quinta-feira, 10 de maio de 2012

Jazz em Lisboa.



A Lisboa de todo aquele e mais algum jazz
Por Luís de Freitas Branco
João Moreira dos Santos redescobre os espaços da capital por onde o improviso palpitou em «Roteiro do Jazz na Lisboa dos anos 20-50»
Entre os anos 20 e os anos 50 do século XX, Lisboa gerou uma subcultura de concertos, lojas e cafés que formaram um movimento musical pioneiro em Portugal. O investigador João Moreira dos Santos, assumido devoto das coisas do jazz, desde 2005 que faz passeios atentos pelas ruas onde esta música se tocou e ouviu. Em celebração do primeiro dia internacional do Jazz pela UNESCO, no passado 30 de Abril, decidiu reunir num único livro um guia ilustrado destas quatro décadas da história do jazz em Lisboa. Para João Moreira dos Santos o jazz não é apenas material de investigação. “Aprendi contrabaixo no Hot Clube e na Academia Amadora Música”, diz-nos o músico e estudioso. “Sou professor da área de Ciências de Comunicação e foi crítico de discos durante 16 anos na antiga ‘A Capital’”, conta ao i. A edição deste livro pela Casa Sassetti – a antiga difusora do jazz agora nas mãos da editora Principia – publica o trabalho que é fruto de uma década de investigação sobre uma época em que sociedade desconfiava de uma música popular fortemente assente em raízes africanas. Para o autor, este livro vai, “lançar um novo olhar sobre a riqueza da história do jazz no nosso país e do papel que este género musical tem desempenhado na construção de uma sociedade multicultural, democrática e livre”. Lisboa não só serviu como ponto de passagem para muitos músicos que queriam rumar aos EUA como criou epicentros de uma forte produção nacional e de apreciadores desta música. Entre os espaços que marcaram a diferença no período em questão está o já desaparecido Clube Bristol (depois a Casa do Benfica) com decoração de Almada Negreiros. Outros permanecem nos nossos dias, transformados e em silêncio imposto, como o Instituto Superior Técnico. Invariável é, à época e agora, a importância do Hot Clube e do seu patrono Luís Villas-Boas, mesmo com mudança de morada involuntária.
ionline

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