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Lisboetas de todo o mundo, uni-vos contra aquele vómito que é a igreja de Troufa Real no Restelo!
Na passada semana, o Papa Bento XVI promoveu um encontro no Vaticano dedicado às relações entre a Igreja Católica e a arte, um terreno que é fértil em polémica e incompreensões. Foi uma excelente ideia, talvez a primeira de que gostei deste Papa, de quem não sou admirador. Que a Igreja tente compreender a arte actual é uma intenção correcta, e que se aproxime das tendências do gosto do presente também. Será sempre mais fácil aceitar uma Igreja que pelo menos compreenda que a expressão dos valores, dos sonhos e das angústias do presente através da arte não é por si só uma manifestação da presença de Satanás. A arte, o impulso criativo, é muitas vezes perturbador e original, e até subversivo, mas não tem por isso de ser uma expressão de valores hostis ao catolicismo.
Tal como a arte, o gosto, a estética, as opiniões, também as ideias da Igreja vão evoluindo, e é importante que tentem compreender a arte antes de a condenar. Contudo, por vezes é evidente que muita da arte actual – na música, na literatura, na pintura, na arquitectura – é feita com a intenção expressa de violentar os sentimentos religiosos das pessoas. Não se pede nesse caso à Igreja que aceite, acéfala, os primeiros disparates que passam pela cabeça dos ditos artistas. A esse propósito, ainda bem que o Papa virá em breve a Lisboa, pois assim poderá ficar a conhecer o atentado que se prepara com a construção de uma igreja católica no Alto do Restelo.
O projecto de Troufa Real é já conhecido de muitos, e é impossível não o considerar um verdadeiro aborto. É horrível, arrogante, patético, e totalmente chocante. Algures entre um caracol unicórnio multicolorido e um corso de Carnaval de uma vila sem interesse, a igreja que se pretende construir no Alto do Restelo é uma verdadeira violação do nosso sentido estético. Eu sou totalmente favorável a que a Igreja compreenda a arte e essas coisas, mas nem tanto ao mar nem tanto à terra. Não compreendo como a Igreja portuguesa e a Câmara de Lisboa aprovaram aquela aberração, mas espero que o Papa os saiba pôr na ordem.
Troufa Real tem todo o direito de brincar com o seu imaginário delirante, mas a Igreja podia dispensar-se a dar trela a estas palhaçadas. Aquilo não é uma igreja, é um ‘mostrengo’ enjoativo que provoca a repugnância imediata de quem o olha. Lisboetas de todo o mundo, por favor, uni-vos contra aquele vómito. E, já agora, o Papa podia dar uma mãozinha...
Domingos Amaral, Director da GQ
Na passada semana, o Papa Bento XVI promoveu um encontro no Vaticano dedicado às relações entre a Igreja Católica e a arte, um terreno que é fértil em polémica e incompreensões. Foi uma excelente ideia, talvez a primeira de que gostei deste Papa, de quem não sou admirador. Que a Igreja tente compreender a arte actual é uma intenção correcta, e que se aproxime das tendências do gosto do presente também. Será sempre mais fácil aceitar uma Igreja que pelo menos compreenda que a expressão dos valores, dos sonhos e das angústias do presente através da arte não é por si só uma manifestação da presença de Satanás. A arte, o impulso criativo, é muitas vezes perturbador e original, e até subversivo, mas não tem por isso de ser uma expressão de valores hostis ao catolicismo.
Tal como a arte, o gosto, a estética, as opiniões, também as ideias da Igreja vão evoluindo, e é importante que tentem compreender a arte antes de a condenar. Contudo, por vezes é evidente que muita da arte actual – na música, na literatura, na pintura, na arquitectura – é feita com a intenção expressa de violentar os sentimentos religiosos das pessoas. Não se pede nesse caso à Igreja que aceite, acéfala, os primeiros disparates que passam pela cabeça dos ditos artistas. A esse propósito, ainda bem que o Papa virá em breve a Lisboa, pois assim poderá ficar a conhecer o atentado que se prepara com a construção de uma igreja católica no Alto do Restelo.
O projecto de Troufa Real é já conhecido de muitos, e é impossível não o considerar um verdadeiro aborto. É horrível, arrogante, patético, e totalmente chocante. Algures entre um caracol unicórnio multicolorido e um corso de Carnaval de uma vila sem interesse, a igreja que se pretende construir no Alto do Restelo é uma verdadeira violação do nosso sentido estético. Eu sou totalmente favorável a que a Igreja compreenda a arte e essas coisas, mas nem tanto ao mar nem tanto à terra. Não compreendo como a Igreja portuguesa e a Câmara de Lisboa aprovaram aquela aberração, mas espero que o Papa os saiba pôr na ordem.
Troufa Real tem todo o direito de brincar com o seu imaginário delirante, mas a Igreja podia dispensar-se a dar trela a estas palhaçadas. Aquilo não é uma igreja, é um ‘mostrengo’ enjoativo que provoca a repugnância imediata de quem o olha. Lisboetas de todo o mundo, por favor, uni-vos contra aquele vómito. E, já agora, o Papa podia dar uma mãozinha...
Domingos Amaral, Director da GQ
(in «Correio da Manhã»).
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