segunda-feira, 25 de julho de 2011

Campo de Ourique: ameaça iminente.









Este conjunto de 2 edifícios de habitação colectiva com fachada de azulejo - na Rua Almeida e Sousa, 5 e 7 torneja Rua Luís Derouet - estão, por despacho recente do Vereador Manuel Salgado, ameçados de demolição.

Como é possível que a CML entre assim em contradição? No documento da ESTRATÉGIA DE REABILITAÇÃO URBANA DE LISBOA 2011-2024 (que se encontra em consulta pública até 8 de Agosto) afirma, e muito bem, que é preciso incentivar a reabilitação e recuperação, para, entre outros benefícios de âmbito ecológico, preservar a «memória da cidade». Mas depois de afirmar o politicamente correcto, e como já vem sendo hábito, aprova sem hesitar (e ignorando até os próprios pareceres dos serviços municipais) a demolição de imóveis e conjuntos como este de óbvia importância para a memória da cidade. Mais: estes imóveis são perfeitamente recuperáveis. A proprietária destes dois imóveis é a CAFE, a mesma que conseguiu a licença de demolição do prédio de gaveto na Av. Casal Ribeiro 1 (que foi morada de Fernando Pessoa). Coincidências? Contradições?



Estes dois prédios são paradigmáticos da diversidade de revestimento azulejar na arquitectura lisboeta no início do séc. XX. A fachada do nº 7 está totalmente revestida de azulejos estampilhados, com cercadura, em dois tons da mesma cor (verde). Esta técnica foi utilizada num número muito limitado de padrões e num exclusivo da Fábrica Viúva Lamego de Lisboa. A fachada do nº 7, que torneja para a Rua Luís Derouet através de uma elegante curva, está revestida de azulejos estampilhados com cercaduras em todos os pisos. O padrão, conhecido pelo nome de “crochet”, foi produzido por várias fábricas (Viúva Lamego, Carvalhinho, Sacavém) em diversas variantes cromáticas e usando mais do que uma técnica (estampilhagem, aerografagem).

Fernando Jorge






1 comentário:

biolisboa disse...

http://lisbon-holiday-place.blogspot.com/
Este pátio era da minha bisavó e agora com 86 e 83 anos os meus pais querem se ver livres desta dor de cabeça que dá 44 euros de rendas e tem 22 barracas a cair (umas três safam-se). Quid juris?
A CML quer demolir tudo para equipamento, mas isso é daqui a uns anos. Agora é preciso reabilitar umas casas para pessoas lá viverem!