quarta-feira, 15 de julho de 2009

Um tiro no pé.


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Helena Roseta sorri de quê? Não percebe que isto foi o PIOR que podia ter feito? Que tudo aquilo que era a sua imagem - a independência, a integridade, a dignidade, a incorruptibilidade - se esfumou ao firmar um pacto com António Costa? Não compreendeu que podem-lhe dar o que quiser, desde o Plano de Reabilitação da Baixa ao Terreiro do Paço, que já perdeu o que valia muito mais, a CREDIBILIDADE?
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A decisão foi errada porque:
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1º - isto parece um negócio de feira. Não podem legalmente fazer uma coligação eleitoral. Fazem um «acordo coligatório» (o que é isso, já agora?). Roseta entra em 2º na lista mas depois há uma trafulhice qualquer e quem fica em nº 2 da CML não é ela. Que negociata estranha. Nada própria daquilo que era Helena Roseta.
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2º - os movimentos de cidadãos, está nos livros de ciência política, perdem sempre quando se metem nestas aventuras. Perdem autenticidade, perdem capacidade de diferenciação, perdem autonomia de posicionamento. São inevitavelmente tragados pelo partido-mãe. Hoje, dia 15 de Julho, acabou o «Cidadãos por Lisboa». De que vale votar neles se eles e o Costa são a mesma coisa?
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3º - fica claramente a ideia de que, afinal, Roseta é uma política como os outros. Que, no fundo, o que não quer a todo o custo é que Santana tenha a remota hipótese de ganhar. Que a derrota de Santana vale mais do que o futuro da cidade. Isso é muito feio, Helena... E até dá uma imagem de força ao Santana: mostra que têm medo dele.
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4º - a questãozinha da coerência: irá Helena engolir tudo o que disse de António Costa e da sua gestão? Se era má a gestão, segundo dizia, vai aliar-se com quem era mau? Ou será que, por milagre, Costa passou a ser um presidente da CML competente?
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5º - a pretensão de, aliando-se aos «fortes», fazer alguma coisa por Lisboa. Se pensar assim, santa ingenuidade... Já o dissemos: dar-te-ão umas migalhas. Poderão até dar-te coisas importantes para fazer, mas nada disso apagará a imagem de que te vendeste. Se o que fizeres for bem feito, o Costa arrecada os louros, ninguém se lembrará de um grupúsculo chamado «Cidadãos por Lisboa». Se te estampares... bem, já te estampaste. Nada conseguirás fazer de útil. Pode ser injusta, pode ser imerecida, mas a marca da politiquice e da negociata já a levas até ao fim dos teus dias nesta edilidade. E quando o discurso era baseado na «independência», na «ética», na «cidadania», a contradição entre as palavras e este acto ainda se torna mais fatal para o teu destino.
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6º - Helena Roseta: tu não eras como o Zé. Passaste a ser. E, pior que isso, agora já não podes voltar atrás.
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Em suma: muitos vão achar que foste uma vendida. Nós, mais benevolentes e evangélicos, só julgamos que foste uma idiota útil. Descansa em paz.

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