domingo, 24 de janeiro de 2010

Gil Vicente: Auto do Liceu.


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Gil Vicente com projecto estranho, má construção e fiscalização nula.

Secundária da Graça foi abrangida pelo programa de modernização, mas a comunidade escolar sente-se defraudada com a qualidade dos trabalhos.

Sempre que chove, a água cai nos soalhos de um dos novos edifícios já em utilização na escola secundária com 2º e 3º ciclos de Gil Vicente, na estreita Rua da Verónica, que sobe desde o Campo de Santa Clara até ao Largo da Graça, em Lisboa. A comunidade escolar sente-se incomodada e os corpos directivos e o conselho geral dizem-se impotentes para resolver a situação. Esta, e muitas outras, pois o rol das queixas escorre em 12 páginas. Vai assinado pela direcção, conselho geral, associações de pais e estudantes. Inclusivamente, já foi apresentado no Parlamento pelo PCP.

Ninguém assume a responsabilidade, pelo que é exposto, por péssimos projectos e construção, iniciada em Julho de 2008. A dona da obra é a Parque Escolar, sociedade de capitais públicos constituída para coordenar a renovação das escolas, que até 2011 abrangerá mais de 200 obras e gastará 1200 milhões de euros. A fiscalização compete ao Ministério da Educação, que até agora, segundo o conselho geral do Gil Vicente, nada fez.

Disse a tutela, no final de Dezembro, questionada pelo grupo parlamentar do PCP para as deficiências encontradas naquelas obras, que "só poderá concluir pela existência de anomalias na construção quando os trabalhos estiverem terminados". Todavia, respondeu ainda o gabinete da ministra, em 28 de Dezembro de 2009, "que a empreitada só será recepcionada após uma inspecção, que ateste a qualidade e a conformidade do edificado".

Acontece que a escola utiliza já, desde o início do ano lectivo - que ali já começou atrasado devido às obras - algumas das novas edificações, onde foram detectadas anomalias, não só de cariz técnico, mas também de segurança. Havia a expectativa de que o edifício do antigo Liceu Nacional de Gil Vicente, inaugurado em 1949, ganhasse modernas e duradouras instalações. Diz a escola: "É visível por todos que o que está a resultar da intervenção é uma escola sem condições, pouco segura, pouco funcional, pouco higiénica, de degradação rapidíssima [com 15 dias de aulas, entra água em muitos pontos, abateu um tecto, os pisos já destruidos, com portas e armários empenados]."

Maria Varela Gomes, do conselho geral, disse ao PÚBLICO que após uma reunião na escola, em meados de Dezembro, com a DREL e a Parque Escolar, tudo foi visto e revisto. Mas resoluções, nada. A não ser que melhoraram as condições para a disciplina de Educação Física e a entrada nas instalações, que antes eram repartidas pela comunidade escolar e pelos veículos da obra.

Anteontem, os autarcas das assembleias de freguesia envolventes da escola também foram ao Gil Vicente inteirar-se da situação.

(in «Público»).

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