quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Azulejo, mal te vejo.






























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Após a leitura da Agenda Cultural de Janeiro 2012, onde se destaca o Azulejo enquanto património identitário da nossa capital, resolvi alertar o Pelouro da Cultura da CML para o imóvel sito na Rua dos Caminhos de Ferro nº 18 que é considerado pelos especialistas como uma das primeiras fachadas revestidas de azulejo de Lisboa. É um exemplar muito raro, com um padrão original que pertence a uma fase de produção bastante artesanal, marcado por técnicas de fabrico ainda rudimentares e com recurso ao acabamento à mão (in Azulejos de Fachada em Lisboa, CML, Pelouro da Cultura, 1988).

Há ainda a acrescentar o facto de que neste imóvel viveu um dos mais importantes escultores da nossa cidade, Francisco Machado de Castro. Concluímos pois que o imóvel está estudado e até registado na carta do património do PDM.

Apesar de todos estes argumentos, vemos o imóvel abandonado e vítima de furto já lá vão demasiados anos. De ano para ano vão desaparecendo os raros e insubstituíveis azulejos da fachada. Em breve pouco restará para permitir uma obra de restauro e reabilitação. Há muitos anos que vários cidadãos têm denunciado esta situação.

Será que em 2012, ano em que todos queremos fazer mais pela defesa do Azulejo (e ano também do centenário de Machado de Castro com exposição a inaugurar em breve no MNAA) a CML vai tomar alguma medida de salvaguarda? Ou vamos continuar a assistir de braços cruzados á delapidação deste património único e insubstituível? Dada a importância patrimonial e histórica desta fachada de azulejo, não deviamos proceder já ao preenchimento de lacunas ou até ao seu levantamento e armazenamento para evitar mais perdas?

Os cidadãos apelam mais uma vez para que no decorrer de 2012 o Pelouro da Cultura trate da urgente salvaguarda deste raro exemplar de património azulejar, tão injustamente esquecido na Rua dos Caminhos de Ferro nº 18.

Fernando Jorge

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