segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Por um caleidoscópio.






Caleidoscópio definha à espera da prometida transformação


Por Inês Boaventura in Público

No jardim do Campo Grande há, além do antigo centro comercial, vários espaços em acentuada degradação. 2013 é agora apontado como o ano da mudança

Carcomido pela passagem do tempo e pela falta de manutenção, o antigo Centro Comercial Caleidoscópio, no jardim lisboeta do Campo Grande, definha a olhos vistos. Com paredes cobertas de graffiti e a porta entreaberta convidando a que a destruição se estenda ao interior, o edifício cedido à Universidade de Lisboa aguarda a prometida transformação num centro académico.

As fachadas com vidros partidos ostentam ainda os letreiros de negócios há muito fechados, incluindo o da discoteca Nell"s que saltou para as páginas dos jornais quando dois seguranças foram baleados à porta, e até a ementa de um restaurante. O último estabelecimento a fechar foi a Livraria Escolar Editora, que se mudou para a Faculdade de Ciências com a promessa de regressar quando as obras, que ainda não saíram do papel, chegarem ao fim.
Em Março de 2011 o antigo centro comercial, que entre os anos 70 e 90 do séculos XX atraía um grande número de estudantes das faculdades vizinhas, foi cedido pelo município à Universidade de Lisboa, para que ali instalasse um centro académico com um auditório, uma sala de ensaios, oito gabinetes e seis salas de trabalho, tudo na cave. No rés-do-chão, haveria além da livraria uma cafetaria com esplanada, uma "loja do estudante" e um espaço de exposições temporárias, enquanto no último piso do complexo surgiriam um restaurante e uma sala de estudo.
Segundo o anúncio feito na altura pelo presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, esta "âncora" pensada para "devolver vida" ao Jardim do Campo Grande estaria pronta até Junho deste ano. Mas a verdade é que as obras tardam em começar e a degradação do espaço se acentua a cada dia, num processo que é aliás acompanhado por boa parte dos equipamentos deste espaço verde, como comprovam as paredes cheias de rabiscos do edifício de apoio do ringue e as grades enferrujadas dos dois campos de ténis.
Questionado sobre o caso do Caleidoscópio, o reitor da Universidade de Lisboa fez saber que "as obras devem começar até ao Verão" e justificou o atraso com "dificuldades financeiras do país e da universidade". Em respostas escritas ao PÚBLICO, António Nóvoa explicou que está em causa um investimento de 1,5 milhões de euros e frisou que "tudo terá de ser feito numa base de sustentabilidade financeira, sem investimentos públicos". A expectativa do reitor é que o centro universitário seja inaugurado "dentro de um ano". A empreitada, diz, está "em fase de concurso e adjudicação".
Também atrasadas em relação ao anúncio feito em 2011 estão as obras de recuperação da parcela Norte do Jardim do Campo Grande, que deverão incluir a criação de um "parque de recreio canino" e de "uma praça de jogos matemáticos". O vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, garante que a empreitada será adjudicada "em breve", esperando-se que esteja concluída "no princípio do ano que vem".
À espera terá de continuar a parcela Sul deste jardim, entre as avenidas do Brasil e Estados Unidos da América, onde existe um parque infantil e uma piscina municipal abandonada. O projecto de requalificação está ainda a ser elaborado e Sá Fernandes acredita que ao longo de 2013 possa ser concretizado no terreno.

1 comentário:

José Leite disse...

Acrescento, só por curiosidade, que este edifício foi construído em 1970/1971 albergando os "Restaurantes Alvalade"

Tinha 1 restaurante que ocupava todo o 1º andar. No ré-do-chão existia um bar e outro restaurante mais luxuoso. Todo o complexo era dirigido à classe média alta.

Depois de ter fechado, abriu como centro comercial Caleidoscópio, que incluía uma sala de cinema com o mesmo nome.