário do edifício, para restituir gratuitamente a igreja ao Patriarcado de Lisboa deixou João Nogueira bastante satisfeito, por ser a "primeira intervenção feita nestes termos".
"A primeira proposta de venda da igreja feita pelo Ministério das Finanças foi 1,252 milhões de euros em Março ou Abril de 2009, mas a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário [anterior detentora] estava disposta a pagar mil euros a título simbólico", contou o padre ao DN. "A segunda e última proposta foi de 233 mil euros em Outubro do mesmo ano. A Irmandade respondeu em Dezembro mantendo a palavra: mil euros", disse, acrescentando que até à data ainda "não tiveram resposta à carta".
No apelo endereçado ao ministro Teixeira dos Santos, o provedor Alfredo José de Sousa invocou "imperativos de ordem ética", salientando ser o ano em que se comemora o centenário da República, pois "comemorar é também trazer à memória o que deixou a história em aberto".
O antigo provedor Nascimento Rodrigues há quase dois anos, em Junho de 2008, perguntava "por que motivo insiste o Estado em preservar, sem preservar, em manter, sem manter, em guardar, sem guardar, um imóvel cuja primeira utilidade é a de prover ao culto religioso dos católicos da paróquia de Santo António de Campolide, em Lisboa".
Segundo o pároco que se dedica à Igreja de Santo António de Campolide há 12 anos, "o trabalho de estuque único está-se a perder e consequentemente o valor patrimonial para a cidade também".
A igreja continua a ser usada para o culto dos crentes, mas o desconforto é óbvio: "Frio no Inverno e ouvem-se os pingos da água nas banheiras." "Supostamente vimos ao culto para sairmos reconfortados, mas acabamos por sair desconsolados", lamenta.
A Missa do Galo, na época natalícia do ano passado, "não foi celebrada devido às condições". Apesar de serem colocados aquecedores a gás durante o Inverno, não acharam apropriado fazerem as pessoas saírem de suas casas "para virem para estas condições". João Nogueira, em tom jocoso, referiu que o estado actual da igreja "até retrata bem as condições em que o menino [Jesus] nasceu, num curral".
(in Diário de Notícias).
por FILIPA FRAGOSO
Imóvel de interesse público desde 1993, a Igreja de Santo António, actualmente, é um edifício degradado
A Igreja de Santo António de Campolide, em Lisboa, tem 42 banheiras "a apanhar água" e segundo o pároco, João Nogueira, "o edifício só continua de pé por milagre de Santo António". Considerada imóvel de interesse público desde 30 de Novembro de 1993, "a igreja nunca recebeu uma obra de intervenção".
"A nossa preocupação é a posse, pois o facto de o Estado ter a tutela da igreja é impeditivo para nos candidatarmos a fundos e subsídios", lamentou ao DN o padre João Nogueira.
Pároco há quase 12 anos, João Nogueira alerta para o perigo que há de a igreja desaparecer. "Tanta água e tanta electricidade: pode arder." "Aí perde-se tudo e é um risco que se corre", disse indignado por este ser um edifício considerado há 16 anos imóvel de interesse público devido ao "trabalho de estuque único do séc. XIX".
A notícia de que o provedor de Justiça apelou ao Ministério das Finanças, proprietário do edifício, para restituir gratuitamente a igreja ao Patriarcado de Lisboa deixou João Nogueira bastante satisfeito, por ser a "primeira intervenção feita nestes termos".
"A primeira proposta de venda da igreja feita pelo Ministério das Finanças foi 1,252 milhões de euros em Março ou Abril de 2009, mas a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário [anterior detentora] estava disposta a pagar mil euros a título simbólico", contou o padre ao DN. "A segunda e última proposta foi de 233 mil euros em Outubro do mesmo ano. A Irmandade respondeu em Dezembro mantendo a palavra: mil euros", disse, acrescentando que até à data ainda "não tiveram resposta à carta".
No apelo endereçado ao ministro Teixeira dos Santos, o provedor Alfredo José de Sousa invocou "imperativos de ordem ética", salientando ser o ano em que se comemora o centenário da República, pois "comemorar é também trazer à memória o que deixou a história em aberto".
O antigo provedor Nascimento Rodrigues há quase dois anos, em Junho de 2008, perguntava "por que motivo insiste o Estado em preservar, sem preservar, em manter, sem manter, em guardar, sem guardar, um imóvel cuja primeira utilidade é a de prover ao culto religioso dos católicos da paróquia de Santo António de Campolide, em Lisboa".
Segundo o pároco que se dedica à Igreja de Santo António de Campolide há 12 anos, "o trabalho de estuque único está-se a perder e consequentemente o valor patrimonial para a cidade também".
A igreja continua a ser usada para o culto dos crentes, mas o desconforto é óbvio: "Frio no Inverno e ouvem-se os pingos da água nas banheiras." "Supostamente vimos ao culto para sairmos reconfortados, mas acabamos por sair desconsolados", lamenta.
A Missa do Galo, na época natalícia do ano passado, "não foi celebrada devido às condições". Apesar de serem colocados aquecedores a gás durante o Inverno, não acharam apropriado fazerem as pessoas saírem de suas casas "para virem para estas condições". João Nogueira, em tom jocoso, referiu que o estado actual da igreja "até retrata bem as condições em que o menino [Jesus] nasceu, num curral".
(in Diário de Notícias).
1 comentário:
"Eles" que devolvam aquilo que roubaram em 8 de Outubro de 1910. Como é possível pretenderem ser ressarcidos de um esbulho?! Inacreditável, esta ânsia em extorquir seja o que for. A lista seria longa, incluindo antigos conventos - transformados em quartéis e "escolas" -, palacetes, outros imóveis, alfaias religiosas - muitas delas saqueadas em proveito dos ladrões do regime de então -, arte sacra, paramentos, etc.
Portugal no seu melhor.
A propósito, quando será devolvida a Real Quinta de Caxias ao seu legítimo proprietário. É que também faz parte do saque de 1910 e está hoje fechada e a cair aos pedaços.
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