domingo, 3 de maio de 2009

Restaurante Panorâmico de Monsanto.


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Fotografia de João Brito Geraldes, Arquivo Municipal de Lisboa
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Está assim, o antigo Restaurante Panorâmico de Monsanto. Vai ser transformado em quartel de bombeiros. Um espaço com uma vista magnífica, com interiores extraordinários. Aguardemos o próximo Baile dos Bombeiros, para podermos então desfrutar de novo deste espaço.
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Que vão fazer aos painéis de azulejos, aos elementos decorativos, aos interiores de época?
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Lisboa, a cidade do novo Museu dos Coches. A cidade da Experimenta Design, que voltou a ser subsidiada. A cidade do edifício dos Serviços Sociais da CML, que mais parece a sede da Microsoft. A cidade que fecha jardins em bom estado para aí instalar telescópios. Que gasta milhões em assessores. Que cede espaços a amigos, com rendas de ocasião. Esta é a sua cidade. Se está contente com tudo o que se passa à sua volta, tudo bem, não incomodamos mais. Talvez os bombeiros sejam um mal menor. Desde que não estraguem o que ainda resta, venham os bombeiros.
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A autarquia "nunca soube pugnar pela boa manutenção do edifício, permitindo que o espírito do local fosse deturpado, ao autorizar ali a abertura de um escritório de uma empresa de filmagens, discoteca, bingo e armazém de materiais de construção civil".
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3 comentários:

Julio Amorim disse...

....simplesmente não merecemos a herança arquitectónica que deixaram aos nossos cuidados...e isso, a história não nos vai perdoar....

Sofia Cortez disse...

Este espaço faz parte do meu imaginário...cresci em Monsanto, é uma referência para mim. É um crime, privsr a cidade de um espaço único como este...
Os bombeiros que me desculpem, mas este não é o local indicado para eles!

Anónimo disse...

Há uns dias entrei lá por acaso com uns amigos. Estávamos a praticar btt em Monsanto quando o trilho de repente acabou. Demos com uma cerca cortada e um edifício que parecia fenomenal e completamente desconhecido.

Como somos da geração de 93 não sabíamos o que era aquilo e com o nosso espírito de aventura decidimos ir explorar.

Subimos até lá acima.. Nada restava. Tudo completamente partido e vandalizado, garrafas espalhadas, móveis partidos, musgo no que eram alcatifas. Fala-se em azulejos? Nem vê-los.. Só no andar panorâmico em que ainda subsistem dois: um com a acompanhar a vista panorâmica e outro de Lisboa antes do terramoto.

Deu para perceber que houve ali várias tentativas que qualquer coisa. Elevadores por estrear com os plásticos ainda, uma porta de vidro nova num dos acessos.

Apesar de não ser do meu tempo deu para imaginar o que teria sido nos seus tempos áureos.

No fim fomos vistos por um guarda que nos informou que o edifício está em perigo de ruir (o que acho estranho pois toda a estrutura parecia robusta, apenas os interiores estavam partidos e uma ou outra parede partida)e avisou-nos que entrar ali era crime mas que já estavam habitudos. Acompanhou-nos até onde tinhamos deixados as bicicletas. Aparentemente desconhecia que a vedação estava cortada. Foi ele que nos informou que aquilo em tempos tinha sido um restaurante.

Depois fomos embora e voltámos para trás