Dois irmãos foram chamados ao leito de morte do pai. Embora irmãos, eram completamente diferentes um do outro. Um, o João, era de um optimismo contagiante, outro,o Manuel, mais velho, era a antítese do João. O patriarca adivinhava a hora fatal mas não quis deixar a outros a tarefa de divisão dos seus parcos haveres. Tendo os filhos juntos ao leito de morte dirigiu-se ao seu primogénito: - Manuel, como sabes não pude juntar muitos valores ao longo da minha vida. O património é muito reduzido. A ti, meu filho, deixo o burro! Manuel ouviu em silêncio, foi notório o esgar de contrariedade, tentou controlar-se mas não conseguiu... - Mas pai, o burro??? Onde vou eu colocar o burro? O que vou fazer com semelhante bicho?? O que vai dizer a vizinhança?? O ancião fingiu ignorar o queixume de Manuel e prosseguiu. - João, para ti nada mais tenho que os poucos fardos de palha! Os olhos brilharam a João, sorriu, esfregou as mãos e disse: - Obrigado, meu pai...e onde está o burro??
Esta pequena história faz-me lembrar um pouco a condição de lisboetas que tenho e que os autores do "SOS" têm. Somos ambos filhos da mesma cidade, temos consciência das dificuldades existentes, dos problemas a resolver. No entanto vêmo-la de forma diametralmente oposta. Onde há razões, explicações e identificação uma infinidade de outros factos e problemas que afectam esta e outras metrópoles, neste espaço são tidos, aqui, como imobilismo, contrariedade, desculpas, insanidade, preguiça... e muitos outros mimos. O que me traz á memória o acontecimento mais terrível que esta cidade já viveu - o terramoto de 1755. Esperemos não ter que viver, de novo, momentos semelhantes, mas a percepção que tenho... é que muitos ficariam a olhar para as ruínas sem saber o que fazer, no mais completo desespero. Lisboa não pode ser Manhattan, não tem que assemelhar-se a nenhum outro local. Por isso é Lisboa! Não pode cair... mas se cair temos que encontrar respostas e soluções. Vejo muita crítica e de soluções, nada... Vejo muita denúncia de culpas públicas, mas não vejo ninguém assumir com clareza que a cidade não é património, só... É organização, pública e privada... e são os seus habitantes. São estes aqueles que a respeitam ou não que fazem a sua imagem.
Não precisam preocupar-se comigo ou com a minha simples existência.
Não queiram estar sózinhos e donos da razão. Tenho o direito de ter da minha cidade e dos seus habitantes uma imagem diferente... mas não deixo de achar que muitos deles são, por exemplo, porcos...sem ofensa aos ditos! Sabiam que a PT colocou naquelas galerias cinzeiros?? Sabiam que os funcionários (e visitantes, claro...) em vez de os usarem se divertem atirando as beatas o mais longe possível??
Não merecia a honra de ter uma reportagem dedicada. Mesmo sendo crítico do vooso estilo, agradeço.
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Dois irmãos foram chamados ao leito de morte do pai.
Embora irmãos, eram completamente diferentes um do outro. Um, o João, era de um optimismo contagiante, outro,o Manuel, mais velho, era a antítese do João.
O patriarca adivinhava a hora fatal mas não quis deixar a outros a tarefa de divisão dos seus parcos haveres.
Tendo os filhos juntos ao leito de morte dirigiu-se ao seu primogénito:
- Manuel, como sabes não pude juntar muitos valores ao longo da minha vida. O património é muito reduzido. A ti, meu filho, deixo o burro!
Manuel ouviu em silêncio, foi notório o esgar de contrariedade, tentou controlar-se mas não conseguiu...
- Mas pai, o burro??? Onde vou eu colocar o burro? O que vou fazer com semelhante bicho?? O que vai dizer a vizinhança??
O ancião fingiu ignorar o queixume de Manuel e prosseguiu.
- João, para ti nada mais tenho que os poucos fardos de palha!
Os olhos brilharam a João, sorriu, esfregou as mãos e disse:
- Obrigado, meu pai...e onde está o burro??
Esta pequena história faz-me lembrar um pouco a condição de lisboetas que tenho e que os autores do "SOS" têm.
Somos ambos filhos da mesma cidade, temos consciência das dificuldades existentes, dos problemas a resolver.
No entanto vêmo-la de forma diametralmente oposta.
Onde há razões, explicações e identificação uma infinidade de outros factos e problemas que afectam esta e outras metrópoles, neste espaço são tidos, aqui, como imobilismo, contrariedade, desculpas, insanidade, preguiça... e muitos outros mimos.
O que me traz á memória o acontecimento mais terrível que esta cidade já viveu - o terramoto de 1755. Esperemos não ter que viver, de novo, momentos semelhantes, mas a percepção que tenho... é que muitos ficariam a olhar para as ruínas sem saber o que fazer, no mais completo desespero.
Lisboa não pode ser Manhattan, não tem que assemelhar-se a nenhum outro local. Por isso é Lisboa!
Não pode cair... mas se cair temos que encontrar respostas e soluções.
Vejo muita crítica e de soluções, nada...
Vejo muita denúncia de culpas públicas, mas não vejo ninguém assumir com clareza que a cidade não é património, só...
É organização, pública e privada... e são os seus habitantes. São estes aqueles que a respeitam ou não que fazem a sua imagem.
Não precisam preocupar-se comigo ou com a minha simples existência.
Não queiram estar sózinhos e donos da razão. Tenho o direito de ter da minha cidade e dos seus habitantes uma imagem diferente... mas não deixo de achar que muitos deles são, por exemplo, porcos...sem ofensa aos ditos!
Sabiam que a PT colocou naquelas galerias cinzeiros??
Sabiam que os funcionários (e visitantes, claro...) em vez de os usarem se divertem atirando as beatas o mais longe possível??
Não merecia a honra de ter uma reportagem dedicada.
Mesmo sendo crítico do vooso estilo, agradeço.
(A Coisa do Restelo)
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