segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

No virtual, é mais bonito.


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Projecto pretende cristalizar numa solução contemporânea de espaço público os elementos estruturais mais relevantes da história do lugar. Que, ao longo dos anos, sofreu sucessivas transformações que literalmente enterraram os vestígios da actividade náutica.
Pra além do Terreiro do Paço, palco das cerimónias, a Ribeira das Naus, entre este e o Cais do Sodré, está em obras para a implementação do projecto urbano concebido pelo consórcio de arquitectos paisagistas Proap e Global, e os engenheiros da Consulmar.
Construída no século XVI para substituir as medievais Tercenas - desactivadas para a construção do Palácio Real no Terreiro do Paço -, a Ribeira das Naus chegou a ser o maior estaleiro do Império Oceânico Português e compunha-se de uma estrutura extremamente funcional, com armazéns, arsenais, estaleiros e infra-estruturas como estradas, rampas, e pontões de ligação já ao novo palácio real e ao rio.
O actual projecto "tenta cristalizar numa solução contemporânea de espaço público os elementos estruturais mais relevantes da História deste lugar", encoberto com as sucessivas transformações do sítio que literalmente enterraram os vestígios da actividade náutica.
Assim, "resultam como elementos fundamentais da proposta a revelação de estruturas enterradas, a recuperação da geometria da antiga linha de costa e sua integração no desenho, e a reinvenção de elementos funcionais associados ao trabalho de estaleiro (rampas, pontões). Funcionalmente, o local continuará a ser de ligação viária e pedonal entre as praças do Terreiro do Paço e o Cais do Sodré e será dotado de infra-estruturas qualificadas para actividades de lazer e recreio.
Desta síntese, a proposta da Proap e da Global, lideradas respectivamente pelos arquitectos paisagístas João Ferreira Nunes e João Gomes da Silva, propõe uma "definição clara da geometria do limite das várias plataformas niveladas no troço Cais do Sodré/Praça do Comércio, com a afirmação de um alinhamento único e contínuo ao longo de todas estas zonas coincidente com a crista do plano inclinado". Em complemento a esta clareza direccional, é proposta uma nova geometria para a linha de costa, mais volúvel e em que se verifica tanto o avanço da cidade sobre o rio como seu contrário. Tanto poderão surgir massas de água em locais anteriormente aterrados como pontões de remate avançados sobre a linha costa, solução que reforça a ideia da intervenção urbanística funcionar como uma peça encaixada sobre o rio.
Finalmente, é proposta a eliminação dos muros delimitadores da propriedade, da Doca da Marinha e do antigo Palácio dos Corte Real, onde actualmente se encontram a decorrer trabalhos arqueológicos. Aqui, é proposta a criação de um jardim e "uma escavação visitável por parte dos utilizadores do jardim e assim uma mais-valia cultural e pedagógica da fruição do espaço". Paralelamente a estes espaços, é proposta a construção de dois planos inclinados relvados à imagem das antigas rampas varadouro de lançamento de navios. Todos estes planos serão dotados de percursos de atravessamento transversal, em pedra calcária, uma "reinterpretação da antiga linha de contorno dos pontões", segundo a memória descritiva.
Fica desta forma assegurado o desejo dos técnicos de "reinvenção da Ribeira das Naus enquanto espaço público" , o que possibilitará uma maior aproximação entre a cidade, o rio e, claro, as pessoas.
(in «Diário de Notícias»).

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