quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Este homem ri de quê? De si, sr. contribuinte.







"Saco azul" na Fundação Centro Cultural de Belém
Berardo propõe fusão do seu museu com Fundação CCB
29.09.2011 - 11:55 Por Ana Dias Cordeiro


O comendador Joe Berardo acusou ontem a Fundação Centro Cultural de Belém (FCCB) de ter um "saco azul" e os seus responsáveis de aplicarem o dinheiro que têm "a mais" quase todo no estrangeiro.

O empresário, que preside à Fundação de Arte Moderna e Contemporânea - Colecção Berardo, que celebrou um protocolo com o Estado em 2006 para a criação do Museu Berardo no antigo Centro de Exposições do CCB, queixou-se ainda, numa entrevista à agência Lusa, de não ter recebido o dinheiro previsto no acordo com o Estado para pagar salários. E sugeriu que uma forma de reduzir custos seria "juntar a Fundação CCB à Fundação Berardo", opção reiterada em entrevista ao PÚBLICO.

Questionado nesta entrevista sobre se não seria a sua fundação a tirar maior proveito de uma fusão, disse: "Se o Governo não quer, não vamos fazer problemas." E acrescentou: "Isto não é contra ninguém da Fundação CCB. Mas se há instruções para reduzir custos, não faz sentido duas administrações numa mesma casa."

O presidente do conselho de administração do CCB, António Mega Ferreira, e a vogal da mesma administração com assento na Fundação Berardo, Margarida Veiga, não prestaram ontem declarações. Mas uma reacção do órgão presidido por Mega chegou por comunicado: "As aplicações financeiras estão devidamente evidenciadas e discriminadas no Relatório e Contas da Fundação relativo ao ano de 2010" e foram todas realizadas junto de entidades nacionais (BPI e Finantia), "sendo todas constituídas por obrigações de baixo risco" e "utilizando apenas recursos próprios".

A fundação lembra que estes investimentos rendem cerca de 600 mil euros/ano, "receita, aliás, fundamental para assegurar, designadamente, o pagamento do funcionamento do Museu Colecção Berardo (cerca de 1,4 milhões anuais)". E esclarece que as aplicações são feitas em entidades portuguesas e estrangeiras. Nos anexos do relatório aparecem descriminadas: a UBS (União de Bancos Suíços), a americana Merrill Lynch e a russa Gaz Capital, mas também a Cimpor, PT e CGD. É prática corrente dos investidores diversificar os países em que são feitas aplicações.

À Lusa, Berardo queixara-se também de não ter dinheiro para pagar os salários deste mês, já que, acrescentou, não recebeu a verba prevista no OE. Ao PÚBLICO, explicou que esse dinheiro - pelo menos um milhão de euros - ainda "não está em falta" podendo ser pago até fim do mês.

Já o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, disse ao PÚBLICO, em Guimarães: "Não tenho nenhum comentário a fazer [relativamente à denúncia da existência de um "saco azul" no CCB], a não ser a estranheza pelas declarações do comendador. [Sobre as dificuldades em pagar salários na Fundação Berardo], o problema é da Fundação, que tem de fazer as suas contas e ver se há ou não dinheiro. Temos as contas em dia com a Fundação e a nossa obrigação termina aí." Este assunto deverá ser tema de conversa na reunião que Viegas já tinha agendada para hoje com Mega Ferreira. com L.C e S.S.

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