quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Em defesa da Tóbis.



O Estado Português quer vender a sua actual participação maioritária no capital da Tobis, o estúdio histórico do cinema português, localizado no Lumiar, em Lisboa. A base de licitação para a operação pode aproxima-se dos sete milhões de euros.

O anúncio da venda já saiu em Diário da República, com a indicação de que as propostas de aquisição deverão ser entregues junto do Instituto de Cinema e Audiovisual, até 9 de Março próximo. Nesse mesmo dia, as propostas recebidas serão abertas em sessão pública.


Gostaria de deixar um pouco da sua história, é sempre bom reviver momentos de ouro do cinema Português e da sua ligação ao Lumiar.

Em 1920 – Francisco Mantero vende terreno com antigas edificações da Quinta das Conchas, mediante escritura de 5 de Janeiro, à empresa Técnica Publicitaria Film Gráfica Caldervilha.

Em 1932 – A companhia Portuguesa de filmes sonoros Tobis Klangfilm é constituída a 3 de Junho. Um mês de depois, adquire uma parcela de terreno da Quinta das Conchas, outrora vendido por Francisco Mantero à empresa Técnica Publicitaria Film Gráfica Caldervilha e aqui nascia o primeiro estúdio da companhia Portuguesa de filmes sonoros Tobis Klangfilm.

Em 1934 A companhia Portuguesa de filmes sonoros Tobis Klangfilm, que entretanto mudou a sua designação para Tobis Portuguesa, inaugura a 17 de Agosto o novo estúdio, aqui viriam a ser filmados obras como:

A Canção de Lisboa, realizado por Cottinelli Telmo (com Beatriz Costa, Vasco Santana, António Silva e… Manoel de Oliveira). (1933),

As Pupilas do Senhor Reitor, de Leitão de Barros, segunda longa-metragem. (1935),

Maria Papoila, de Leitão de Barros. (1937),

João Ratão, de Jorge Brum do Canto, apresentado com o filme cultural Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul de Fernando Fragoso e Raul Faria da Fonseca. (1940),

O Pai Tirano, de António Lopes Ribeiro ou O Pátio das Cantigas produzido por António Lopes Ribeiro e realizado Francisco Ribeiro (Ribeirinho). (1941),

O Costa do Castelo, de Arthur Duarte. (1943),

A Menina da Rádio, de Arthur Duarte,

O Leão da Estrela, de Arthur Duarte, com António Silva, Milú, Erico Braga, Curado Ribeiro, Laura Alves, Artur Agostinho, Maria Olguim. (1947).

A Tobis, teve um papel importante no âmbito da indústria cinematográfica nacional, na sua contribuição para o desenvolvimento do cinema em Portugal e na sua inserção no contexto mais geral da história contemporânea portuguesa; próximo de 80 anos de história na fabricação de cinema em Portugal, está a viver uma página negra na sua história, o futuro para os 66 trabalhadores não está fácil, a maioria com mais de 25 anos de casa, não são excepção no que toca por vezes ao pagamento dos salários em atraso.


Os estúdios estão integrados numa malha urbana, bastante apetecível aos especuladores imobiliários, vamos ver o que este filme nos reserva, esperando que tenha um final feliz.

João Carlos Antunes


In http://luminaria.blogs.sapo.pt/521536.html

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