segunda-feira, 16 de abril de 2012

“Lisboa é uma jóia que devia ser preservada.”






Esqueçamos a natureza da relação e o melhor é não esperar um compromisso a longo prazo. Fiquemo-nos pelo evidente: Jeremy Irons andou a namorar Lisboa nos últimos dias. Deixou-se levar, soube-lhe bem e deverá repetir o momento, ainda que em modo vai-e-vem. Dizia o actor ontem, em conferência de imprensa realizada nos Paços do Concelho: “Lisboa é uma jóia que devia ser preservada.” E disse-o a quem de direito, para não deixar dúvidas sobre as suas intenções.

Irons está em Portugal para rodar o novo filme de Bille August, “Comboio Nocturno para Lisboa”, uma adaptação do romance homónimo do escritor suíço Pascal Mercier (na verdade, é o pseudónimo do filósofo Peter Bieri). Ontem foi protagonista de uma conversa em jeito de balanço do trabalho feito até ao momento, que também contou com a presença dos secretários de Estado do Turismo e da Cultura, Cecília Meireles e Francisco José Viegas, e do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa. E perante os três desfiou elogios aos caminhos de Portugal e suas maravilhas. “Têm de perceber o que têm em Lisboa”, disse o britânico, ao exclamar sobre o que foi descobrindo e o que precisa ser protegido, referindo-se sobretudo à parte antiga da cidade – Irons tem por agora morada lisboeta num palácio perto do castelo de S. Jorge.

Há 20 anos, Jeremy Irons passeava-se já por Portugal, na altura a rodar “A Casa dos Espíritos”, o livro de Isabel Allende transformado em filme também pelo dinamarquês Bille August. A experiência dá-lhe legitimidade para atirar frases como “Portugal tem tantas possibilidades e potencial”, referindo-se aos patrimónios “arquitectónico, cultural e gastronómico”. Afirmações para serem usadas como citações de bom marketing mas que também servem para alimentar argumentações sobre a actualidade.

Quando defende que Portugal deveria estar mais aberto a acolher a rodagem de produções estrangeiras, deixa os fait- -divers de parte e inscreve-se no presente, com pouca subtileza mas com classe suficiente para deixar a sugestão como elogio e nunca como crítica. E para acrescentar mais glamour de estrela ao momento, assegurou que não quer passar “mais 20 anos antes de voltar”.

Questionado no final da conferência de imprensa sobre as afirmações do actor, Francisco José Viegas concordou e disse mais: “O que temos de valorizar em Portugal é a paisagem e o património. Esse é um ponto essencial na nossa actividade. A lei do cinema favorece justamente esse ponto”.

Com Bille August, o realizador de “Comboio Nocturno para Lisboa”, ficaram as boas graças de um trabalho que o levou a descobrir a cidade e os locais relacionados com o “espírito de mistério” do livro que adaptou. E o sortido de elogios, partilhado por toda a equipa, que bendisse os sítios e suas pessoas, com palavras como “maravilhosas” e afins.

Um reconhecimento que Jeremy Irons já tinha transformado em experiência de boa memória, para o próprio e para quem o acolheu na noite de sexta-feira, quando se passeou por Lisboa depois do horário de expediente. As contas da noite somaram um jantar no navio Creoula e uma passagem pela discoteca B.Leza. Tudo com tempo para os fãs e outras frases dignas de registo, como “viveria cá só por causa do peixe”.

“Comboio Nocturno Para Lisboa”, uma co-produção entre Suíça, Alemanha, Portugal (a cargo de Paulo Trancoso e Ana Costa), através da Cinemate, tem estreia prevista para o próximo ano.

Ionline

Com Lusa

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