«O Norman pretendeu recriar o ambiente de trabalho dos presidentes de Junta da capital», afirmou, logo a abrir, o Presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) na conferência de imprensa realizada ontem no café-lounge «Adega dos Lombinhos», na Baixa pombalina. A citada conferência de imprensa teve por objectivo assinalar a próxima inauguração do edifício-sede da ANAFRE, ao Areeiro, projectado pelo arquitecto albicastrense Armando Fortes (Engº Norman Foster, nome profissional), o qual, devido a compromissos de agenda em Moimenta da Beira, não pôde comparecer na «Adega dos Lombinhos».
«Sendo a sede da ANAFRE na capital, procurámos que os presidentes das juntas de freguesia Lisboa se sentissem em casa», referiu o Presidente da Associação a Lisboa SOS. «Acho que conseguimos», acrescentou. Para tanto, foram contratados alguns jovens da «Zona J», a Chelas, os quais, concluída a edificação, deram um pouco de colorido a um edifício «high-tech», decerto, mas ao qual faltava algo que verdadeiramente homenageasse os autarcas lisboetas.
Com o apoio dos mais categorizados técnicos de efeitos especiais dos estúdios cinematográficos de Hollywood, Norman Foster recriou no exterior o ambiente típico de uma freguesia de Lisboa. Os resultados estão à vista. Mais do que libertar, o trabalho compensa.
O número «37», nesta intervenção do artista-rapper «Kizomba SuperWave», procura, segundo o crítico Daniel Oliveira, aludir ao número médio de mandatos dos presidentes das juntas de freguesia portugueses no período pós-25 de Abril. Já o enigmático «FAS», acompanhado de uma seta para baixo, suscita diversas interpretações. Para Alexandre Melo, trata-se inequivocamente de uma referência de mero teor informativo ao local destinado à satisfação das necessidades fisiológicas dos autarcas. Contestando esta ideia (a chamada «tese escatológica»), José-Augusto França vê antes nesta peça uma subversiva exortação a uma atitude mais empenhada dos presidentes de Junta. Para este defensor da «tese política», «FAS» quererá significar «FAZ». A «tese antropológica» (ou «tese etnográfica»), subscrita pelo filantropo patriota José Berardo, aponta singelamente para uma ideia mais para o terra-a-terra, que o coleccionador resume assim: «aquilo é language de pretos, que eu conheço-os bem como eles talking uns com os outros». O filantropo patriota José Berardo pretende, ao que consta nos meios internacionais do mercado da arte contemporânea, lançar uma OPA amigável sobre a sede da ANAFRE. «Não faço quaisquer comentários», disse-nos o comentador, perdão, o comendador.
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