segunda-feira, 14 de maio de 2012

O muro sagrado da estação de Santa Apolónia.





Um grupo de cidadãos vai manifestar-se esta terça-feira, às 19h, contra a falta de segurança no acesso pedonal do lado Norte à estação de Santa Apolónia, em Lisboa. O problema, que se arrasta há anos, já tem uma solução prevista mas não agrada aos moradores. Por isso fazem a Marcha dos Atropelados.




Os utentes da estação exigem a criação de uma porta de acesso à plataforma da estação, numa parte do muro que ladeia a Rua da Bica do Sapato. Porém, a câmara propõe outra solução que implica, entre outras alterações, modificar a circulação automóvel na zona.Na Rua dos Caminhos de Ferro, contígua à Rua da Bica do Sapato, os passeios são estreitos e não há passadeiras para os peões atravessarem. Quem lá passa queixa-se da falta de segurança e do risco de atropelamento. Basílio Vieira, morador na zona, resolveu dar voz ao protesto e lançou, em 2010, o movimento Entrada Norte e uma petição pública - já com mais de 700 assinaturas.A solução proposta pelos moradores, refere Basílio Vieira, “é a mais simples e mais barata”, até porque “a Refer [Rede Ferroviária Nacional] só teria de autorizar a obra, nem sequer teria de pagar”. Isto porque, segundo o presidente da junta de freguesia de Santa Engrácia,José Pires, tanto esta, como a junta de São Vicente de Fora e o grupo Jerónimo Martins (que tem uma loja Pingo Doce no interior da estação) garantem o financiamento necessário, cerca de 10 a 15 mil euros. Em Fevereiro de 2011, a Refer mostrou abertura para aceder ao pedido dos moradores desde que a entrada fosse exclusiva quem se dirigisse aos comboios e não utilizada para se substituir à via pública. No entanto, segundo Basílio Vieira a Refer terá chegado, mais tarde, a um acordo diferente com a câmara. O PÚBLICO questionou a empresa mas não obteve resposta.




Projecto entregue há meses




O vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, afirma que concluiu “há meses” um projecto que prevê a abertura de uma das portas existentes (actualmente encerradas) que dão acesso pela Rua dos Caminhos de Ferro. Esta solução implica a transformação desta artéria numa via de sentido único, com os passeios alargados e mais lugares de estacionamento. Com este novo ordenamento do trânsito, os veículos teriam de passar a utilizar a Av. Infante Dom Henrique e o viaduto sobre a linha ferroviária para inverterem a marcha. Esta é, segundo Nunes da Silva, a "única solução tecnicamente possível", já que “rasgar a porta no muro iria criar problemas de segurança no acesso às vias férreas”.“Fizemos um projecto de execução que já foi entregue há meses no gabinete do vereador Manuel Salgado [que tutela as Obras Municipais]”, afirma Nunes da Silva. Embora tenha elaborado um projecto diferente do que é exigido pelos moradores, o vereador sublinha que está “absolutamente solidário” com eles por ainda nada ter sido feito. O PÚBLICO tentou contactar Manuel Salgado, mas não obtive resposta.A ideia de transformar a Rua dos Caminhos de Ferro numa via de sentido único não agrada ao presidente da Junta de Freguesia de Santa Engrácia, José Pires (PSD). O principal receio do autarca, partilhado por Basílio Vieira, é que a alteração prejudique a circulação da carreira 735 da Carris, que serve a zona e transporta cerca de 14.300 passageiros por dia.O secretário-geral da Carris, Luís Vale, diz que “não tem conhecimento” do projecto municipal e que a alteração do percurso da carreira num dos sentidos representaria um acréscimo “entre três e quatro minutos”.José Pires diz que está “a 200%” de acordo com a contestação dos moradores e vai participar na Marcha dos Atropelados, manifestação convocada para esta terça-feira. Munidos de ligaduras, tinta vermelha a simular sangue e t-shirts com marcas de pneus a atravessar o peito, os moradores vão concentrar-se às 19h junto à estação de Santa Apolónia, em protesto contra a Refer. “Eles têm uma solução simples mas não querem implementá-la. Parece que aquele muro é sagrado”, remata Basílio Vieira (Público).




Visite o sítio deste grupo de cidadãos e conheça o rídiculo da situação e a desconsideração a que a REFER e a CML votam os cidadãos e contribuintes.

Sem comentários: