Garrafa com líquido inflamável retirada de prédio que ardeu em Lisboa
Só os moradores de um dos prédios afectados podem voltar a casa
Paulo Lourenço
Moradores dos prédios afectados revoltados
Uma garrafa com um líquido inflamável, petróleo segundo os moradores, foi retirada, na manhã desta segunda-feira, dos escombros do prédio que, domingo de madrugada, ardeu por completo, na Avenida Elias Garcia, em Lisboa. O achado fez aumentar a revolta de quem ali vive.
Depois da madrugada agitada de Dia de Natal, em que os moradores dos números 77 e 79 foram obrigados a passar várias horas na rua, enquanto as chamas consumiam por completo o prédio vizinho, a vistoria técnica desta segunda-feira, levada a cabo por elementos da Protecção Civil, confirmou que apenas os primeiros podem regressar a casa.
Ainda assim, esta notícia não tranquilizou as 12 famílias que ocupam o prédio do número 77, que, voltam a insistir na tese de fogo posto. A garrafa de petróleo encontrada domingo, de pronto recolhida e guardada na viatura do Regimento de Sapadores Bombeiros, parrece dar força a esta tese.
"A nossa revolta não é só com o que se passou ontem, a nossa revolta tem a ver com os meses que esta situação se arrastou", disse, ao JN, Nuno Ramalho, que mora Rés do Chão Esquerdo.
Acrescentou ainda que os condóminos vão agora exigir responsabilidades. "Não podemos estar um ano inteiro à espera que um idiota venha aqui pegar fogo", justificou.
A revolta dos moradores prende-se com o facto de o incêndio de domingo ter sido o terceiro caso idêntico, embora desta vez com consequências mais graves. Há por isso quem recorde que, também nos casos anteriores, houve indícios que aumentam a suspeição de mãos criminosas na origem das chamas. "Da segunda vez foram encontradas bilhas de gás cheias no interior do prédio devoluto", recordou António Pontes, do 1.º Dt.
Os moradores estão ainda preocupados pelo facto de, apesar de poderem regressar a casa, não ser garantida a segurança para o prédio que ardeu, a partir do qual, dizem, "qualquer pode ter acesso às nossas casas"
A vistoria da Protecção Civil concluiu, por outro lado, que os moradores do número 79, não poderão, para já, regressar a casa. "Fomos todos despejados", desabafou ao JN, Fernando Domingues, um dos afectados, enquanto transportava alguns dos seu haveres para casa de familiares, onde se irá instalar nos próximos tempos.
(in Jornal de Notícias)
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