sexta-feira, 19 de março de 2010

Há muitas lisboas dentro de Lisboa: Vila Maria Antónia.


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Os Pátios e Vilas nas suas diversas tipologias, são testemunhos vivos e documentam manifestações sociais ao nível da fixação das pessoas no espaço urbano, tendo ao longo dos tempos passado por diversas fases e caracterizações, constituindo igualmente um modo especifico de construir Lisboa, com destaque nomeadamente, para a sua transição entre o Séc. XIX e o Séc. XX, em pleno advento da industrialização, período esse em que os núcleos urbanos se assumiram como espaços contemporâneos de vivências, que nas suas diversas vertentes constituem um valor a preservar;
Ainda hoje, é bastante significativo o número de habitantes que residem nestes conjuntos urbanos e que devido à sua estruturação espacial geram relações de sociabilidade, papeis e interacções estabelecidas numa rede de vizinhança e de solidariedade social definindo um determinado modo de viver a cidade.
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Rua da Cruz da Carreira
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A Sra. D. Maria Manuela Silva paga 50 euros de renda. A sua casa foi arranjada, mas sem a ajuda da Câmara Municipal de Lisboa é muito dificil melhorar as condições mínimas de salubridade destes espaços.
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O pendor e a vocação eminentemente residencial destas “ilhas”, no meio da cidade, que representam um polo de resistência à terciarização crescente dos centros urbanos, constituem-se como um dos últimos redutos de vivências e sociabilidades de reminiscência rural, que tanto contribuíram para referenciar as memórias, que possuímos da cidade capital.
Normalmente, a população residente dos Pátios e Vilas circunscreve-se às relações de vizinhança no estabelecimento de redes de sociabilidade e no combate ao isolamento urbano, cujo cenário é de forte investimento afectivo, e onde o significativo índice de enraizamento local, encontra, a sua explicação no longo tempo de ocupação dos fogos, nos laços de parentesco originais, e nos que ali se estabeleceram, bem como a similitude das origens sociais, factores estes que conferem um caracter único à vivência humana que se estabelece nos Pátios e Vilas.
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A Sra. D. Aurora, irmã da senhoria, paga 20 euros de renda.
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