sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Baixa: lojas históricas em risco.
















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Imagens do Cidadania Lx.
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Lojistas cada vez mais apreensivos
Terraços do Carmo estão a causar infiltrações
Os lojistas afectados com a construção dos Terraços do Carmo, no Chiado, em Lisboa, estão cada vez mais inquietos com os prejuízos causados pela obra. As infiltrações e as fissuras aumentam a cada dia e a possibilidade de haver curto-circuitos pode estar por um fio.
Na Joalharia do Carmo, uma das poucas "lojas-museu" que ainda resiste no Chiado, as jóias e outros objectos de valor da montra são agora obrigados a partilhar aquele espaço nobre com sacos de plástico e panos para segurar as águas que invadem a loja.
No interior, as infiltrações nas paredes e tectos anunciam problemas. Os móveis, Arte Nova, com mais de oito décadas de existência, estão em risco. Por baixo da montra, um jerricã vai apanhando água com a ajuda de uma mangueira de plástico.
"A água aparece por todo o lado. Todos os dias tiramos vários litros. As pratas têm que ser limpas diariamente e os móveis estão a apodrecer e são um património insubstituível", queixa-se Maria Leonor Alvim, da Joalharia do Carmo. Esta colaboradora da loja revela que, em certos dias, apagam as luzes devido ao receio dos curto-circuitos.
Chuva agravou
A empreitada que visa a construção de um jardim suspenso junto ao Convento do Carmo arrancou após o Verão passado. Os transtornos fizeram-se sentir quase de imediato, mas agravaram-se com o mau tempo e a chuva, garantem os seis lojistas afectados.
Os estabelecimentos, que se situam por debaixo do futuro jardim - obra que se insere nos projectos de revitalização da Baixa - são propriedade da Direcção-geral do Tesouro e da Câmara Municipal de Lisboa.
Nunes da Silva, vereador responsável pelo pelouro das Obras Públicas, fez saber esta semana que o problema está a ser avaliado pela Direcção Municipal de Projectos e Obras. Anteontem, António Costa, presidente da Câmara, reconheceu que a situação das lojas da Rua do Carmo "é grave", e voltou a deixar a garantia de que a questão está a ser alvo de uma análise por parte da autarquia e do empreiteiro.
"Alguém vai ter que pagar os prejuízos. As paredes estão a ficar todas estragadas e os móveis podem ficar sem recuperação possível", sublinha, por sua vez, Carlos Carvalho, da antiquíssima Luvaria Ulisses.
O proprietário desta loja, a única no país que se dedica em exclusivo ao fabrico e venda de luvas, diz que as infiltrações e fissuras começaram logo que se iniciaram as obras. "Quando vieram as primeiras chuvas piorou. Isto para não falar das vibrações e do ruído ao início, quando andavam a remover entulho. Em certos dias, nem conseguia ouvir os clientes. Era um inferno", desabafa.
"Já nem acendemos a luz no piso superior, com medo e a conselho dos bombeiros. E na loja escorre água junto ao quadro de electricidade" alerta Paulo Mateus, da sapataria Anabella C., acrescentando que as infiltrações se agravam de forma diária. "E não venham dizer que é apenas por causa da chuva", remata.
O JN tentou obter esclarecimentos junto do vereador responsável pelo pelouro das Obras Municipais, mas sem êxito até ao fecho da edição.
(in Jornal de Notícias).

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