quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Espinho SOS.







Espinho: "O Nosso Café" é hoje demolido para dar lugar a bloco privado de habitação e comércio
Espinho, 04 out (Lusa) - O edifício que durante décadas funcionou como "O Nosso café" e se tornou um local simbólico da cidade de Espinho está hoje a ser demolido, para dar lugar a um bloco de habitação, comércio e serviços.

Inaugurado em 1958 na Rua 8, no local onde antes funcionaram os Paços do Concelho, "O Nosso Café" foi desde logo frequentado pela elite da cidade. Nos primeiros tempos, acolheu tertúlias, bailes e concertos, e chegou a funcionar como sala para visionamento público de televisão.

Nos últimos anos, adaptou a sua atividade a outro tipo de público e o espaço onde passou a registar mais procura foi o salão de jogos da cave, com bilhares e mesas de cartas e dominó.

O presidente da Câmara Municipal de Espinho recorda ter frequentado o local com amigos e, em declarações à Lusa, referiu: "Como espinhense que sou, guardo gratas recordações de 'O Nosso Café', um edifício emblemático da cidade, carismático, onde muita gente da terra e de outras paragens passou momentos maravilhosos ao longo dos anos".

"Eu próprio ia lá jogar bilhar snooker nos tempos da faculdade e é com pena que agora vejo desaparecer este edifício de cariz histórico no município", confessa Pinto Moreira.

O autarca reconhece, contudo, que, desde o seu encerramento em 2003, o local ficara entregue a um profundo abandono, encontrando-se agora num estado de degradação que "já chegava a instigar atividades menos lícitas e oferecia perigo aos transeuntes".

O imóvel foi vendido pela Sociedade Cooperativa Cafeeira dos Cem à empresa S. T. Salgueiral - Imobiliária S.A., que em 1998 o arrecadou em leilão por 1,4 milhões de euros. O café ainda continuou aberto ao público durante alguns anos, mas, talvez porque o local nunca foi sujeito a obras de remodelação, a falta de rentabilidade da casa ditou o seu encerramento em 2003.

Depois disso, a empresa ainda terá tentado preservar a fachada original do edifício desenhado pelo arquiteto Jerónimo Reis, mas, perante inviabilidades técnicas, avançou para o projeto atual, com que se propõe fazer nascer na Rua 8, na parte do quarteirão mais próxima da Rua 21, um empreendimento de luxo com apartamentos e espaços comerciais.

Para Pinto Moreira, o projeto tem a vantagem de "devolver aquele espaço à nobreza que o caracterizou em tempos" e que novamente se impõe nessa zona da cidade, "agora que o enterramento da linha férrea fez surgir em Espinho uma nova Avenida 8".

"É certo que se perde um local histórico da cidade. Mas não podemos escamotear que o estado em que o edifício se encontrava era absolutamente insustentável", admite o presidente da Câmara.

AYC.

Lusa/Fim

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