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Rui Vieira Nery mergulhou, outra vez, no mundo de Amália. Andou com a cabeça enterrada em arquivos discográficos e sonoros, leu a poesia que a diva do fado cantava no período pré-Alain Oulman (1945-1959) e devolveu aos portugueses e ao mundo o pedaço que faltava de Amália Rodrigues. A Amália com voz de água fresca e já dos poetas, a sensual e arrebatadora vedeta que se descobre hoje no catálogo "Amália Nossa", editado por João Sousa com selo Tugaland. Hoje, há visita guiada à exposição que está no Museu Berardo (CCB) desde 6 de Outubro. E podem-se apreciar os trabalhos de 12 artistas plásticos sobre 12 temas principais de Amália.
"Fiquei muito entusiasmado com este trabalho porque permite mostrar um lado menos conhecido da Amália", conta ao DN Rui Vieira Nery. "O meu trabalho consistiu na recolha de material discográfica do período 1945-59 e reunir numa só obra algo que não existia. Havia algumas compilações, mas não sistematizadas", explica Nery. "Agora podemos dizer que temos a Amália toda [gravada, editada e estudada]".
Para se chegar à Amália inteira, foi preciso burilar algumas facetas do percurso da fadista. É verdade que é a partir de 1960, quando Alan Oulman entra na vida e carreira da artista lisboeta com a sua enorme bagagem cultural (e alargadas referências poéticas), que Amália mais se define como um fadista de grandes poetas. "Mas antes já cantava David Mourão-Ferreira ou Pedro Homem de Mello, às tantas com grande pressão do regime para não o fazer", junta Rui Vieira Nery, que hoje conduz uma visita à exposição "Amália Nossa".
Que é, afinal, o mesmo título do volume que Maria João Ribeiro desenhou, João Sousa editou e contou com trabalhos originais de 12 artistas plásticos (Catarina Saraiva, Isabel Simões, Ana Rito, Pedro Gomes, Rita Gt, João Onofre, João Pedro Vale, Adriana Molder, Gabriel Abrantes, Pedro Barateiro, Bruno Pacheco e Sofia Leitão). Há esculturas, fotografia, instalações, pintura, vídeo, praticamente todas as expressões das artes plásticas que Amália tanto apreciou e incentivou no seu tempo. "Ela era muito atenta às artes plásticas e inspirou muitos artistas do seu tempo. O desafio aqui era pedir a 12 artistas contemporâneos, de outro tempo e com outra visão, que se deixassem influenciar pelos temas da Amália", prossegue Nery. João Sousa acrescenta: "Resolvemos, depois de escolher os 12 temas, dar um a cada um dos artistas e nenhum se negou, foram todos de uma extraordinária entrega e empenho".
Aliás, o trabalho de João Sousa e da Tugaland começou há um ano. Primeiro foi preciso chegar a acordo com a Fundação Amália (que detém os direitos de exploração comercial da imagem e nome da fadista), depois convencer os artistas plásticos, duas iniciativas que se revelaram simples.
Para servir de exemplo aleatório, Sofia Leitão: "Sou escultora e decidi apostar numa superfície negra para dar a imagem do universo de Amália, da morte, do fado e da noite", explica a artista. "E pus-lhe um xaile de lantejoulas que vi numas fotos de um dos primeiros concertos dela no Luso".
(...) se for ao Centro Cultural de Belém e entrar no Museu Berardo, pode então abraçar uma Amália inteira. A que foi e a que continua a ser dentro de cada um dos que lhe eternizam a existência pela audição dos discos.
(in «Diário de Notícias»).
Rui Vieira Nery mergulhou, outra vez, no mundo de Amália. Andou com a cabeça enterrada em arquivos discográficos e sonoros, leu a poesia que a diva do fado cantava no período pré-Alain Oulman (1945-1959) e devolveu aos portugueses e ao mundo o pedaço que faltava de Amália Rodrigues. A Amália com voz de água fresca e já dos poetas, a sensual e arrebatadora vedeta que se descobre hoje no catálogo "Amália Nossa", editado por João Sousa com selo Tugaland. Hoje, há visita guiada à exposição que está no Museu Berardo (CCB) desde 6 de Outubro. E podem-se apreciar os trabalhos de 12 artistas plásticos sobre 12 temas principais de Amália.
"Fiquei muito entusiasmado com este trabalho porque permite mostrar um lado menos conhecido da Amália", conta ao DN Rui Vieira Nery. "O meu trabalho consistiu na recolha de material discográfica do período 1945-59 e reunir numa só obra algo que não existia. Havia algumas compilações, mas não sistematizadas", explica Nery. "Agora podemos dizer que temos a Amália toda [gravada, editada e estudada]".
Para se chegar à Amália inteira, foi preciso burilar algumas facetas do percurso da fadista. É verdade que é a partir de 1960, quando Alan Oulman entra na vida e carreira da artista lisboeta com a sua enorme bagagem cultural (e alargadas referências poéticas), que Amália mais se define como um fadista de grandes poetas. "Mas antes já cantava David Mourão-Ferreira ou Pedro Homem de Mello, às tantas com grande pressão do regime para não o fazer", junta Rui Vieira Nery, que hoje conduz uma visita à exposição "Amália Nossa".
Que é, afinal, o mesmo título do volume que Maria João Ribeiro desenhou, João Sousa editou e contou com trabalhos originais de 12 artistas plásticos (Catarina Saraiva, Isabel Simões, Ana Rito, Pedro Gomes, Rita Gt, João Onofre, João Pedro Vale, Adriana Molder, Gabriel Abrantes, Pedro Barateiro, Bruno Pacheco e Sofia Leitão). Há esculturas, fotografia, instalações, pintura, vídeo, praticamente todas as expressões das artes plásticas que Amália tanto apreciou e incentivou no seu tempo. "Ela era muito atenta às artes plásticas e inspirou muitos artistas do seu tempo. O desafio aqui era pedir a 12 artistas contemporâneos, de outro tempo e com outra visão, que se deixassem influenciar pelos temas da Amália", prossegue Nery. João Sousa acrescenta: "Resolvemos, depois de escolher os 12 temas, dar um a cada um dos artistas e nenhum se negou, foram todos de uma extraordinária entrega e empenho".
Aliás, o trabalho de João Sousa e da Tugaland começou há um ano. Primeiro foi preciso chegar a acordo com a Fundação Amália (que detém os direitos de exploração comercial da imagem e nome da fadista), depois convencer os artistas plásticos, duas iniciativas que se revelaram simples.
Para servir de exemplo aleatório, Sofia Leitão: "Sou escultora e decidi apostar numa superfície negra para dar a imagem do universo de Amália, da morte, do fado e da noite", explica a artista. "E pus-lhe um xaile de lantejoulas que vi numas fotos de um dos primeiros concertos dela no Luso".
(...) se for ao Centro Cultural de Belém e entrar no Museu Berardo, pode então abraçar uma Amália inteira. A que foi e a que continua a ser dentro de cada um dos que lhe eternizam a existência pela audição dos discos.
(in «Diário de Notícias»).
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