quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Urban Sketchers.







Urban Sketchers. Lisboa desenhada a 151 pares de mãos
Por Maria Espírito Santo,


São 300 imagens da capital por 151 autores de todos os cantos do mundo. “Urban Sketchers em Lisboa – Desenhando a Cidade” relembra a reunião de especialistas que aconteceu no Verão

No metro, no autocarro, ou mesmo na rua. Atire a primeira pedra quem nunca espreitou para os desenhos do vizinho do lado num “ora deixa lá ver se aqui há talento”. Atente à expressão: urban sketcher. Podia estar a bisbilhotar o trabalho de um especialista em desenhar o que o rodeia. Olhares de soslaio e torcicolos à parte, agora pode ver estes esboços de caderno sem situações constrangedoras, em livro. E, quem sabe, encontrar-se.
“Urban Sketchers em Lisboa – Desenhando a Cidade” é um compêndio de experiências, pensamentos e dicas de urban sketchers de todo o mundo em 300 imagens de 151 autores de 20 países diferentes. O livro nasceu a partir de uma reunião, em Julho deste ano, em Lisboa. O 2.o Simpósio de Urban Sketchers realizou-se na Faculdade de Belas-Artes e espalhou estes observadores natos pelos locais mais típicos da capital. Eduardo Salavisa, urban sketcher à frente de um blogue em nome próprio (diario-grafico.blogspot.com) e responsável pelo lançamento do livro, explica porque que é que Lisboa foi escolhida, seguida da preferência da 1.a edição: Portland. “É muito boa para desenhar, muito fotogénica”, comenta, acrescentando que a presença portuguesa no site internacional “Urban Sketchers” ajudou à escolha.
Nem só de desenhos são feitas as páginas deste livro, mas também da arte de esboçar. Os workshops e conferências foram parte integrante do simpósio e ganham vida nas páginas do livro recentemente publicado. Não se apoquente quem não está familiarizado com a arte, que é bem apreensível por qualquer mortal. Da mesma maneira, a linguagem é simples, sem grandes palavrões técnicos que encrenquem a leitura: perceber as manhas de desenhar o corpo humano, aprender a captar o movimento em traços acelerados, a dominar os contrastes ou ainda a apreciar esboços inacabados são algumas das dicas. Juntam-se ainda impressões de Lisboa na primeira pessoa, testemunhos contornados em folhas de papel mas também verbalizados em forma de reportagem.
No fundo, o livro acaba por ser material de apoio para quem tem vontade de captar o que vê no caderno. Eduardo Salavisa deixa alguns passos para quem se quer tornar um urban sketcher. Antes de avançar, observa que o termo “não é muito adequado”, isto porque “a intenção é desenhar tudo o que nos apetece”. Forma-se a primeira regra: não há limites para imaginação. De seguida vem “andar sempre de caderno na mão”, “ser observador” e por fim “transformar o quotidiano numa viagem”.

A comunidade Além do site internacional (urbansketchers.org), existem uma série de blogues em que os autores portugueses partilham os seus desenhos, personagens, experiências e viagens. Além da presença virtual, contam-se outros eventos, como a divulgação de diários gráficos e de exposições. A próxima está marcada para esta quinta-feira, dia 15, no espaço POST, Antiga Fábrica Simões, em Lisboa. Benfica em lápis e caneta nas perspectivas de 22 desenhadores urbanos é o mote de “Urban Sketchers Benfica – viajar no bairro com caderno”.

(jornal «i»).

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