sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Ao que chegámos.

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Incêndio no Chiado matou idosa e desalojou outras duas
Rápida intervenção dos bombeiros impediu que as chamas alastrassem à vizinhança


Um incêndio num prédio da Rua Nova do Almada, ao Chiado, em Lisboa, provocou a morte de uma mulher de 84 anos. As chamas deflagraram por volta das cinco da madrugada, de quinta-feira, mas foram rapidamente extintas. Toda a gente se lembrou da tragédia de 1988.
"Estava a tomar banho, por volta das cinco horas, quando chamei a minha mulher para ver o que se passava. Vi labaredas da minha altura", contou à Lusa Fernando Jorge Ferreira, morador no número 18 da Rua Nova do Almada e o responsável pelo primeiro contacto com o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa.
O fogo já lavrava no quinto andar do número 24, mesmo ao lado. Maria José Oliveira, uma das duas idosas gémeas que vivem há 71 anos no quarto andar do prédio, contou ao JN: "Acordei com o cheiro do fumo e ouvi a minha vizinha a gritar que havia fogo. Quando ia telefonar aos bombeiros é que vi que eles já cá estavam e viemos logo para a rua".
O alerta foi recebido pelo Regimento pelas 5.10 horas, tendo os bombeiros chegado ao local "cerca de quatro minutos depois", segundo o comandante Joaquim Leitão. As chamas, de que ainda se desconhecem as causas, foram combatidas por 50 elementos, apoiados por 14 carros, dois dos quais com auto escadas. "Eles foram muito rápidos e muito simpáticos connosco, sempre a ver se estávamos bem", elogiou Maria José Oliveira, de 80 anos.
Só dois andares eram habitados
Menos sorte teve a sua vizinha do quinto andar. Momentos depois, os bombeiros depararam-se com o seu corpo carbonizado. "Era a Aurora", conta-nos, emocionada, Maria José. "Ela tinha 84 anos e vivia sozinha, mas a família dava-lhe atenção, vinha cá muitas vezes e sempre que ela precisava de qualquer coisa as pessoas levavam-lhe".
D. Aurora foi a única vítima do incêndio. Não houve feridos a registar. Em cinco andares, só dois é que estavam habitados.
Segundo fonte do gabinete do vereador Manuel Brito, a Protecção Civil concluiu que não é necessário realojar mais nenhum dos 21 moradores afectados, num total de oito famílias distribuídas entre o prédio atingido e os edifícios ao lado. Só Maria José Oliveira e a irmã terão de passar uns dias fora. Ao JN contou que a sua casa ficou cheia de água e, como tal, tencionava passar uns dias "numa outra casa na Costa" para depois regressar e "limpar tudo".
Os restantes três pisos do prédio que ardeu são ocupados por escritórios de advogados. A meio da manhã de ontem, o causídico Ricardo Nunes estava barrado, por questões de segurança, à porta do edifício.
O seu escritório, no segundo andar, não foi atingido pelas chamas, mas encontrava-se inundado pela água projectada pelas mangueiras dos bombeiros. "Estamos a tentar proteger os papéis e documentos. Pensamos que vamos conseguir salvá-los", confessou, acrescentando que a sua intenção é "retomar a actividade o mais rapidamente possível".

(in «Jornal de Notícias»).

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